Produção e exportação de café enfrentam desafios, mas há otimismo para 2025
Apesar das previsões de queda na produção de café arábica, o Brasil deve garantir oferta suficiente para atender ao consumo interno e às exportações
- Data: 17/01/2025 18:01
- Alterado: 17/01/2025 18:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: CNC
Crédito:Divulgação
O Brasil, reconhecido como o maior produtor e exportador de café no mundo, mantém sua posição como o segundo maior consumidor global, apenas atrás dos Estados Unidos. Apesar das previsões que indicam uma possível redução na produção de café arábica para o ano de 2025, o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, manifestou otimismo quanto à oferta de café para atender tanto o mercado interno quanto as demandas externas.
Em uma declaração recente, Brasileiro ressaltou a importância das chuvas regulares nas regiões cafeeiras durante o crucial período de desenvolvimento dos grãos. “Estamos observando condições climáticas favoráveis, com precipitações e temperaturas adequadas, que devem garantir uma produção suficiente para cobrir as exportações e o consumo interno”, afirmou.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) está prevista para divulgar sua primeira estimativa da safra de café do Brasil para 2025 no dia 28 deste mês. Por outro lado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já havia projetado uma queda de 6,8% na produção nacional para este ano, totalizando 53,2 milhões de sacas de 60 kg.
Por sua vez, uma previsão preliminar da consultoria Safras & Mercado aponta que a produção brasileira pode alcançar 62,45 milhões de sacas, refletindo uma diminuição de 5% em relação à safra anterior, mas ainda superando a projeção do IBGE em mais de 9 milhões de sacas. No entanto, números oficiais frequentemente apresentam discrepâncias em relação às estimativas do mercado, levando a críticas por parte dos membros do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
A recente superação das exportações brasileiras que ultrapassaram 50 milhões de sacas gerou debates sobre a precisão das previsões da Conab para a safra de 2024, especialmente considerando que o consumo interno gira em torno de 20 milhões de sacas.
“As análises sobre a próxima safra têm gerado confusões no mercado, alternando entre visões otimistas e pessimistas”, comentou Brasileiro. “Termos como ‘especulativo’ parecem adequados quando consideramos as muitas opiniões sem base sólida que circulam atualmente. Essas incertezas não favorecem nem os produtores nem os consumidores.”
O presidente do CNC enfatizou que o Brasil deve contar com estoques suficientes remanescentes das safras anteriores para atender à demanda dos consumidores e importadores. Ele assegurou que não há “café escondido“, mas sim reservas disponíveis.
A qualidade do café brasileiro foi um fator fundamental para a recente alta nas exportações, que também foi impulsionada por compras antecipadas realizadas por importadores europeus, temendo as novas regulamentações do EUDR (Regulamento da União Europeia sobre Produtos Livres de Desflorestação), cuja implementação foi adiada para o final de 2024.
“Tanto os países produtores quanto os consumidores finais enfrentam incertezas sobre como será a aplicação dessas novas regras”, observou Brasileiro. “Além disso, muitos grandes exportadores optaram por reter suas vendas em resposta aos preços baixos do mercado, contribuindo assim para os preços elevados atuais.”
Em meio ao pedido dos exportadores por melhorias nos levantamentos oficiais sobre a produção cafeeira, Brasileiro revelou que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, atendeu à solicitação dos representantes do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC) ao liberar R$ 30 milhões em fundos do Funcafé destinados à pesquisa e promoção do setor cafeeiro. Até agora, R$ 19 milhões foram disponibilizados para pesquisa e R$ 4,5 milhões adicionais estão em análise pelo Ministério da Agricultura durante uma reunião programada para o próximo dia 21.