Avenida 23 de Maio ganhará bosque para reduzir ilhas de calor
O Bosque do Canário, com 5 mil m² de área verde, é uma solução ecológica para a região da Bela Vista, contribuindo para a biodiversidade e a diminuição das ilhas de calor
- Data: 26/12/2024 11:12
- Alterado: 26/12/2024 11:12
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão
O projeto apresentado pela gestão municipal
Crédito:Divulgação/PMSP
A Avenida 23 de Maio, um dos principais corredores viários da cidade de São Paulo, está prestes a ganhar um novo espaço verde. A Secretaria Municipal das Subprefeituras está implementando o Bosque do Canário, localizado logo após o viaduto Doutor Manuel José Chaves, nas proximidades dos Arcos do Bixiga, na região da Bela Vista. As obras estão previstas para serem concluídas em janeiro.
Com uma extensão de aproximadamente 5 mil metros quadrados, o bosque será composto por árvores nativas da Mata Atlântica e do Cerrado, além de um jardim de chuva com 80 metros quadrados. Esta iniciativa se alinha às soluções baseadas na natureza (SbN), que utilizam princípios ecológicos para enfrentar problemas socioambientais urbanos, como enchentes e ilhas de calor.
Objetivo ecológico
O Bosque do Canário pretende atuar como um fragmento florestal que servirá de refúgio para a biodiversidade em uma área caracterizada pelo intenso tráfego e pela impermeabilização do solo. A primeira fase do plantio já foi iniciada, com mais de 40 árvores sendo colocadas na região. Atualmente, os trabalhos se concentram na instalação do jardim de chuva, que tem como função captar as águas pluviais provenientes das áreas mais elevadas.
Preservação da fauna
Embora o bosque não esteja destinado à visitação pública, essa decisão visa proteger as mudas e incentivar a chegada de fauna local, promovendo a formação da serrapilheira — camada rica em matéria orgânica que ajuda a manter a fertilidade do solo.
A gestão atual da Prefeitura, sob a liderança de Ricardo Nunes (MDB), enfrentou críticas recentemente por ações relacionadas ao corte de árvores em outros bairros como Vila Mariana e São Mateus. Em resposta às controvérsias, as obras que resultariam na redução da arborização foram interrompidas por determinação judicial.
Combate às ilhas de calor
A criação do Bosque do Canário também visa mitigar os efeitos das ilhas de calor provocadas pelo tráfego intenso e pela urbanização da Avenida 23 de Maio. Dados da plataforma UrbVerde, desenvolvida por pesquisadores da USP em colaboração com outras instituições acadêmicas, indicam que algumas áreas dessa via apresentam coeficientes elevados de ilhas de calor, variando entre 9 e 15.
A diminuição das temperaturas na região é uma das metas principais da Prefeitura com a criação deste novo bosque. A escolha do local também considera sua proximidade com o Bosque das Maritacas, situado a pouco mais de um quilômetro na Avenida do Estado com a Rua da Figueira. O objetivo é estabelecer um corredor biológico que conecte os bosques centrais aos localizados nas margens do Rio Tietê, na Cidade Tiradentes.
Espécies nativas
Além disso, ao introduzir espécies nativas nos plantios do Bosque do Canário, espera-se facilitar a dispersão natural de sementes pelos pássaros, permitindo que essas árvores voltem a ocupar os espaços urbanos que outrora dominavam.