Prisão em Brasília reacende debate sobre falhas de segurança
Caso destaca falhas no monitoramento de segurança, após interrupção do acesso da Abin às imagens da Esplanada dos Ministérios
- Data: 30/12/2024 13:12
- Alterado: 30/12/2024 13:12
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão
Crédito:Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
No último domingo, 29, a Polícia prendeu um homem suspeito de estar planejando ataques em Brasília, reabrindo o debate sobre a tragédia ocorrida em novembro, quando um atentado resultou na morte de um indivíduo em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Especialistas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirmam que o incidente poderia ter sido prevenido se a agência ainda tivesse acesso contínuo às imagens da Esplanada dos Ministérios, acesso este que foi interrompido em julho deste ano pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
O ataque de novembro não contou com a vigilância que poderia ter sido fornecida por esse monitoramento. Na ocasião, explosões foram registradas nas proximidades do STF e da Câmara dos Deputados. O autor do ataque, Francisco Wanderley, havia divulgado ameaças nas redes sociais antes de armazenar explosivos em seu veículo e alugar um apartamento na região do Distrito Federal. Seu carro circulava pela capital há aproximadamente quatro meses.
Desde o final do governo Bolsonaro, em 2022, a Abin tinha acesso a imagens em alta resolução da Esplanada dos Ministérios, uma área crucial situada nas proximidades da Praça dos Três Poderes. A implementação desse sistema de monitoramento exigiu a aprovação dos ministérios envolvidos.
Entretanto, em julho de 2024, a ABDI, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, decidiu cancelar o convênio que permitia à Abin a visualização das imagens. Essa decisão gerou descontentamento entre os servidores da agência de inteligência. Atualmente, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, que assumiu o controle do acesso às imagens após o término do convênio com a Abin, está sob investigação no STF por supostas falhas na atuação durante os eventos golpistas ocorridos em 8 de janeiro. Vale lembrar que a alta cúpula da segurança pública do DF foi detida no ano passado devido a esses acontecimentos.
Os servidores da Abin sustentam que a continuidade do acesso às imagens poderia ter proporcionado ao governo as condições necessárias para evitar que Francisco Wanderley detonasse explosivos em frente ao STF. Antes de se dirigir à Praça dos Três Poderes, ele passou por um anexo da Câmara dos Deputados, situado adjacente à Esplanada.
A ABDI informou que vem realizando testes com câmeras de vigilância avançada na Esplanada desde 2022 e continuará com este projeto junto à Secretaria de Segurança Pública do DF após o cancelamento do convênio anterior. A Abin não forneceu resposta quando consultada sobre o assunto.