Acima da média nacional: 72,02% dos paulistanos estão obesos ou com sobrepeso
11 de outubro, Dia Nacional da Prevenção à Obesidade, alerta para os riscos dessa doença crônica, que dá origem a outros diversos problemas severos de saúde
- Data: 15/10/2024 08:10
- Alterado: 15/10/2024 08:10
- Autor: Redação
- Fonte: Assessoria
Obesidade infantil
Crédito:Marcello Casal Jr - Agência Brasil
Quase meio milhão de adultos que passaram pelos programas de atenção primária à saúde do SUS, na capital São Paulo, estão com sobrepeso ou obesos. Os dados são do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde, entre janeiro e julho de 2024. São 435.829 pessoas, que corresponde a 70,02% das pessoas registradas no Sisvan. Comparando isso de forma percentual à população da capital, que está em 11,4 milhões de pessoas (IBGE 2022), é possível entender que quase 8 milhões de paulistanos podem estar obesos ou com sobrepeso.
O Sisvan coleta dados de pessoas que passaram pelas unidades básicas de saúde e tiveram seus dados nutricionais cadastrados. De janeiro a julho deste ano, os dados de São Paulo mostram:
- 204.230 pessoas estão com sobrepeso (33.75%)
- 137.296 com obesidade grau I (22,69%)
- 59.553 com obesidade grau II (9,84%)
- 34.750 com obesidade grau III (5,74%)
No caso da capital, São Paulo, a soma de obesos e com sobrepeso (70,02%) é acima da média nacional: 68,77%. A classificação entre obeso e sobrepeso é feita conforme o Índice de Massa Corporal (IMC) do paciente, que relaciona dados de peso e altura. A pessoa com sobrepeso está com IMC entre 25 e 29,9Kg/m2. As com grau I de obesidade estão com IMC entre 30 e 34,9 Kg/m2. A obesidade grau II o IMC é entre 35 e 39,9Kg. Já os pacientes que apresentam IMC maior do que 40 Kg/m2 estão em obesidade grau III (obesidade mórbida).
Em contrapartida, o tratamento cirúrgico da obesidade, indicado para pacientes com obesidade nos graus I, II e III, foi realizado continua pouco acessível no estado, especialmente para pacientes que dependem do SUS. Isso porque, em 2024, São Paulo realizou apenas 1.088 cirurgias bariátricas de janeiro a julho deste ano pelo SUS, segundo dados do DATASUS. No mesmo período de 2023, o estado realizou 785 cirurgias, e um total de 1440 no ano todo. Já os dados da Secretaria de Estado da Saúde não são públicos.
Os dados revelam que a quantidade de cirurgias realizadas não supre a demanda, visto que só na capital, São Paulo, aproximadamente 654 mil pessoas estão em obesidade grau III e possuem direito à bariátrica. Há ainda outras 1,1 milhão de pessoas com obesidade grau II na capital, das quais boa parte pode apresentar comorbidades e também ter direito à bariátrica pelo SUS.
Conforme os critérios do Conselho Federal de Medicina (CFM), pessoas com obesidade IMC 35 podem fazer cirurgia, desde que possuam comorbidades com alto risco cardiovascular, diabetes, hipertensão arterial de difícil controle, apneia do sono, doenças articulares degenerativas ou outras que não tenham tido sucesso no tratamento clínico, seguindo todo o protocolo. Já com obesidade grau III são elegíveis direto para a cirurgia bariátrica, com ou sem comorbidades.
Riscos da obesidade
O cirurgião bariátrico Tiago Szego, do Instituto Cigo, especializado no tratamento da obesidade, conta que o excesso de peso não está relacionado à estética. “Estamos falando de uma doença crônica que traz problemas nas articulações, hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, problemas renais, hepáticos e diversos tipos de câncer”, ressalta, em São Paulo.
Diante da situação epidêmica da obesidade no mundo, aconselha ele, é preciso olhar urgente para o problema e tratá-lo de forma eficaz.
O tratamento da obesidade geralmente começa com a tentativa de dietas – o que muitas pessoas fazem sem acompanhamento – e atividade física. No entanto, quando a obesidade atinge níveis altos e se agrava, os pacientes passam por tratamento com remédio. “Estas etapas, muitas vezes, são sem sucesso porque o paciente obeso muitas vezes sente compulsão por comida, o que exige também o tratamento psicológico”, completa. Não obtendo resultados e constatando a evolução no quadro de obesidade, o paciente – já com consequências avançadas, busca a cirurgia bariátrica.
“É preciso reforçar que a bariátrica não deve ser a última opção e também não é o caminho mais fácil. Os resultados são muito eficazes e rápidos, mas exigem total adesão do paciente, no que se refere ao acompanhamento nutricional, psicológico e físico”, alerta Tiago Szego.
Ele reforça que a redução da obesidade, interfere positivamente com a economia e melhoria da qualidade de vida da população. “Possibilita menos atendimentos no sistema público de saúde, menores índices de afastamento do trabalho e mais longevidade para a população”, alerta Szego, que possui uma equipe multidisciplinar no Instituto Cigo para acompanhamento dos pacientes antes e depois da cirurgia bariátrica.
Szego ainda realiza reuniões semanais, abertas ao público, para levar informação de qualidade sobre obesidade, suas consequências e tratamentos e esclarecimentos sobre a cirurgia bariátrica. Saiba mais sobre o trabalho do Instituto Cigo no Instagram.
Dados Nacionais
No Brasil, apenas 0,97% dos brasileiros elegíveis para a cirurgia bariátrica (obesos graus II e III) conseguiram realizar o procedimento, entre 2022 e 2023, pelo SUS ou no privado. De acordo com o SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) – sistema de informações que tem como objetivo principal promover informação contínua sobre as condições nutricionais da população e os fatores que as influenciam – apontam que 8.239.871 milhões de pessoas teriam indicação de cirurgia no ano de 2023.
O levantamento exclusivo, realizado pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), comparou o número de brasileiros com obesidade em seus níveis mais preocupantes (1, 2 e 3) com o volume de cirurgias realizadas pelos planos de saúde, somados aos procedimentos realizados pelo sistema público (SUS). O levantamento foi realizado em decorrência do Dia Nacional de Prevenção da Obesidade – 11 de outubro.
Ao todo foram feitas 80.441 cirurgias, sendo 7.570 cirurgias pelo SUS, conforme DATASUS, 3.830 cirurgias particulares e outras 69.041 cirurgias pelos planos de saúde, segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Em 2023, o volume de cirurgias realizadas pela ANS foi apenas 3,8% maior, se comparado com 2022, quando foram feitas 65.256 cirurgias bariátricas.