Projeto restaura fluxo de água da Cachoeira do Peixe após seca histórica

A restauração foi realizada por meio de intervenções no solo e monitoramento via satélite, contando com apoio de fazendeiros e órgãos ambientais.

  • Data: 16/02/2025 10:02
  • Alterado: 16/02/2025 10:02
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: FOLHAPRESS
Projeto restaura fluxo de água da Cachoeira do Peixe após seca histórica

Imagem ilustrativa.

Crédito:Freepik

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A Cachoeira do Peixe, localizada na cidade de Rio Negro, Mato Grosso do Sul, enfrentou um desafio significativo ao secar completamente em outubro do ano passado. Recentemente, no entanto, o fluxo de água foi restaurado, graças a um projeto que incluiu monitoramento via satélite e intervenções no solo para desobstruir o leito do rio.

A iniciativa foi conduzida pelo Instituto do Homem Pantaneiro (IHP), uma entidade sem fins lucrativos dedicada à conservação do bioma pantaneiro. A ação contou com a colaboração de cerca de 20 pessoas em uma área abrangendo 40 hectares e teve o apoio da Polícia Militar Ambiental, além de proprietários de terras adjacentes ao curso d’água.

O biólogo Sérgio Barreto, que participou ativamente da execução do projeto, ressaltou a importância da situação crítica vivenciada pela cachoeira como um indicativo da saúde geral do rio do Peixe. Embora a região tenha passado por uma estiagem severa, com recordes de secas e queimadas, ele enfatizou que a ausência de chuvas por si só não era suficiente para interromper completamente o fluxo hídrico.

O retorno das chuvas em dezembro foi crucial para que os resultados das intervenções fossem rapidamente perceptíveis, favorecendo o aumento do fluxo de água. Segundo Barreto, a fase de monitoramento e execução das atividades levou aproximadamente quatro meses.

O rio do Peixe é um afluente vital do Rio Negro e desempenha um papel essencial na ecologia do Pantanal, especialmente como local de reprodução para diversas espécies de peixes“, declarou o especialista.

Localizada a 153 km de Campo Grande, a cidade de Rio Negro depende da cachoeira não apenas para a pesca de subsistência dos moradores locais, mas também para impulsionar o turismo na região. A queda d’água tem uma altura impressionante de 70 metros.

Durante o trabalho realizado pela equipe do IHP, foram identificados diversos obstáculos no percurso do rio, resultantes tanto da vegetação nativa quanto da ação humana, que desviou águas para abastecimento local. Barreto observou: “Conseguimos comprovar que ajustes no solo e melhorias nas nascentes poderiam restaurar o fluxo hídrico e reativar a cachoeira“.

A nascente do rio está situada em uma propriedade particular chamada Fazenda Arara Azul. Para sensibilizar os proprietários sobre a importância das correções necessárias, o IHP promoveu visitas às fazendas em parceria com a Polícia Militar Ambiental. O projeto também contou com o apoio da ADM Cares, uma multinacional que atua no comércio de grãos e insumos agrícolas.

De acordo com Barreto, os fazendeiros foram fundamentais ao disponibilizar maquinário e mão-de-obra para facilitar as intervenções necessárias. Ele destacou ainda que conscientizar os proprietários sobre os benefícios da preservação ambiental foi um aspecto crucial do projeto, ajudando-os a perceber que investir na recuperação da área poderia prevenir perdas devido à erosão.

A desobstrução inicial do curso d’água é apenas uma etapa do projeto. Atualmente, já se encontra em desenvolvimento um segundo estágio focado na recuperação da mata ciliar ao longo das margens do rio. “Essa vegetação é vital para garantir a estabilidade do corpo hídrico; contudo, o processo de recuperação através do plantio exige mais tempo para mostrar resultados“, esclareceu Barreto.

Apesar das previsões de nova estiagem para este ano, Barreto acredita que a cachoeira não enfrentará nova seca total como ocorreu anteriormente. “Embora o fluxo possa reduzir significativamente, não acreditamos que ela volte a secar completamente. Caso isso ocorra novamente, faremos uma nova avaliação“, concluiu.

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  • Data: 16/02/2025 10:02
  • Alterado:16/02/2025 10:02
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