Dengue em São Paulo: Casos e mortes atingem recordes em 2024
Previsão para o ano de 2025 é de aumento
- Data: 23/12/2024 07:12
- Alterado: 23/12/2024 07:12
- Autor: Redação
- Fonte: G1
Crédito:Divulgação/Fiocruz
A dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, apresenta um cenário alarmante em São Paulo e no Brasil, com números de casos e óbitos atingindo níveis recordes em 2024. Segundo Ralcyon Teixeira, infectologista do Hospital Emílio Ribas, a combinação de fatores como o ciclo natural das doenças virais, a diversidade de cepas do vírus da dengue e as condições climáticas têm contribuído para este aumento significativo.
Em 2024, o estado de São Paulo registrou mais de 2 milhões de casos confirmados da doença e cerca de 2 mil mortes, conforme dados da Secretaria Estadual da Saúde (SES). Estes números são os mais altos desde o início do monitoramento em 2000. O especialista alerta que as previsões para 2025 não são otimistas, indicando a possibilidade de um novo aumento nos casos.
“As curvas de casos permanecem em um patamar elevado, mesmo após o período do inverno”, explica Teixeira. Ele observa que a expectativa inicial era por uma diminuição no número de infecções, mas a realidade mostrou-se diferente. Essa análise é realizada anualmente pelos especialistas para prever tendências futuras.
No Brasil, a situação não é única de São Paulo. Em todo o país, houve um crescimento acentuado no número de casos e óbitos relacionados à dengue. Até meados de dezembro, o Brasil contabilizava mais de 6 milhões de casos confirmados e aproximadamente 5 mil mortes.
Os motivos que levam a essa escalada na incidência da dengue incluem:
- Ciclo Cíclico do Vírus: Teixeira ressalta que doenças virais como a dengue apresentam padrões cíclicos, com picos de infecção ocorrendo a cada cinco anos. Esse fenômeno contribuiu para os altos números registrados em 2024.
- Diversidade Viral: Existem quatro tipos do vírus da dengue (Denv-1, Denv-2, Denv-3 e Denv-4) circulando no Brasil. Uma pessoa já infectada por um tipo pode contrair os outros três ao longo da vida. Em São Paulo, a presença dos vírus Denv-1 e Denv-2 está associada ao aumento dos casos.
- Condições Climáticas: Estudo da Universidade de Campinas (Unicamp) indica que as altas temperaturas resultantes do aquecimento global favorecem a proliferação do mosquito transmissor da dengue. A combinação com chuvas intensas também agrava o problema. A situação climática foi exacerbada pelo fenômeno El Niño no início do ano, contribuindo para o aumento significativo nos registros.
A falha nas políticas públicas também é um fator que agrava o quadro da dengue no país. Especialistas apontam que as campanhas educativas não estão alcançando resultados satisfatórios. O virologista William M. de Souza critica a ineficácia das comunicações sobre doenças infecciosas e destaca que ações mais efetivas precisam ser implementadas para mitigar o impacto da dengue.
Na capital paulista, até meados de dezembro, foram registrados 621.457 casos e 435 óbitos pela doença. Todos os bairros enfrentaram epidemias e houve um reconhecimento por parte do prefeito Ricardo Nunes sobre a duração inesperadamente longa dos altos índices da doença. As autoridades locais têm se esforçado para intensificar as ações de combate à dengue.
A vacinação contra a dengue também enfrenta desafios significativos na cidade e no estado, com baixas taxas de cobertura vacinal entre crianças e adolescentes. Apesar das iniciativas em andamento, apenas uma fração desse público-alvo recebeu as doses necessárias para proteção.
Para combater a dengue efetivamente em 2025, medidas como intensificação do monitoramento dos criadouros do mosquito e capacitação dos profissionais de saúde são essenciais. A SES planeja continuar suas ações proativas em vigilância e controle da doença ao longo do próximo ano.
A situação exige uma resposta coordenada entre as esferas pública e privada para enfrentar esse desafio crescente. Somente através da conscientização e implementação eficaz das estratégias será possível conter a disseminação da dengue e proteger a saúde da população.