Ministro confirma saída de diretor da Conab após problemas com leilão do arroz
Paulo Teixeira diz que exoneração de Thiago dos Santos será encaminhada hoje pelo conselho de administração do órgão de abastecimento
- Data: 25/06/2024 12:06
- Alterado: 25/06/2024 12:06
- Autor: Redação
- Fonte: Renato Machado/Folhapress
Conab
Crédito:Reprodução
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, confirmou nesta terça-feira (25) o pedido de exoneração do diretor da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) Thiago Santos, após a polêmica envolvendo o leilão do arroz, suspenso por suspeitas de irregularidades.
Teixeira disse que a substituição deve ser efetivada ainda nesta terça-feira pelo conselho de administração da Conab.
“Isso já está resolvido [a exoneração do diretor]. O governo já resolveu isso. O próprio conselho hoje vai encaminhar”, afirmou brevemente o ministro ao chegar ao Palácio do Planalto, após ser questionado sobre a exoneração.
Thiago José dos Santos é atualmente o diretor-executivo de Operações e Abastecimento da Conab. Sua diretoria é a responsável pela operacionalização dos leilões promovidas pela companhia.
Indicado para o cargo, ele já foi assessor de Neri Geller, ex-secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, também demitido após os problemas no leilão do arroz.
Questionado sobre o novo leilão do arroz, Paulo Teixeira apenas brincou: “Arroz é para o almoço”.
Há duas semanas, o governo do presidente Lula (PT) informou que iria anular o leilão de importação de arroz feito neste mês, após indícios de falta de capacidade técnica e irregularidades. Uma nova concorrência para a aquisição será aberta.
O anúncio foi feito na ocasião pelos ministros Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira e pelo presidente da Conab, Edegar Pretto.
Fávaro também anunciou que recebeu e aceitou o pedido de demissão do secretário de Política Agrícola, Neri Geller. O secretário vinha passando por um processo de desgaste após a divulgação de que um ex-assessor havia intermediado quase metade da venda do arroz importado no leilão promovido pela Conab.
Reportagem do site especializado The Agribiz mostrou que a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso (BMT) e a Foco Corretora de Grãos, criadas no ano passado por Robson Luiz de Almeida França, ex-assessor do então deputado federal Neri Geller, intermediaram a venda de quase metade do arroz importado que foi vendido no leilão da Conab.
O filho de Neri Geller, Marcelo Piccini Geller, é sócio em outro empreendimento de Robson Luiz de Almeida França.
A entrevista dos ministros aconteceu logo após um encontro com o presidente Lula, que chancelou as decisões. O leilão para a importação de arroz havia sido uma iniciativa para amenizar uma potencial alta nos preços do grão, em virtude da calamidade climática no Rio Grande do Sul.
Como a Folha mostrou, das quatro empresas que venceram o leilão de arroz do governo federal, a maior vendedora é dona de um estabelecimento em Macapá (Amapá) que tem como atividade principal a venda de leite e laticínios.
Outra é de um empresário de Brasília que disse à Justiça ter pago propina para conseguir um contrato com a Secretaria de Transportes do Distrito Federal (DF). No total, o governo comprou 263,3 mil toneladas de arroz importado, por R$ 1,3 bilhão.