Trump 2025: pragmatismo ou fragmentação?

A posse de Donald Trump marca o início de um mandato que promete redesenhar o equilíbrio global, enfrentando desafios econômicos e tensões políticas

  • Data: 22/01/2025 17:01
  • Alterado: 22/01/2025 17:01
  • Autor: Prof. Allan Augusto Gallo Antonio
  • Fonte: Assessoria
Trump 2025: pragmatismo ou fragmentação?

Crédito:RS/Fotos Públicas

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A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, marcada por sua posse em 20 de janeiro de 2025, promete remodelar não apenas a política interna americana, mas também as dinâmicas globais. Sob o lema Make America Great Again, Trump busca priorizar os interesses americanos em um cenário internacional cada vez mais polarizado, gerando apreensão entre aliados tradicionais, expectativas estratégicas de rivais e incertezas para países emergentes como o Brasil.

Desconforto entre aliados e oportunidades para rivais

Curiosamente, a perspectiva de um segundo mandato de Trump incomoda mais aliados históricos, como Reino Unido, União Europeia e Coreia do Sul, do que rivais como Rússia e China. Enquanto os primeiros temem que a abordagem transacional e imprevisível de Trump desestabilize alianças consolidadas, os últimos enxergam oportunidades de negociação em um contexto de pragmatismo político e econômico. Para países emergentes, o retorno de Trump acelera a necessidade de equilibrar relações entre Washington e Pequim, especialmente diante da ascensão chinesa como potência global.

No caso do Brasil, apesar da relação conturbada entre Trump e o presidente Lula, há otimismo cauteloso em setores econômicos. A busca por alinhamentos pragmáticos e o impacto das políticas energéticas e comerciais americanas criam um cenário onde o Brasil pode tanto enfrentar desafios quanto explorar oportunidades no mercado global.

Economia: energia, protecionismo e guerra fiscal

Uma das promessas centrais de Trump envolve a retomada de políticas energéticas voltadas para o GLP e a energia nuclear, fortalecendo a posição dos EUA como exportador de energia. Essa estratégia, associada a uma política comercial mais agressiva, como a guerra fiscal, visa corrigir déficits comerciais históricos causados por fatores estruturais como o alto consumo interno e os baixos custos de produção externos. No entanto, essa abordagem protecionista pode gerar tensões comerciais, especialmente com parceiros dependentes do mercado americano, como o Brasil.

A valorização do dólar, prevista como consequência das políticas de Trump, terá implicações significativas. Por um lado, beneficiará setores exportadores brasileiros ao tornar seus produtos mais competitivos; por outro, pressionará o real, encarecendo importações e impactando a inflação. A redistribuição dos fluxos globais de capital, impulsionada pelo fortalecimento do dólar como ativo seguro, exigirá ajustes estratégicos nas economias emergentes.

Política externa: do Oriente Médio à China

A política externa de Trump no segundo mandato prioriza o Oriente Médio, relegando questões como Ucrânia e Taiwan a um segundo plano. O objetivo é consolidar parcerias econômicas com países produtores de petróleo, fortalecendo a segurança energética americana e afastando os EUA de confrontos geopolíticos prolongados. No entanto, a postura de distensão com a China, exemplificada pela reabertura de negociações comerciais e adiamento de proibições como a do TikTok, revela uma tentativa de equilibrar pragmatismo econômico com firmeza estratégica.

Desafios domésticos e fiscais

No âmbito doméstico, Trump enfrenta um cenário político fragmentado, apesar da maioria republicana no Congresso. A margem estreita na Câmara e as exigências de consenso no Senado limitam a capacidade de aprovar legislações ambiciosas, obrigando o presidente a recorrer a ordens executivas. Enquanto isso, o déficit fiscal dos EUA, que ultrapassa US$ 2 trilhões, e a dívida pública, superior a 120% do PIB, impõem desafios à agenda econômica. Trump sinaliza que o ajuste virá pela redução de despesas discricionárias e pela reforma da seguridade social, evitando aumentos de impostos, mas enfrentará resistência significativa em ambos os casos.

Um novo equilíbrio global

A retórica de Trump pode ser polarizadora, mas sua estratégia reflete a transição para uma ordem mundial mais pragmática e fragmentada, na qual interesses nacionais se sobrepõem a alianças históricas e valores universais. Para o Brasil e outras economias emergentes a necessidade de adaptação será inevitável. O retorno de Trump à Casa Branca não apenas desafia o status quo, mas também redefine os contornos da liderança global americana em um mundo que exige mais transações e menos convicções. O verdadeiro impacto de sua gestão, no entanto, dependerá de sua habilidade em equilibrar promessas com ações que promovam estabilidade em um cenário internacional cada vez mais instável.

Prof. Allan Augusto Gallo Antonio

Prof. Allan Augusto Gallo Antonio
Divulgação

Allan é professor de Economia e Direito na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pesquisador do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica (MackLiber).

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  • Data: 22/01/2025 05:01
  • Alterado:22/01/2025 17:01
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