Policiais da Rota são investigados por vazamento de informações ao PCC

Os dois policiais investigados eram subordinados ao capitão Raphael Alves Mendonça, que foi exonerado recentemente pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB)

  • Data: 31/01/2025 06:01
  • Alterado: 31/01/2025 06:01
  • Autor: Redação
  • Fonte: G1
Policiais da Rota são investigados por vazamento de informações ao PCC

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Crédito:Divulgação/Secom/GESP

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Entre 2021 e 2022, policiais militares (PMs) atuaram na Agência de Inteligência das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), uma das unidades mais renomadas da Polícia Militar de São Paulo. Recentemente, a Corregedoria e o Centro de Inteligência da Polícia Militar (CIPM) iniciaram investigações que envolvem pelo menos dois desses policiais, que estão sendo acusados de vazamento de informações sigilosas relacionadas a investigações para membros da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

A apuração atual faz parte de um inquérito mais abrangente que busca esclarecer o assassinato de Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, um delator do PCC que também denunciou práticas corruptas dentro da corporação.

De acordo com informações da GloboNews, os envolvidos são dois praças da ativa que estão sob investigação por meio de um Inquérito Policial Militar (IPM). Durante o período em que estavam na Rota, eles teriam facilitado o acesso a informações que seriam cruciais para a facção criminosa durante um intenso conflito interno resultante do assassinato do narcotraficante Anselmo Bicheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e seu motorista no final de 2021, no Tatuapé, Zona Leste da capital paulista.

O delator Vinicius Gritzbach, que era acusado de ser o mandante do duplo homicídio, sempre negou sua participação no crime.

Os dois policiais investigados eram subordinados ao capitão Raphael Alves Mendonça, que foi exonerado recentemente pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) da Assessoria Militar do Gabinete do Prefeito, onde cuidava da segurança pessoal do mandatário e sua família. Mendonça também é alvo de investigação por sua suposta ligação com a rede de informantes da facção criminosa dentro da polícia; no entanto, até o presente momento, não foram encontradas evidências concretas que comprovem sua participação nos vazamentos.

As evidências contra os policiais afastados sob suas ordens parecem ser mais robustas, com um deles já preso. A Corregedoria da Polícia Militar declarou em nota que está conduzindo a investigação com rigor e que já deteve 17 policiais suspeitos de envolvimento com o crime organizado. As apurações continuam dentro da força-tarefa estabelecida pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), e detalhes adicionais estão sendo mantidos em sigilo para não comprometer as investigações.

No caso específico de Vinícius Gritzbach, desde o início do ano corrente, a Corregedoria já prendeu 17 policiais relacionados à sua morte. Gritzbach foi assassinado em novembro do ano passado no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Um dos presos é Denis Antonio Martins, apontado como responsável pelos disparos contra o delator. Os outros 14 detidos faziam parte do núcleo de segurança privada de Gritzbach.

Embora o capitão Raphael Alves Mendonça não esteja diretamente vinculado a essa investigação relacionada ao delator, ele está sendo investigado por outro aspecto ligado ao vazamento das informações sigilosas. O início das apurações sobre os vazamentos se deu após uma denúncia anônima recebida em março de 2024, que alertava sobre práticas ilegais envolvendo policiais que favoreciam criminosos associados ao PCC.

A Corregedoria informou ainda que informações estratégicas eram comercializadas por PMs tanto da ativa quanto da reserva. Entre os beneficiados estava Gritzbach, que utilizava esses agentes em sua escolta particular, evidenciando uma integração preocupante entre membros da corporação e organizações criminosas.

O desdobramento inicial das investigações levou diretamente à figura do capitão Raphael Alves Mendonça, cuja exoneração se dá em um contexto onde a integridade e a legalidade nas operações policiais estão sendo severamente questionadas.

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  • Data: 31/01/2025 06:01
  • Alterado:31/01/2025 06:01
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