Tarcísio e Bolsonaro: Divergências eleitorais e futuro incerto para 2026
Tarcísio e Bolsonaro: Divergências táticas nas eleições de 2024 revelam tensão e respeito entre líderes da direita em São Paulo.
- Data: 11/01/2025 00:01
- Alterado: 11/01/2025 00:01
- Autor: redação
- Fonte: Folhapress
O ex-presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
Crédito:Alan Santos/PR
Durante o período eleitoral de 2024, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, filiado ao Republicanos, e o ex-presidente Jair Bolsonaro, do PL, manifestaram publicamente opiniões divergentes a respeito das táticas eleitorais para a escolha do próximo prefeito da maior cidade do Brasil.
Apesar das diferenças evidentes nas estratégias políticas, fontes próximas aos dois líderes asseguram que tanto Bolsonaro quanto Tarcísio mantêm uma relação cordial e respeitosa, sem conflitos pessoais significativos ao longo de sua interação.
A vitória do governador nas eleições passadas em São Paulo, juntamente com sua ascensão como figura proeminente da direita, contrasta com a atual inelegibilidade de Bolsonaro, o que pode criar um dilema para as eleições presidenciais de 2026. Especialistas consultados pela Folha apontam Tarcísio como o principal candidato a suceder Bolsonaro na disputa pelo Palácio do Planalto.
A analista política Júlia Almeida comentou: “O resultado das eleições de 2024 foi desfavorável para Bolsonaro, pois suas candidaturas diretas não obtiveram sucesso e sua influência parece ter diminuído. Nesse cenário, Tarcísio emerge como o nome mais forte para uma possível candidatura presidencial”.
Embora Tarcísio tenha reiterado seu apoio ao ex-presidente, afirmando que se candidatará à reeleição em São Paulo e que Bolsonaro será o candidato à Presidência, analistas acreditam que esse alinhamento pode mudar dependendo do contexto político que se desenhar nos próximos anos.
Isabela Kalil, antropóloga e coordenadora do Observatório da Extrema Direita, destaca que as decisões futuras de Tarcísio dependerão dos desdobramentos legais envolvendo Bolsonaro. “Até as próximas eleições, é provável que ele mantenha uma postura ambígua. Contudo, se Bolsonaro representar um risco à imagem moderada de Tarcísio, este poderá optar por se distanciar”.
Em declarações anteriores, Tarcísio se posicionou claramente contra qualquer divisão no apoio a Bolsonaro. No entanto, durante a campanha eleitoral de 2024, ficou evidente que o governador se posicionou como um fator decisivo ao apoiar Ricardo Nunes (MDB) na corrida pela Prefeitura de São Paulo.
A relação entre os dois políticos sofreu tensões, especialmente quando Bolsonaro expressou resistência ao nome de Nunes e flertou com outras candidaturas. Entretanto, acabou sendo pressionado a apoiar a chapa liderada por Nunes e seu vice-prefeito escolhido foi Ricardo Mello Araújo (PL), coronel da reserva da Polícia Militar.
Em meio às dificuldades enfrentadas por Nunes nas pesquisas eleitorais, houve um momento em que Bolsonaro solicitou que Tarcísio se afastasse publicamente da campanha para evitar prejuízos à sua imagem.
Durante a campanha eleitoral anterior, Tarcísio também fez contato com Bolsonaro em resposta às declarações do pastor Silas Malafaia, que insinuou que o governador estaria tramando nos bastidores para garantir a inelegibilidade de Bolsonaro e lançar sua própria candidatura presidencial.
Bolsonaro reconheceu publicamente haver discordâncias entre ele e Tarcísio, mencionando as qualidades do governador enquanto criticava suas ações políticas consideradas inadequadas por ele. O ex-presidente fez essas observações em uma entrevista à Rádio Gaúcha após ver Tarcísio se reunir com o ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT), sinalizando um acordo sobre reforma tributária.
Fontes próximas ao governador têm enfatizado que embora existam diferenças ideológicas entre ele e Bolsonaro, a amizade entre os dois permanece intacta. Um exemplo disso é a hospitalidade oferecida por Tarcísio durante as visitas de Bolsonaro ao Palácio dos Bandeirantes.
No entanto, analistas consideram improvável uma candidatura presidencial de Tarcísio em 2026. Para muitos observadores políticos, existem fatores críticos em jogo: a viabilidade eleitoral e a capacidade de articular um amplo apoio entre as facções da direita e extrema direita. Uma eventual derrota poderia comprometer sua posição como governador. Além disso, as recentes indicações políticas de figuras como Kassab (PSD) e as pesquisas eleitorais atuais sugerem desafios significativos para uma candidatura ao Planalto em 2026.
A análise final da situação indica um cenário complexo para ambos os líderes políticos enquanto navegam pelas incertezas futuras do cenário político brasileiro.