Uso da cannabis medicinal cresce no Brasil
Mais de 672 mil pacientes já adotaram tratamento alternativo em busca de melhor qualidade de vida
- Data: 27/11/2024 12:11
- Alterado: 27/11/2024 12:11
- Autor: Redação
- Fonte: Agência Brasil
Cannabis
Crédito:Arquivo pessoal - Fábio Carvalho
Neste ano, o Brasil alcançou um marco significativo no campo da cannabis medicinal, com 672 mil pacientes recorrendo a essa alternativa terapêutica, conforme revelado pelo anuário da Kaya Mind, divulgado nesta terça-feira (26). Este número representa um aumento de 56% em relação ao ano anterior, demonstrando a crescente adesão a tratamentos à base de cannabis.
O setor gerou uma movimentação financeira de R$ 853 milhões, evidenciando sua importância econômica. Os dados também indicam que aproximadamente 80% dos municípios brasileiros já têm pacientes utilizando produtos de cannabis medicinal. De acordo com Maria Eugenia Riscala, CEO da Kaya, que administra a Kaya Mind, existem mais de 2.180 produtos disponíveis no mercado, oferecendo uma ampla gama de opções para diferentes necessidades médicas. “A integração da cannabis medicinal na rotina dos tratamentos no Brasil é cada vez mais notável”, afirma Riscala.
O crescimento do mercado é notório quando comparado ao faturamento de R$ 699 milhões registrado no ano anterior e aos modestos R$ 144 milhões de 2021. A expectativa é que esse valor atinja a marca de R$ 1 bilhão até 2025.
Thiago Cardoso, chefe de Inteligência e sócio da Kaya, destaca que avanços regulatórios, como decisões favoráveis do Supremo Tribunal Federal sobre o cultivo da planta para fins medicinais, têm colocado o Brasil em destaque no cenário global. Este ano, 413 empresas estrangeiras exportaram produtos para o país, ampliando a diversidade disponível no mercado local. “Esses desenvolvimentos possibilitam que mais pacientes tenham acesso a soluções terapêuticas adequadas e posicionam o Brasil como um mercado inovador e competitivo”, observa Cardoso.
Contudo, a presença física dos produtos nas prateleiras ainda enfrenta desafios devido à legalização. Quase metade dos pacientes (47%) precisa importar os produtos mediante prescrição médica. As farmácias e associações locais atendem aos outros pacientes, desempenhando um papel crucial especialmente para aqueles com dificuldades financeiras.
Jonadabe Oliveira da Silva, vice-presidente da TO Ananda, uma associação no Tocantins dedicada ao suporte a usuários de cannabis medicinal e suas famílias, observa uma mudança de perspectiva mesmo entre os mais conservadores. “As pessoas estão superando preconceitos ao verem a eficácia do tratamento”, diz Silva.
A TO Ananda surgiu a partir da experiência pessoal da atual presidente com o óleo de cannabis após abandonar analgésicos fortes. A associação tem parcerias com entidades como a Defensoria Pública e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e planeja expandir suas colaborações com laboratórios e instituições privadas no próximo ano. Jonadabe compartilha seu próprio processo de transição profissional impulsionado por sua atuação na entidade: “Sou cabeleireiro, mas estou me especializando em cultivo e no mercado de cannabis”, conclui.