“O mundo inteiro está com olhos voltados para o Brasil”, diz Paulo Pimenta sobre o G20
Mais de 20 mil pessoas participaram do G20 Social, destacou o ministro da Secretaria de Comunicação Social no programa Giro Social, neste sábado (16).
- Data: 16/11/2024 14:11
- Alterado: 16/11/2024 14:11
- Autor: redação
- Fonte: Assessoria
Crédito:Divulgação / CRIA G20
Em entrevista ao programa “Giro Social”, neste sábado, 16 de novembro, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom PR), Paulo Pimenta, apresentou um balanço do G20 Social e detalhou os temas prioritários do Governo Federal no G20 — principal fórum de cooperação econômica internacional.
“Hoje, estamos encerrando essa primeira etapa, que é a etapa do G20 Social, que superou todas as expectativas. Havia uma expectativa de que nós pudéssemos ter 5 mil pessoas inscritas. Em determinados momentos, nós tivemos mais de 15 mil pessoas inscritas. E mais de 20 mil pessoas passaram pelas catracas de entrada, sucesso total. Agora, ainda é cedo, meio chuvoso aqui no Rio de Janeiro, e muita gente chegando. O que mostra que o dia de hoje também, com a presença do presidente Lula, vai ser um grande sucesso”, ressaltou o ministro no início da conversa.
Paulo Pimenta explicou que as demandas da sociedade civil apresentadas no G20 Social — que ocorre desde quinta-feira (14) e fecha os trabalhos neste sábado (16) — estão consolidadas em um documento que será apresentado ao presidente Lula e aos demais chefes de Estado, durante a Cúpula de Líderes do G20, na segunda e terça-feira (18 e 19), também na capital fluminense. “Temos confirmada a presença dos principais líderes políticos do mundo que começam a chegar no Brasil a partir de amanhã. É o presidente dos Estados Unidos, é o presidente da China, é o presidente da França, é o primeiro-ministro do Reino Unido, são os grandes líderes do mundo árabe”, disse.
O ministro também destacou a elevada presença de profissionais de imprensa nos eventos relacionados ao G20 e a repercussão que os temas debatidos no fórum terão a nível mundial. “São mais de 2.500 profissionais de imprensa do mundo inteiro já cadastrados para a Cúpula. Quase mil profissionais de imprensa fazendo aqui a cobertura do G20 Social. O mundo inteiro, hoje, está com seus olhos voltados para o Brasil. E esse momento da Cúpula vai ser o momento em que o planeta vai olhar para o Brasil e vai enxergar nesse encontro o debate acerca das principais pautas que dizem respeito ao futuro da humanidade”, afirmou.
Apresentado por Karine Melo, jornalista e apresentadora da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), o Giro Social contou com a participação de jornalistas convidados.
Acompanhe os principais pontos da entrevista com o ministro Paulo Pimenta:
CONTRIBUIÇÃO SOCIAL — Nós vamos ter a oportunidade de receber e o Brasil liderar esse encontro, que já é histórico. Por que ele é histórico? Em primeiro lugar, é a primeira vez que ocorre um G20 social. É a primeira vez que antecede a reunião da Cúpula [de líderes do G20] um encontro dessa natureza. Um encontro que permite que a sociedade civil interaja com a pauta da Cúpula e que as contribuições desses debates que estão ocorrendo vão chegar até a mesa principal da Cúpula. Discutindo os temas do G20, que são o combate à fome, uma nova governança mundial, a transição energética e a questão que envolve a taxação dos super-ricos. Esse é um debate totalmente colocado para que a gente busque formas de financiamento das políticas de combate à fome, a criação da Aliança Global contra a Fome. Então, já é um legado do G20 no Brasil.
PROTAGONISMO GLOBAL — Agora, nós recuperamos esse protagonismo, esse prestígio, presidindo o G20. Vamos presidir os BRICS a partir do ano que vem e vamos sediar a COP30 lá na Amazônia, em Belém do Pará. Então o Brasil voltou com muita força. Isso significa abertura de novos mercados, significa fortalecer a nossa economia e isso significa gerar empregos, criar oportunidades, distribuir renda e melhorar a vida do nosso povo.
