Tensões entre governo Lula e PSD aumentam antes da reforma ministerial
Tensões entre Lula e PSD aumentam com críticas de Kassab a Haddad; mudanças ministeriais à vista podem reconfigurar apoio ao governo.
- Data: 30/01/2025 00:01
- Alterado: 30/01/2025 00:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
Crédito:Reprodução
Recentes tensões têm emergido entre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Partido Social Democrático (PSD), especialmente com a iminente reforma ministerial. As críticas contundentes do presidente do PSD, Gilberto Kassab, à política econômica liderada pelo ministro Fernando Haddad (PT) geraram preocupações sobre a solidez do apoio do partido à reeleição de Lula, mesmo com a atual ocupação de três ministérios por seus membros.
No dia 29 de novembro, durante um evento do banco UBS BB em São Paulo, Kassab não hesitou em classificar Haddad como um ministro fraco, fazendo comparações desfavoráveis com seus antecessores, incluindo ex-ministros de governos anteriores de Lula e até de períodos da ditadura militar. “Um ministro da economia fraco é sempre um péssimo indicativo”, declarou Kassab.
Essas declarações coincidiram com críticas proferidas pelo senador Omar Aziz (PSD-AM) em relação à escolha de Gleisi Hoffmann (PT) para a Secretaria-Geral da Presidência. Para aliados de Lula, as falas de Kassab podem ser vistas como uma tentativa de ganhar espaço no governo em um momento percebido como vulnerável para a administração.
Lula já sinalizou que pretende promover mudanças na equipe ministerial logo após o término das eleições para o comando da Câmara e do Senado. Entre as especulações está a possibilidade de que Gleisi Hoffmann assuma um ministério, enquanto Alexandre Silveira (PSD), atual ministro de Minas e Energia, pode ser deslocado para um cargo mais estratégico dentro do governo.
Interlocutores próximos ao presidente notaram que as críticas direcionadas a Haddad também podem ser uma estratégia de Kassab para agradar tanto ao mercado financeiro quanto à base bolsonarista em São Paulo, onde ele ocupa o cargo de secretário de Governo na gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em resposta às críticas, membros do PT se mobilizaram em defesa do ministro Haddad. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, utilizou as redes sociais para destacar os avanços alcançados sob a liderança de Haddad no Ministério da Fazenda, citando recordes na geração de empregos e melhorias na redução da pobreza.
Outros membros do PT também não pouparam críticas a Kassab. O deputado estadual Emídio de Souza (PT-SP) afirmou que Kassab demonstrou falta de memória ao desmerecer os feitos recentes do ministro da Fazenda.
Marco Aurélio de Carvalho, advogado e coordenador do grupo Prerrogativas, descreveu as declarações de Kassab como uma crítica intempestiva com motivações eleitorais. Ele levantou a hipótese de que Kassab esteja se posicionando para uma eventual disputa política futura.
Kassab reafirmou sua análise sobre a situação econômica ao ser questionado pela imprensa, enfatizando que seu objetivo não era ofender o governo ou qualquer pessoa envolvida. Ele argumentou que sua avaliação surgiu em resposta a perguntas sobre o cenário econômico por parte dos investidores.
A ausência notável de representantes do PSD em um recente evento no Palácio do Planalto também contribuiu para aumentar as tensões entre os aliados de Lula. O governador paranaense Ratinho Júnior (PSD) não compareceu ao anúncio de investimentos para rodovias no Paraná, gerando mal-estar entre os participantes.
Em entrevista concedida ao UOL, Omar Aziz expressou preocupações sobre o impacto da presença de Gleisi na Esplanada, questionando sua capacidade como ministra dada sua postura crítica em relação ao ministro Haddad.
Lula tem conversado com Gleisi sobre sua potencial nomeação para um ministério e, segundo fontes próximas ao presidente, ela foi informada sobre essa possibilidade. Entretanto, Gleisi negou previamente que houvesse sido oficialmente convidada para o cargo.