Lula se reúne com MST para discutir reforma agrária

Líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra cobram mais assentamentos e maior orçamento para agricultura familiar.

  • Data: 30/01/2025 20:01
  • Alterado: 30/01/2025 20:01
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: FOLHAPRESS
Lula se reúne com MST para discutir reforma agrária

Crédito:Divulgação

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Nesta quinta-feira (30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu no Palácio do Planalto com representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para discutir questões relacionadas à reforma agrária. Durante o encontro, os líderes do movimento expressaram sua insatisfação com o progresso das políticas agrárias até o momento.

João Paulo Rodrigues, um dos coordenadores do MST, manifestou descontentamento com o atual programa de reforma agrária, afirmando que as ações realizadas até agora estão muito aquém das expectativas do movimento. Ele ressaltou a possibilidade de ajustes nas diretrizes e um reforço na entrega de demandas para o período atual: “É possível ao presidente corrigir a rota e apresentar um conjunto de demandas que atenda aos nossos anseios”.

Rodrigues criticou ainda o número reduzido de assentamentos, citando a meta de 1.500 famílias assentadas anualmente como “ridícula”. Ele argumentou que tanto a forma quanto o conteúdo das políticas implementadas não têm atendido às necessidades do movimento.

A reunião também contou com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, que, segundo Rodrigues, assumiu um compromisso de assentar 20 mil famílias neste ano. No entanto, essa meta foi considerada insuficiente pelo MST, que reivindica um total de 65 mil assentamentos.

Em entrevista à Folha, Teixeira afirmou que o governo tem como meta superar 30 mil assentamentos em 2023 e reconheceu que os números dos anos anteriores foram baixos devido a restrições orçamentárias. “O programa de reforma agrária em 2023 carecia de recursos no orçamento”, explicou. Para ele, a expectativa é de que as entregas aumentem significativamente a partir de 2025.

O ministro anunciou que o presidente Lula deve visitar um assentamento em fevereiro, possivelmente em Minas Gerais, além de participar do lançamento do programa Desenrola Rural. Desde sua posse, Lula não visitou nenhum assentamento do MST.

O movimento já havia solicitado uma visita do presidente no final do ano passado e expressado preocupações sobre a lentidão das reformas agrárias. Apesar das críticas, os líderes do MST reafirmaram seu apoio ao governo, pedindo maior atenção às questões relacionadas aos assentamentos e uma mudança na agenda política e de comunicação.

Ceres Hadich, outra coordenadora do MST, solicitou um aumento no orçamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e apresentou propostas para incrementar a produção alimentar, uma prioridade para o governo neste ano. As sugestões incluíram a ampliação dos limites do Cadastro da Agricultura Familiar (CAF) e mais recursos para programas voltados à agricultura familiar.

Durante uma coletiva de imprensa no Planalto, Lula comentou sobre os desafios enfrentados na contenção da alta dos preços dos alimentos e anunciou planos para reuniões com empresários e produtores rurais. O presidente descartou medidas consideradas heterodoxas para controlar preços, evitando mencionar a proposta de taxar exportações agrícolas sugerida por alguns membros do Partido dos Trabalhadores (PT).

Lula também se referiu ao aumento recente nos preços da picanha e outros produtos alimentícios, enfatizando a necessidade de encontrar soluções através do diálogo com os produtores. Em relação ao aumento dos preços do diesel, o presidente garantiu que abrirá canais de comunicação com caminhoneiros caso a situação se agrave.

A estratégia inicial do governo federal para combater a inflação alimentar foi marcada por algumas controvérsias após declarações do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, sobre intervenções nos preços dos alimentos. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) desacelerou para 0,11% em janeiro, após registrar 0,34% em dezembro, conforme dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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  • Data: 30/01/2025 08:01
  • Alterado:30/01/2025 20:01
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