A Conexão Controversial entre Isaac Newton e o Ouro Brasileiro
Descubra o lado obscuro de Isaac Newton: sua ligação surpreendente com o ouro brasileiro e a escravidão. Uma nova perspectiva sobre o gênio da ciência.
- Data: 11/01/2025 15:01
- Alterado: 11/01/2025 15:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Reprodução
A figura icônica de Isaac Newton, amplamente reconhecida por suas contribuições à física e à matemática, apresenta uma faceta menos conhecida que envolve a exploração do ouro brasileiro. De acordo com o recém-publicado livro “Ricardo’s Dream: How Economists Forgot the Real World and Led Us Astray”, do autor Nat Dyer, o renomado cientista pode ter se beneficiado financeiramente do metal precioso oriundo do Brasil, extraído através do trabalho escravo.
O livro examina as interações entre a economia e a sociedade, abordando como os economistas moldaram suas teorias em modelos matemáticos, frequentemente distantes da realidade humana. Dyer faz referência a David Ricardo, um proeminente economista clássico, que influenciou o pensamento econômico moderno ao tratar a economia como uma ciência rigorosa.
No contexto de Newton, Dyer menciona que o contato do físico com o ouro brasileiro ocorreu durante seu tempo na Casa da Moeda britânica, onde atuou como “mestre da Casa da Moeda” entre 1696 e 1727. Esta posição permitiu a Newton receber remuneração por cada moeda cunhada, em um período marcado pela intensa atividade comercial entre Inglaterra e Portugal, especialmente após o Tratado de Methuen.
A transição de Newton para essa função gerou um aumento significativo em sua renda. O físico passou de uma remuneração anual de £100 em Cambridge para £3.500 na Casa da Moeda, montantes que correspondem atualmente a valores equivalentes a £36 mil e £1,26 milhão. Ao falecer em 1727, seu patrimônio era estimado em £32 mil, aproximadamente £11,5 milhões nos dias atuais.
A evidência da origem do ouro cunhado sob sua supervisão não é meramente especulativa. Newton mesmo documentou em seus escritos que o ouro proveniente das Américas Ocidentais (América do Sul e Central) estava sendo utilizado nas operações monetárias britânicas. Em uma passagem de 1701, ele escreveu que “não podemos obter ouro senão das Índias Ocidentais pertencentes à Espanha e a Portugal”. Em outro momento, em 1715, Newton afirmou que o ouro utilizado no processo de cunhagem era originário de Portugal e Jamaica.
Este vínculo entre Newton e o Brasil levanta questões éticas sobre sua consciência em relação às origens desse ouro. Segundo Dyer, é provável que Newton tivesse conhecimento das implicações morais envolvidas na riqueza que ajudava a gerar. “É razoável supor que ele estivesse ciente da escravidão subjacente ao comércio de ouro”, afirma Dyer.
A análise histórica sugere que as elites londrinas estavam plenamente cientes da conexão entre riqueza colonial e exploração humana. A própria iconografia da época reflete essa realidade; no Upper Hall do Painted Hall em Greenwich, figuras representativas das Américas, África e Ásia são vistas prestando homenagem ao rei George I, simbolizando a riqueza advinda do comércio colonial.
A historiadora Patricia Fara também corroborou essa visão ao afirmar que Newton sabia que a prosperidade britânica estava atrelada ao comércio triangular envolvendo pessoas escravizadas.
Além disso, Newton possui uma relação conhecida com as finanças ligadas ao tráfico de escravos africanos através de seu investimento na South Sea Company. Embora tenha sofrido perdas financeiras com esse investimento, isso não diminui a gravidade das implicações éticas associadas.
Pesquisadores consultados expressaram surpresa ao descobrir essa conexão específica entre Newton e o Brasil. James Gleick, biógrafo de Newton, admitiu não ter conhecimento prévio sobre tal ligação pessoal com a escravidão brasileira, mas enfatizou a notoriedade do papel britânico no tráfico transatlântico de escravos.
Por outro lado, Eduardo Valadares destacou que embora houvesse uma sobreposição temporal entre a vida de Newton e o ciclo do ouro no Brasil, os maiores picos da exploração desse metal ocorreram após sua morte. Breno Arsioli Moura reforçou que quando Newton assumiu seu cargo na Casa da Moeda estava sendo implementado um processo de recunhagem de moedas antigas.
A revisão histórica sobre Isaac Newton tem revelado novas perspectivas sobre sua vida e obra. A análise das conexões entre sua carreira e questões sociais contemporâneas traz à tona discussões relevantes sobre ética na ciência e a herança colonial que moldou economias modernas.