Alemanha fecha comércio e estica férias para frear contágio no Natal e ano-novo

A Alemanha fechará todo o comércio não essencial no dia 16, e o manterá assim até 10 de janeiro, interrompendo a temporada de compras de Natal para tentar conter a propagação da covid-19

  • Data: 14/12/2020 12:12
  • Alterado: 14/12/2020 12:12
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Alemanha fecha comércio e estica férias para frear contágio no Natal e ano-novo

A Alemanha fechará todo o comércio não essencial no dia 16

Crédito:Reprodução

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As escolas ficarão fechadas no mesmo período, o que significa uma ampliação de férias estudantis que coincidem com as festas de fim de ano.

“Em razão das compras de Natal, o número de contatos sociais aumentou consideravelmente”, disse a chanceler Angela Merkel ontem, após uma reunião com líderes dos 16 Estados federais do país mais populoso da Europa, com 83 milhões de habitantes. “Há uma necessidade urgente de agir”.

Apenas estabelecimento considerados essenciais, como supermercados, farmácias, postos de gasolina e bancos, poderão permanecer abertos no período. A venda de fogos de artifício será proibida. Salões de beleza e estúdios de tatuagem também terão de fechar.

O governador da Baviera, Markus Soeder, disse que a proibição de fogos ocorreu após apelos de hospitais, que se disseram incapazes de tratar lesões resultantes de explosivos mal manuseados. As reuniões privadas serão limitadas a não mais do que cinco pessoas oriundas de duas casas diferentes. Para o Natal, a regra será flexibilizada para que as famílias possam comemorar juntas. Reuniões públicas ao ar livre na véspera do ano-novo estão vetadas. Merkel e Soeder afirmaram que é muito cedo para dizer se a economia poderá reabrir após o dia 10 de janeiro.

Maior economia da Europa, o país teve mais sucesso do que muitos países do continente na tarefa de manter a pandemia sob controle na primeira onda, em março e abril. Mas tem encontrado dificuldade na segunda. Os contágios em 24 horas chegaram a 20.200 e os mortos a 321, de acordo com os dados do Instituto Robert Koch (RKI). Desde o começo da pandemia, 21.787 pessoas morreram. A incidência atual é de 169,1 casos para cada 100.000 habitantes em sete dias. O recorde de mortes em apenas um dia foi na quinta, com 598. A Alemanha tem agora 1.320.716 infectados.

Os empregadores serão encorajados a permitir que os funcionários trabalhem em casa nas próximas semanas. Os serviços religiosos serão permitidos, desde que as regras de distanciamento sejam respeitadas e máscaras sejam usadas. Os cantos nos templos foram proibidos.

As empresas são encorajadas a fechar as instalações se puderem estabelecer um período de férias aos trabalhadores e o teletrabalho for possível. O ministro das Finanças, Olaf Scholz, disse que o governo fornecerá apoio financeiro às empresas afetadas pela mudança – segundo o plano, o comércio obrigado a fechar deve receber até 90% dos recursos – ou até 500 mil euros (R$ 3 milhões) por mês – para manutenção dos custos fixos. A agência de notícias alemã DPA informou que o valor estimado pelo governo para a medida é de 11,2 bilhões de euros (R$ 68,7 bilhões).

Resistência

A Alemanha está em bloqueio parcial há seis semanas, com bares e restaurantes fechados, enquanto lojas e escolas permaneciam abertas. Opositores das medidas de restritivas têm protestado regularmente em algumas cidades. No sábado, a polícia de Frankfurt e de Dresden barrou os atos. Em Frankfurt, foram usados canhões de água para dispersar a multidão no centro da capital financeira da Alemanha.

Na semana passada, o Instituto para a Democracia e Sociedade Civil, com sede em Jena, na Turíngia, lançou um estudo sobre “a correlação estatística forte e muito significativa” entre a votação na AfD (Alternativa para a Alemanha), o principal partido de extrema direita da Alemanha, e a intensidade da pandemia. A AfD é o único partido que tornou público seu ceticismo e sua oposição às restrições. Seus deputados estavam relutantes no Parlamento em usar máscara. Mais de um em cada dois eleitores da AfD (56%) considera as medidas restritivas excessivas, de acordo com uma pesquisa recente do Instituto Forsa.

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