Ações da Vale despencam após rompimento de barragem em Minas e Ibovespa recua

Outras siderúrgicas também refletem a queda da mineradora; no mercado de câmbio, o dólar à vista segue estável

  • Data: 28/01/2019 11:01
  • Alterado: 28/01/2019 11:01
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Ações da Vale despencam após rompimento de barragem em Minas e Ibovespa recua

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O Ibovespa perdeu o nível dos 96 mil pontos e recuou quase 2% na mínima do dia, após o início das negociações dos papéis da Vale (ações ordinárias) e também da Bradespar (ações ordinárias). As duas ações perdiam cerca de 19% neste início de pregão, repercutindo a tragédia em Brumadinho (MG) no primeiro dia de negociações após o ocorrido. O leilão de abertura das duas ações durou mais que o normal, mas a depreciação do Ibovespa era moderada e, em linha, com a variação negativa das bolsas europeias e dos índices acionários futuros em Nova York.

No mercado de câmbio, o dólar à vista segue estável. O desempenho é similar ao de alguns pares do real, como o rublo russo e o peso argentino. O Dollar Index (DXY), que mede a variação da moeda americana perante seus pares desenvolvidos, também está estável com viés de alta.

A forte queda das ações na Vale reflete mais a perspectiva de multas e indenizações e os danos à imagem da companhia do que qualquer impacto operacional do desastre para a mineradora, comentam analistas de mercado.

Os profissionais destacam que a produção local corresponde a menos de 2% da produção total da Vale, portanto, do ponto de vista estritamente operacional, o impacto do rompimento seria pequeno. “A capacidade ociosa em outras minas permite o remanejamento da operação”, comentaram os analistas da Coinvalores, em relatório assinado por Sandra Peres, Felipe Martins Silveira e Sabrina Cassiano. Eles salientam, porém, que “além de novos impactos financeiros potenciais, mudanças regulatórias também ficam no radar, com a possibilidade de exigências mais rígidas quanto à licença para novas barragens e minas”. Eles sugerem que as ações da Vale devem ficar pressionadas até que todos os potenciais impactos possam ser mensurados de forma mais clara.

“No curto prazo, os papéis da mineradora deverão continuar pressionados, reflexo dos danos de imagem à companhia e provisões para pagamento de multas e indenizações”, disseram os profissionais da Guide, que também sugerem que o rompimento da barragem poderá atrasar as concessões e licenças ambientais nas operações Brasil. “Há também o risco de novos processos de investidores nos EUA e rebaixamento de agências de risco”, acrescentaram. A casa lembra que apesar de decisões judiciais que levaram ao bloqueio de R$11 bilhões, a Vale possui fôlego financeiro, já que contava com um caixa próximo de cerca de R$ 23 bilhões ao fim do terceiro trimestre.

O analista-chefe da Necton, Glauco Legat, disse que não recomendaria a venda das ações da companhia tendo em vista o baixo impacto do rompimento na produção de minério de ferro da companhia, e o fato de que há capacidade ociosa. Além disso, aponta que o sistema logístico, que interliga a Ferrovia Espírito Santo – Minas Gerais, aparentemente não foi interrompido e o escoamento da produção segue intacto.

Adicionalmente, Legat citou que a Samarco levou a Vale a provisionar US$ 2,7 bilhões de potenciais ressarcimentos, pagamento que se dará no prazo de 12 anos (até 2028), e que o minério de ferro futuro subiu hoje 2,77%.

Para analistas da Guide, o investidor também estará atento à repercussão de outra notícia corporativa. A Embraer relatou que assinou o contrato principal de operação com a Boeing em aviação comercial. Também foi assinado o contrato de cooperação que contém os termos e condições para a criação da joint venture para promoção e desenvolvimento de novos mercados e aplicações para o avião cargueiro KC-390. Na semana passada, a Associação dos Investidores Minoritários (Abradin) impetrou ação civil pública contra a empresa brasileira, pedindo a anulação dos atos do conselho que aprovaram a operação com a Boeing.

Do noticiário doméstico, os agentes do mercado ainda aguardam novidades sobre a cirurgia do presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, 28, em São Paulo. A semana é decisiva para o Planalto. É aguardada a apresentação da proposta do novo governo para a reforma da Previdência ao Congresso, que enfrentará eleições para as presidências das duas casas a partir da volta do recesso na sexta-feira, 1º. No Senado, a disputa ainda experimenta maior incerteza. Por lá, o PSL vive uma fase de disputas internas, que são intensificadas pelas suspeitas envolvendo o filho do Presidente da República, o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ).

Às 10h34, o Ibovespa caía 1,88% aos 95.841 pontos. Na mínima intraday, recuou 1,91% aos 95.815 pontos. A Embraer ON subia 0,61%. O dólar à vista perdia 0,04% aos R$ 3,7612.

SIDERÚRGICAS
As ações do setor de siderurgia também refletem a queda da Vale e recuam. Liderando as baixas, as ações ON da CSN caem 2,78%, seguidas de queda de 0,94% das ações PN da Gerdau. A Gerdau Metalúrgica PN tem baixa de 1,19%.

“O setor acaba sendo influenciado porque algumas empresas possuem também um braço de mineração. Entre as mais afetadas está a CSN. As ações são afetadas diante de um efeito dominó, uma vez que o investidor se desfaz de papéis ligados à mineração”, diz Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença.

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  • Data: 28/01/2019 11:01
  • Alterado:28/01/2019 11:01
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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