Pesquisadores Propõem Nova Abordagem para o Diagnóstico da Obesidade

Pesquisadores propõem nova abordagem para diagnóstico da obesidade, criticando uso exclusivo do IMC e sugerindo métodos mais eficazes.

  • Data: 15/01/2025 00:01
  • Alterado: 15/01/2025 00:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress
Pesquisadores Propõem Nova Abordagem para o Diagnóstico da Obesidade

Crédito:Governo de SP

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Um grupo internacional de pesquisadores, incluindo especialistas brasileiros, está propondo uma revisão substancial no método de diagnóstico da obesidade. Segundo eles, o Índice de Massa Corporal (IMC) não deve ser considerado como a única referência para a definição desta condição, uma vez que essa métrica não mede diretamente a quantidade de gordura corporal, não reflete sua distribuição pelo organismo e não fornece informações detalhadas sobre a saúde individual dos pacientes.

A recomendação é que o IMC seja utilizado apenas como um indicador auxiliar de risco à saúde em análises populacionais, especialmente em estudos epidemiológicos ou triagens. Atualmente, indivíduos com IMC igual ou superior a 25 são classificados como com sobrepeso, enquanto aqueles com IMC igual ou acima de 30 são considerados obesos.

A nova abordagem sugerida pelos especialistas propõe a inclusão de métodos adicionais para avaliar o acúmulo de gordura e aspectos clínicos dos pacientes, além do IMC. Essa proposta foi formalizada em um artigo publicado na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, na última terça-feira (14).

A Comissão sobre Obesidade Clínica, que elaborou o artigo, conta com a participação de 58 profissionais de diversas áreas, como endocrinologia, medicina interna, cirurgia, biologia, nutrição e saúde pública. A discussão tem o respaldo de 75 organizações médicas ao redor do mundo.

Para aprimorar a avaliação da gordura corporal e sua distribuição, os especialistas recomendam a realização de pelo menos uma medição do tamanho corporal — como circunferência da cintura ou relação cintura-quadril — em conjunto com o IMC. Alternativamente, sugere-se que sejam feitas duas medições do tamanho corporal sem considerar o IMC ou ainda a medição direta da gordura corporal por técnicas como densitometria óssea ou Dexa. Para indivíduos com IMC extremamente elevado (acima de 40), presume-se a presença de adiposidade.

Além disso, os autores propõem um novo modelo diagnóstico para as doenças associadas à obesidade, dividido em duas categorias: obesidade pré-clínica e clínica. De acordo com Ricardo Cohen, coautor do estudo e chefe do Centro Especializado em Obesidade e Diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, essa reformulação é crucial para redefinir a obesidade como uma doença crônica e progressiva.

Cohen explica que a obesidade pré-clínica refere-se àquela fase onde não há sinais ou sintomas evidentes. Mesmo com um IMC elevado e excesso de gordura corporal, o paciente pode estar apenas apresentando um fator de risco. Essa distinção é vital para que as estratégias de tratamento sejam adequadas: enquanto pacientes com obesidade clínica necessitam de intervenções imediatas, aqueles na fase pré-clínica devem ser submetidos a medidas preventivas conforme seu nível de risco.

Os especialistas definiram 18 critérios diagnósticos para adultos e 13 para crianças e adolescentes. Cohen ressalta que essa nova metodologia pode ser aplicada globalmente, embora os fatores de risco possam variar conforme a região geográfica.

A Comissão global visa oferecer uma compreensão mais detalhada da experiência vivida por indivíduos com obesidade. Essa distinção é fundamental pois reconhece que nem todos os indivíduos com excesso de gordura corporal apresentam uma doença instalada no momento do diagnóstico; muitos estão em risco e necessitam de acompanhamento adequado.

Paulo Augusto Carvalho Miranda, coordenador da Comissão Internacional da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), destaca que integrar medidas antropométricas a uma análise clínica mais aprofundada torna o diagnóstico mais humanizado e facilita a implementação de melhores protocolos terapêuticos.

Cynthia Valério, diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), considera que essa nova abordagem representa um avanço significativo no tratamento da obesidade. Ela afirma que confiar exclusivamente no IMC é insuficiente e limita o acesso ao tratamento adequado.

O IMC foi criado pelo matemático belga Lambert Adolphe Quetelet em 1832 com o intuito inicial de compreender tendências populacionais relacionadas à altura e peso. Desde então, essa métrica se tornou padrão adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na década de 1970.

A fórmula para calcular o IMC consiste em dividir o peso pela altura ao quadrado. De acordo com as diretrizes da Abeso, as classificações são as seguintes:

  • Abaixo do normal: menor ou igual a 18,5 kg/m²
  • Normal: entre 18,6 e 24,9 kg/m²
  • Sobrepeso: de 25 a 29,9 kg/m²
  • Obesidade grau 1: 30 a 34,9 kg/m²
  • Obesidade grau 2: 35 a 39,9 kg/m²
  • Obesidade grau 3: maior ou igual a 40 kg/m²

Os critérios diagnósticos propostos abrangem diversos sinais clínicos para adultos e crianças/adolescentes relacionados à obesidade. Essa reavaliação promete revolucionar as estratégias de combate à obesidade globalmente.

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  • Data: 15/01/2025 12:01
  • Alterado:15/01/2025 00:01
  • Autor: redação
  • Fonte: Folhapress









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