Diadema leva reflexão sobre negritude a agentes de saúde
Bate-papos são parte da Kizomba – Festa da Raça e reforça o mês da Consciência Negra com quem trabalha diretamente com esta população
- Data: 27/11/2024 16:11
- Alterado: 27/11/2024 16:11
- Autor: Redação
- Fonte: PMD
Bate-papos são parte da Kizomba – Festa da Raça
Crédito:Dino Santos
Nas últimas semanas, várias rodas de conversa foram realizadas com profissionais de saúde das UBS, principalmente os agentes comunitários de saúde, e os moradores dos territórios sobre a história da escravidão, dos movimentos formadores dos quilombos e da diáspora Banto pelo Brasil – e como isso contribuiu na formação de nossa sociedade, principalmente no que se refere ao racismo e a como combatê-lo.
Essa atividade foi proposta pelo Comitê Técnico de Combate ao Racismo na Saúde para sensibilizar esses trabalhadores e executado com apoio das Coordenadorias de Promoção de Políticas de Igualdade Racial e das Mulheres. “É importante trazer o que é discutido no comitê aqui para a ponta, para quem lida no dia a dia com a população,” afirmou o griô Wilson Levi, membro do comitê.
Foi debatida, por exemplo, a dificuldade de preencher o quesito ‘cor’ em fichas e questionários, com pessoas nitidamente negras que não se identificam como tais. “Essa negação de nós mesmos, de nossa identidade, vem exatamente do racismo,” explicou Levi. “Historicamente, muitos anúncios de emprego com exigência de ‘boa aparência’ eram na verdade a face mal disfarçada dessas práticas racistas.”
“Eu não tenho culpa de ter nascido preta”
Na troca franca de palavras, os temas variavam desde a origem da palavra Kizomba e a importância dessa região do oeste da África para o povo preto brasileiro até o impacto dessas vivências na arte, na música e na cultura. Participantes também contribuíram com relatos sobre situações de preconceito vividas por cada um. “Eu não tenho culpa de ter nascido preta, mas parece que o mercado de trabalho nos pune por isso,” disse uma agente de saúde.
“Novembro é o mês dedicado à população negra. E nós mulheres vivemos uma situação de exclusão permanente,” lamentou a coordenadora da Coordenadoria de Políticas para as Mulheres (CPPM), Sheila Onório. “O mais importante, ao comemorar essa data, é chamar a atenção da sociedade e do Poder Público. Essa invisibilidade e a falta de políticas voltadas para esse grupo precisam ser discutidas. Todas as estatísticas apontam a mulher negra em situação de vulnerabilidade, mas quando se trata de inferioridade e exclusão, estamos sempre no topo.”
Essa atividade foi levada às 20 UBS da cidade, ao longo do mês de novembro.
Veja a programação completa da Kizomba AQUI.