Desde o início do ano, Rio de Janeiro registra 11 mortes por balas perdidas
A maioria das vítimas são de comunidades vulneráveis, destacando a violência
- Data: 29/01/2025 07:01
- Alterado: 29/01/2025 07:01
- Autor: Redação
- Fonte: G1
Crédito:Reprodução
Um estudo recente, realizado pelo RJ2, revela que, desde o início do ano, o estado do Rio de Janeiro e sua Região Metropolitana contabilizam 11 óbitos provocados por balas perdidas. Além disso, um levantamento do Instituto Fogo Cruzado aponta que outras 17 pessoas ficaram feridas devido a disparos não direcionados.
O primeiro incidente registrado ocorreu no dia 1º de janeiro, na localidade conhecida como Corte 8, em Caxias. Segundo informações da Polícia Militar, criminosos abriram fogo contra viaturas da corporação, que não reagiram. Durante a troca de tiros, Fernando Oliveira de Lima, um homem de 65 anos, foi atingido fatalmente na cabeça.
No dia 8 de janeiro, uma mulher sofreu ferimentos superficiais e foi encaminhada ao Hospital do Andaraí. Na mesma data, João Vitor Mendes Araújo, de apenas 20 anos, perdeu a vida após ser atingido no peito enquanto conversava com amigos na Vila Kennedy. As autoridades afirmaram que ele era um alvo colateral em um ataque direcionado a um traficante que também foi morto durante o incidente.
Outro caso relevante ocorreu no mesmo dia quando Antônio Alves da Costa, de 76 anos, foi atingido por uma bala durante um confronto armado no Engenho Novo.
Três dias depois, em 11 de janeiro, Daniel Vitório Nascimento Moreira perdeu a vida em meio a um tiroteio entre policiais e bandidos no Complexo da Pedreira.
Em um incidente trágico no dia 16 de janeiro, durante uma troca de tiros na comunidade Buraco Quente em São João de Meriti, uma mãe e sua filha se tornaram vítimas. Nicole Moraes da Silva, de apenas 12 anos, foi fatalmente atingida, enquanto Claudia Moraes, de 42 anos, sobreviveu após ser baleada na perna.
Cauã Francisco Alves da Cruz, de 16 anos, foi baleado no dia 21 e faleceu na segunda-feira seguinte. Ele foi atingido por um tiro de fuzil enquanto trabalhava como entregador em Caxias. Segundo relatos da polícia, ele foi surpreendido por disparos provenientes de traficantes locais.
Na última sexta-feira (24), durante operações nos Complexos do Alemão e Penha, novos casos trágicos foram registrados. O jardineiro Carlos André Vasconcelos, de 35 anos, foi morto ao ser atingido nas costas enquanto tomava café próximo à estação do BRT às 4h30 da manhã. Outras duas vítimas fatais foram identificadas: Geraldo Carlos dos Reis, de 67 anos, e Antonio Julio Claudio, de 53 anos.
Uma situação particularmente chocante envolveu Mirella Pinho Francisconi, uma menina de apenas dois anos que foi atingida na cabeça enquanto dormia no colo da mãe após retornar da praia com a família. Câmeras de segurança capturaram o desespero dos familiares ao solicitar ajuda a um taxista. De acordo com as autoridades policiais, o incidente ocorreu durante uma tentativa de assalto que resultou em troca de tiros nas proximidades. Mirella continua internada em estado crítico no Hospital Souza Aguiar.
Na madrugada da segunda-feira (27), Rosilda da Silva Santos de Araújo, de 47 anos, foi morta ao ser atingida na cabeça enquanto observava barulhos fora de sua casa na favela do Dique, localizada no Jardim América.
Na terça-feira (28), outro morador da comunidade Morar Carioca foi baleado durante um confronto entre policiais e traficantes após um delegado se perder na área e solicitar apoio. Embora o delegado tenha escapado ileso, o morador foi levado para o Hospital Getúlio Vargas; seu estado atual ainda é desconhecido.
A análise do Instituto Fogo Cruzado destaca que os disparos conhecidos como “balas perdidas” frequentemente ocorrem em comunidades predominantemente negras e vulneráveis. Carlos Nhanga, coordenador regional do Instituto Fogo Cruzado no Rio de Janeiro, enfatiza que esses incidentes expõem a fragilidade das populações em áreas onde tanto o Estado quanto grupos criminosos operam sem restrições.