REFORMA DA GOVERNANÇA — O Conselho de Segurança da ONU é fruto do final da Segunda Guerra Mundial. Então, ele revela um pouco daquilo que era o mundo na década de 40 e na década de 50 do século passado. Agora, é possível imaginar hoje o mundo sem que em um fórum de relevância internacional como esse não tenha nenhum país da África, não tenha nenhum país da América do Sul? Evidente que não. Isso também diz respeito aos mecanismos de financiamento internacional que hoje estão ligados a esses fóruns de governança mundial. Nós temos um mundo cada vez mais com a riqueza concentrada e cada vez mais regiões inteiras do planeta convivendo com a fome, com a miséria e com a injustiça. Então, esse é um debate que hoje está colocado. Praticamente todos os países do mundo estão a exigir uma revisão disto que foi uma espécie de acordo do pós-segunda guerra mundial.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS — Eu sou do Rio Grande do Sul, você sabe o que nós temos vivido no Rio Grande do Sul nos últimos anos, especialmente no último ano. Nós acompanhamos o tema que aconteceu na seca da região amazônica, que pelo segundo ano consecutivo nós estamos com uma situação dramática das mais graves das últimas décadas. Nós acompanhamos, há poucos dias, o que aconteceu na Espanha, na região de Valência. E nós estamos acompanhando uma situação totalmente inusitada que ocorre na África, no deserto Saara. Chovendo no deserto Saara, como há muito tempo não chovia. Isso mostra o avanço desse desequilíbrio. O aumento da temperatura global, o aumento da temperatura dos oceanos, não é mais um tema de natureza acadêmica, não é mais uma hipótese futura, ela é uma realidade presente, que diz respeito à vida de todas as pessoas.
DESINFORMAÇÃO — Cada vez mais os fóruns internacionais introduzem na sua pauta o tema da integridade da informação e da regulação das chamadas Big Techs. Nos últimos fóruns internacionais, em praticamente todos eles, essa matéria esteve presente. Mas, provavelmente, pela primeira vez, nós teremos no documento final do G20 esse tema sendo tratado da forma como será tratado aqui no Brasil. Nos encontros preparatórios que nós realizamos, esta foi uma das matérias muito debatidas. E existe uma grande parte de países já declarando que são signatários de uma iniciativa que caminha, inclusive, no sentido de a gente criar uma agenda de combate à desinformação sobre um dos temas do G20, que é a questão climática. Se a desinformação corrói a democracia, ela corrói as instituições de uma forma geral, existem alguns temas em particular em que ela é mais deletéria, como é a questão da saúde, nas campanhas contra as vacinas, como é nas questões de violência, na questão da xenofobia, do racismo, da homofobia e na questão climática.
COMBATE ÀS FAKE NEWS — Aqui, nós podemos dar um salto no sentido de criar uma política, um fundo que tenha por finalidade tratar especificamente da integridade da informação na questão climática. É um dos aspectos hoje mais vulneráveis à circulação da desinformação e que tem no Brasil hoje um dos principais protagonistas que propõe, que defende, que constrói alternativas para que a sociedade de uma forma geral fique mais protegida e encontre mecanismos para estudar, para desenvolver políticas públicas, para pensar na educação midiática, para haver formas de produção de conteúdo para se contrapor a tudo isso que a gente está falando aqui como desinformação, fake news, e que são, sem dúvida alguma, aspectos muito importantes para que a gente possa discutir a questão da democracia e a questão das redes hoje em todo o mundo.
FINANCIAMENTO PARA PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO — Eu acredito que esse também será um dos legados do G20 no Brasil. E nós poderemos ter, pela primeira vez, na resolução da cúpula do G20, a introdução desse tema. O ministro Fernando Haddad tem coordenado todo esse trabalho. Ao longo dos últimos meses, foram inúmeras agendas realizadas com este objetivo e eu não vejo outra forma de financiar políticas públicas de combate à fome, à desigualdade no mundo e também com relação à questão das mudanças climáticas, sem que aqueles que mais ganharam com isso, sem que os países mais ricos possam, de alguma forma, pagar a maior parte dessa compra. Então, eu acho que esse é o caminho e é nessa direção que nós devemos avançar.
ALIANÇA GLOBAL — A Aliança Global contra a Fome já é uma realidade, e ela é fruto da presidência do Brasil no G20 e dessas iniciativas que têm sido adotadas por nós. O presidente Lula nunca escondeu de ninguém que a sua grande prioridade sempre foi a política de combate à fome, especialmente políticas públicas que possam ser voltadas às populações mais vulneráveis do nosso país e de todo o planeta. O Brasil hoje está aqui presidindo o G20. Logo em seguida vai assumir a presidência do BRICS e também vai ter a oportunidade de presidir a COP30 no coração da Amazônia. Essa vai ser uma marca da gestão do presidente Lula em qualquer espaço que ele tiver. Tenho certeza que nós vamos ser exitosos e que o Brasil terá como legado do nosso G20 a criação dessa aliança global de combate à fome.