Especialista aborda adaptação de pessoas com síndrome de Down no ambiente corporativo

Atender às necessidades específicas desses colaboradores é essencial para inserção no dia a dia das empresas - que também se beneficiam com um ambiente inclusivo, estímulo de criatividade e equipes melhores preparadas para enfrentar diferenças

  • Data: 18/09/2024 18:09
  • Alterado: 18/09/2024 18:09
  • Autor: Redação
  • Fonte: Assessoria
Especialista aborda adaptação de pessoas com síndrome de Down no ambiente corporativo

Jamile Rosa, cuidadora da beleza, no seu local de trabalho

Crédito:Divulgação

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Segundo dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), do Governo Federal, entre 2020 e 2021 nasceram no Brasil 1.978 crianças com síndrome de Down – o que resulta em uma média de 4 a cada 10 mil nascidos vivos no país. Já o censo de 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que são quase 300 mil pessoas com essa condição genética.

A partir desses dados, o IBGE também trouxe um indicador pouco favorável para pessoas com síndrome de Down: à época, apenas 5,3% delas trabalhavam. “Apesar das ferramentas jurídicas que garantem a presença dessas pessoas no mercado de trabalho, como a lei de cotas, por exemplo, ainda há muito a se fazer para se cumprir a legislação efetivamente. No entanto, estar inserido em uma empresa é apenas um dos vários desafios que são enfrentados pelas pessoas com síndrome de Down no dia a dia do trabalho”, comenta Débora Goldzveig, gerente institucional  do Instituto Serendipidade, entidade que dá suporte gratuito a pessoas com deficiência e suas famílias.

Para promover uma inclusão efetiva e valorizar as habilidades dessas pessoas, é fundamental compreender e atender às suas necessidades específicas. Pessoas com síndrome de Down têm capacidades e talentos que podem ser desenvolvidos e aproveitados no ambiente de trabalho. Débora destaca que, para isso, é essencial proporcionar um ambiente que ofereça os estímulos necessários para o desenvolvimento dessas habilidades. “Oferecer capacitação adaptada, que respeite o ritmo de aprendizado e que enfatize o reforço positivo; garantir a presença de mentores ou supervisores capacitados para oferecer orientação e suporte, auxiliando na adaptação e resolução de problemas e identificar e valorizar as competências específicas de cada indivíduo, promovendo tarefas que estejam alinhadas com suas habilidades e interesses são alguns exemplos do que se deve fazer para inserir trabalhadores com Down na rotina da empresa”, explica.

Foi por esse processo que a Jamile Rosa, de 29 anos, passou para ingressar na profissão que ela chama de cuidadora de beleza. A síndrome de Down não foi empecilho para que a jovem se especializasse como auxiliar de cabeleireiro, maquiadora, massagista, além de também ser atriz e modelo. “As pessoas precisam incentivar a autonomia de quem tem síndrome de Down. Como para qualquer um, o trabalho também deve vir em primeiro lugar na lista de responsabilidades e foi graças a esse incentivo que eu cheguei até aqui, passando por diversos setores dentro do salão de beleza onde trabalho”, relata.

A comunicação é outro aspecto que faz toda a diferença no sucesso da inclusão de pessoas com essa condição no ambiente de trabalho. Uma comunicação clara e direta, que não precisa ser necessariamente verbal, ajuda a reduzir mal-entendidos e facilita a compreensão das tarefas e expectativas. O uso de recursos visuais, como imagens e diagramas, além de músicas ou mesmo gestos, pode ajudar na compreensão das atividades atribuídas ao colaborador com deficiência. 

Luiza Suaide - Síndrome de Down
Luiza Suaide trabalha em uma hamburgueria no atendimento ao público e também no departamento de marketing
(Divulgação)

Uma característica importante a ser considerada é o tempo de realização das tarefas por pessoas com síndrome de Down. Esse tempo pode variar e é essencial que as empresas compreendam e respeitem essa diferença com paciência e flexibilidade, reconhecendo o esforço e o progresso desse processo contínuo de desenvolvimento e crescimento. Deise Campos, coordenadora do Projeto Laços e mãe de Guilherme Campos, formado em gastronomia e atuante na área,  destaca que o importante é que haja estímulo, desafios e reconhecimento do trabalho, exatamente o que qualquer colaborador precisa, com um plano de carreira estruturado e remuneração condizente com a função.

“Acima de tudo, é preciso reconhecer o valor e o potencial que pessoas com síndrome de Down e outras deficiências, de maneira geral, trazem para as organizações. Empresas que abraçam essa diversidade têm a oportunidade de se beneficiar de novas perspectivas, de maior criatividade e um ambiente de trabalho mais humano e acolhedor”, finaliza.

É esse nível de inclusão que Ian Pereira, de 28 anos, que tem síndrome de Down, sente no seu ambiente de trabalho. Ator por formação, ele entende o quanto sua condição não determina seu desempenho. “Me sinto visto e querido pelos meus professores e colegas. Eles me ensinam, me desafiam, sabem quem sou”, afirma. Luiza Suaide, de 25 anos, trabalha numa hamburgueria tanto na área de atendimento a clientes quanto no setor de marketing digital e está satisfeita com sua rotina no trabalho. “Adoro trabalhar. Meus colegas me adoram, eu tenho respeito com eles. O ambiente é muito bom e trabalho com tranquilidade, demonstro carinho com os clientes. Eu gosto muito”, diz.

Sobre o instituto

O Instituto Serendipidade é uma organização sem fins lucrativos que potencializa a inclusão de pessoas com deficiência, com propósito de transformar a sociedade através da inclusão. Visa ser impulsor de impacto social relevante, colaborativo e inovador, sempre prezando pela representatividade, protagonismo, de forma transversal e acima de tudo, com muito respeito. As iniciativas que atendem diretamente o público são: Programa de Iniciação Esportiva para crianças com síndrome de Down e deficiência intelectual, de famílias de baixa renda; Programa de Envelhecimento que atende mais de 60 idosos com algum tipo de deficiência intelectual para promoção do bem-estar, e o Projeto Laços, que acolhe famílias que recebem a notícia de que seu filho (a) tem algum tipo de deficiência. Atualmente o Serendipidade impacta mais de um milhão de pessoas, criando pontes, gerando valor em prol da Inclusão e através do atendimento direto a pessoas com deficiência intelectual e suas famílias.

Mais informações em www.serendipidade.org.br E nas mídias sociais @institutoserendipidade

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  • Data: 18/09/2024 06:09
  • Alterado:18/09/2024 18:09
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