Lula cumpre 28% das promessas de campanha até a metade do mandato
Presidente avança em metas, mas enfrenta desafios em áreas como segurança, saúde e educação, além de obstáculos políticos e econômicos.
- Data: 19/01/2025 07:01
- Alterado: 19/01/2025 07:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Presidente Lula (PT)
Crédito:Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alcançou a metade de seu mandato com um cumprimento de 28% das 103 promessas feitas durante a campanha eleitoral de 2022. No início deste ano, esse percentual era de 20%.
Atualmente, 29% das promessas estão em andamento, enquanto 25% foram iniciadas, mas enfrentam progresso lento, e 17% permanecem paradas. Vale destacar que a soma dos percentuais atinge 99% devido ao arredondamento.
O ritmo de cumprimento das promessas pelo mandatário indica que, em média, uma proposta é atendida a cada 26 dias de governo. Essa taxa é inferior à média ideal hipotética, que sugeriria a conclusão de uma promessa a cada 14 dias para que todas as metas fossem cumpridas ao longo de quatro anos. Em comparação, em 2023, o ritmo foi de uma promessa a cada 19 dias.
As promessas elencadas por Lula foram organizadas pela Folha com base no programa de governo apresentado pelo candidato, nas campanhas eleitorais, na carta de compromissos divulgada em 27 de outubro e em entrevistas concedidas à imprensa durante o período eleitoral.
No total, foram registradas 29 promessas como concluídas, 30 em execução ativa, 26 com progresso lento e 18 paralisadas. O setor econômico se destaca com o maior número de compromissos já cumpridos (12), seguido por áreas como cultura, saúde e segurança pública, cada uma com duas promessas finalizadas.
A análise das propostas revela que os temas sociais dominam as iniciativas atualmente em andamento, totalizando seis promessas. Economia e infraestrutura vêm logo em seguida, com cinco propostas cada. As áreas que enfrentam mais dificuldades incluem segurança pública (quatro promessas paradas) e política (três), além da saúde e educação (duas).
No que diz respeito à lentidão na execução das propostas do governo petista, os setores mais afetados são meio ambiente e economia (cinco propostas cada) e segurança pública (quatro).
Em resposta aos questionamentos da Folha, o governo federal, através da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), afirmou que tem focado seus esforços na supervisão e recuperação de políticas públicas para lidar com as áreas mais críticas do país. A administração enfatizou seu compromisso em estabelecer bases sólidas para um desenvolvimento sustentável e na melhoria das condições de vida da população.
A equipe do Palácio do Planalto destacou ainda a importância da integração entre diversas ações governamentais para garantir impactos duradouros na vida dos brasileiros, especialmente aqueles pertencentes às populações vulneráveis.
Algumas promessas inicialmente classificadas como em andamento voltaram ao status de paradas neste ano. Um exemplo é a reversão da privatização da Eletrobras, uma meta contida no plano governamental do presidente Lula. Em 2023, o governo tentou aumentar o controle federal sobre a companhia sem sucesso. Sem mecanismos eficazes para reverter a privatização sem desgaste político, o tema acabou sendo postergado.
Situação semelhante foi observada na tentativa de reconstrução do Sistema Único de Assistência Social (Suas). Embora tenha sido classificada como em andamento no início do ano, sua execução agora está considerada lenta. O governo destinou R$ 3,4 bilhões ao sistema em 2024; no entanto, faltam anúncios que promovam melhorias significativas na estruturação do programa.
Dentre outras promessas importantes que ainda não avançaram estão a erradicação da fome no Brasil, a reforma agrária e um novo marco legal trabalhista. A proposta para isenção do Imposto de Renda para aqueles com rendimento até R$ 5.000 foi apresentada no final de 2024, mas pode enfrentar obstáculos legislativos.
Por outro lado, algumas metas foram concretizadas recentemente. O aumento dos investimentos no Bolsa Atleta e a renegociação das dívidas familiares pelo programa Desenrola Brasil são exemplos positivos entre as iniciativas concluídas no último ano.
Luciana Santana, professora e cientista política da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), aponta que problemas internos do governo e crises entre os Poderes têm dificultado o avanço das agendas do Executivo. Segundo ela, desastres naturais ou eventos inesperados também impactam o cumprimento das promessas governamentais.
A especialista acredita que o cenário político deve melhorar em 2025 com a ausência de eleições programadas; contudo, Lula precisará ter estratégias para lidar com eventuais crises futuras.
Josué Medeiros, cientista político associado à UFRJ e UFRRJ, menciona que a polarização política complica ainda mais a governabilidade e o cumprimento das metas estabelecidas por Lula. Ele argumenta que a gestão atual já conseguiu avançar mais em relação às promessas devido à reestruturação das políticas públicas afetadas pela administração anterior.
Medeiros observa que questões como insatisfação social e conflitos entre os Poderes continuam sendo desafios significativos para o governo. Para ele, é crucial que o Executivo desenvolva novas formas de comunicação efetiva para engajar o público nas políticas implementadas.