Quatro cidades de SP declaram emergência em saúde pública por surto de dengue
Aumento alarmante de casos leva municípios a intensificar ações de combate ao mosquito transmissor da doença.
- Data: 08/01/2025 20:01
- Alterado: 08/01/2025 20:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: FOLHAPRESS
Crédito:Nuzeee/Pixabay
O surgimento alarmante de casos de dengue no final de 2024 e início de 2025 levou quatro municípios da região noroeste do Estado de São Paulo a declararem situação de emergência em saúde pública. As cidades afetadas são São José do Rio Preto, Potirendaba, Glicério e Tanabi.
A declaração de emergência, conforme diretrizes do Ministério da Saúde, possibilita a implementação imediata de medidas preventivas e de contenção para evitar surtos e epidemias. Glicério, com uma população de apenas 4.084 habitantes, apresentou a situação mais crítica, registrando até agora 50 casos confirmados da doença em 2025, uma taxa alarmante de um caso para cada 81 residentes, enquanto em 2024 foram contabilizados 83 casos.
Em resposta à emergência, a prefeitura de Glicério intensificou as ações de nebulização em todas as ruas e aumentou as visitas domiciliares realizadas por agentes da Vigilância Epidemiológica. O objetivo é eliminar criadouros do mosquito transmissor da dengue e conscientizar a população. No entanto, conforme relatado pela enfermeira Lidiani Perassol, muitos moradores têm se mostrado resistentes às visitas dos agentes, alegando que suas casas estão limpas.
Potirendaba, com cerca de 18 mil habitantes, também declarou estado de emergência, registrando seis casos positivos em janeiro e outros 11 em investigação. A cidade enfrentou um aumento significativo desde dezembro, com 382 casos confirmados. Em 2024, o total chegou a 1.509 casos, quase três vezes mais do que os 528 registrados em 2023, com duas mortes sob investigação.
Para combater a proliferação do mosquito, Potirendaba está promovendo mutirões de limpeza e vistorias em estabelecimentos como borracharias e oficinas. Pneus velhos estão sendo recolhidos e os reaproveitáveis recebem tratamento com larvicida.
Em Tanabi, com pouco mais de 25 mil habitantes, uma agente de saúde foi agredida durante uma vistoria em uma oficina mecânica. Segundo o boletim de ocorrência, a agressora não tinha relação com o local inspecionado. A cidade está ampliando as vistorias em residências e estabelecimentos comerciais, além de aplicar inseticidas nas ruas e abrir uma unidade de saúde nos finais de semana para atender pacientes com sintomas.
São José do Rio Preto, a maior cidade da região com cerca de 480 mil habitantes, enfrenta um aumento preocupante, com 25 casos registrados este ano e 7.084 notificações em dezembro, das quais 1.660 foram confirmadas. A UBS das áreas mais afetadas agora opera até as 22h, e um centro de hidratação foi inaugurado na UPA Jaguaré, recebendo novos leitos.
Rubem Bottas, secretário municipal de Saúde, destacou os esforços para fortalecer as UBSs e evitar sobrecarga nas UPAs. O centro de hidratação está monitorando a demanda para futuras necessidades.
A população tem expressado preocupações sobre a falta de conscientização e resistência às visitas dos agentes de endemias. Juliane Pires Domingos, moradora de São José do Rio Preto, que contraiu a doença recentemente, lamentou a falta de conscientização sobre os riscos entre aqueles que nunca passaram pela experiência.
De acordo com o painel da Secretaria Estadual da Saúde, foram registrados 215 casos confirmados, 369 prováveis e 154 sob investigação no estado até agora. Em 2024, o Brasil enfrentou uma epidemia significativa com mais de dois milhões de casos e cerca de dois mil óbitos.