Morte de menina por envenenamento amplia tragédia familiar no Piauí
Maria gabriele, de 4 anos, é a sétima vítima de intoxicação na mesma família; padrasto da mãe é o principal suspeito.
- Data: 22/01/2025 22:01
- Alterado: 23/01/2025 16:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Na noite de terça-feira (21), a cidade de Parnaíba, localizada a 318 km de Teresina, foi marcada por uma tragédia quando Maria Gabriele Fontenele, uma menina de apenas 4 anos, faleceu em decorrência de envenenamento. Ela havia passado 20 dias internada em estado crítico no Hospital de Urgência de Teresina.
Com a morte de Maria, já são sete os membros da mesma família que foram vítimas de intoxicação por substâncias tóxicas presentes em venenos agrícolas e roedores. Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto da mãe das crianças, foi detido sob a suspeita de ter envenenado oito pessoas. Ele nega as acusações.
A direção do Hospital de Urgência declarou que todos os esforços foram feitos para a recuperação da criança e expressou pesar pelo ocorrido, solidarizando-se com os familiares neste momento difícil. O sepultamento de Maria Gabriele está previsto para ocorrer em Parnaíba.
A tragédia teve início em 1º de janeiro deste ano, quando quatro irmãos de Maria Gabriele também foram intoxicados, incluindo um bebê de um ano e oito meses e outra criança de três anos. Outros dois irmãos, com idades de 7 e 8 anos, perderam a vida em agosto do mesmo ano devido à mesma causa.
O incidente mais recente ocorreu durante uma celebração de Réveillon, onde oito pessoas, entre familiares e vizinhos, apresentaram sintomas de intoxicação. Um laudo da Polícia Científica do Piauí identificou a presença do inseticida terbufós — um veneno utilizado para combater pragas — no arroz consumido na ocasião.
Uma vizinha afetada, Maria Jocilene da Silva, 41 anos, foi internada na manhã desta quarta-feira (22) com suspeitas de nova intoxicação após visitar a casa da família e consumir café e suco. A equipe médica informou que seu estado é grave, mas estável.
A Polícia Científica está investigando o caso e coletou amostras tanto na residência da família quanto na casa da vizinha. A Polícia Civil aguarda os resultados das perícias antes de se pronunciar oficialmente sobre o caso.
Vale lembrar que a família já havia enfrentado uma tragédia similar no ano anterior. Os irmãos de Maria Gabriele, Ulisses Gabriel da Silva e João Miguel da Silva, também morreram por envenenamento. Uma vizinha, Lucélia Maria da Conceição, foi presa sob suspeita de envenenar as crianças usando cajus, mas foi liberada após quatro meses devido à falta de evidências conclusivas. Durante sua detenção, Lucélia sofreu ameaças e teve sua casa incendiada.
Recentemente, o foco das investigações se voltou para o padrasto Francisco de Assis Pereira da Costa, agora principal suspeito pelo envenenamento dos garotos em agosto passado. O delegado Abimael Silva está revisitando depoimentos e espera pelos laudos periciais para concluir o inquérito.
“Estamos reexaminando as declarações das testemunhas para eliminar quaisquer dúvidas relacionadas ao dia do crime e garantir que não haja lacunas na investigação”, afirmou o delegado. O objetivo é ouvir novamente quem estava presente na cozinha e determinar quem consumiu o alimento que resultou na intoxicação. Até o momento, Francisco é o único que estava presente na cozinha durante a refeição fatídica e apresentou relatos inconsistentes sobre os eventos ocorridos.