A horas de deixar o cargo, Trump concede clemência a Steve Bannon e outros aliados
O ex-estrategista-chefe da Casa Branca foi acusado de fraudar doadores políticos que apoiaram a construção de um muro na fronteira com México
- Data: 20/01/2021 11:01
- Alterado: 20/01/2021 11:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Trump
Crédito:Reprodução
Em um de seus últimos atos no cargo, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu clemência a aliados nesta quarta-feira, 20. A lista inclui Steve Bannon, seu ex-estrategista-chefe, e Elliott Broidy, um dos principais arrecadadores de fundos do presidente na campanha presidencial de 2016. Com a medida, Trump mantém o padrão de usar seu poder para recompensar os aliados que têm laços íntimos com ele.
A última rodada de indultos e comutações – 143 no total – se junta a outras dezenas feitas no mês passado, quando Trump perdoou aliados como Paul Manafort e Roger Stone, e quatro guardas da Blackwater condenados por ligação com a morte de civis iraquianos.
A ação de Trump, horas antes de sua saída da Casa Branca, mostra quantos de seus aliados e apoiadores estiveram envolvidos em casos de corrupção e em outros problemas jurídicos ao longo de sua presidência, e destacou novamente a disposição do presidente em usar seu poder para ajudá-los.
A decisão de conceder clemência a um número relevante de pessoas envolvidas em casos de corrupção de alto nível também representou um ataque final de Trump ao sistema de justiça criminal, a quem o presidente acusa de promover uma perseguição injusta a ele e seus aliados.
O perdão presidencial acontece enquanto o Senado se prepara para julgar segundo processo de impeachment aprovado contra Trump na Câmara – acusando-o de ter incitado a invasão ao Capitólio neste mês – e pode ser outro fator a influenciar a adesão de republicanos à condenação do presidente.
Trump detém o poder de emitir mais perdões – incluindo, teoricamente, para ele mesmo e membros de sua família – até o meio-dia de quarta-feira, quando seu mandato se encerra. Mas autoridades ligadas a Casa Branca dizem que não há previsão de que ele faça isso, apesar do presidente ter expressado interesse em se perdoar preventivamente.
De acordo com fontes ouvidas pelo The New York Times, o advogado da Casa Branca, Pat Cipollone, e o ex-procurador-geral, William Barr, advertiram o presidente contra o auto-perdão. Cipollone teria ainda alertado o presidente a não conceder clemência para legisladores republicanos que possam estar ligados à tomada do Capitólio.
Outro veto feito pelos aliados foi a concessão de perdão preventivo aos três filhos mais velhos do presidente, a seu genro e a Rudy Giuliani, seu advogado pessoal. De todos eles, o único investigado é Giuliani, por suposto lobby ilegal com o governo ucraniano, mas nenhum foi sequer acusado de qualquer delito.
Além de Bannon e Broidy, também receberam perdões ou sentenças comutadas de Trump vários ex-políticos condenados anteriormente. A lista inclui Rick Renzi, um ex-republicano da Câmara que foi sentenciado em 2013 a três anos de prisão em associação com um esquema de suborno envolvendo um acordo de troca de terras no Arizona; Robert Hayes, um ex-republicano da Câmara da Carolina do Norte que se confessou culpado em 2019 de mentir para o FBI; e Kwame Kilpatrick, um democrata e ex-prefeito de Detroit que foi condenado em 2013 por usar seu escritório para enriquecer a si mesmo e sua família por meio de extorsões, propinas e esquemas de manipulação de licitações.
Steve Bannon
O perdão a Steve Bannon é particularmente questionável porque, apesar do empresário ter sido acusado de um crime, ele ainda não foi julgado. Na maioria dos indultos e comutações concedidos pelos presidentes americanos, os beneficiados são condenados e sentenciados.
A Casa Branca planejava divulgar a lista dos agraciados com a clemência no início do dia, mas o debate sobre Bannon, que encorajou Trump a lutar publicamente pela certificação da eleição de 2020, foi parte do atraso, disseram as autoridades.
No final da tarde de terça-feira, os assessores estavam certos de que haviam impedido o perdão de Bannon. Mas por volta das 21h, Trump mudou de ideia e Bannon foi adicionado à lista.