Diadema discute a empregabilidade de homens trans

Desafios e estratégias no mercado de trabalho foram alvo de bate-papo de professoras da Florestan com grupo do Ambulatório DiaTrans

  • Data: 02/05/2024 17:05
  • Alterado: 02/05/2024 17:05
  • Autor: Redação
  • Fonte: PMD
Diadema discute a empregabilidade de homens trans

Crédito:Mauro Pedroso

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A Coordenadoria de Políticas de Cidadania e Diversidades (CPOCD), em parceria com o Ambulatório DiaTrans e a Fundação Florestan Fernandes, promoveram nesta terça (30) uma oficina sobre empregabilidade voltada para o grupo de homens trans que são atendidos no ambulatório. O objetivo foi o de ouvir um pouco quais as dificuldades que eles encontram no mercado de trabalho e discutir estratégias de como superar esses obstáculos.

Logo no início, uma situação já se apresentou: Nem todos os participantes concordaram em serem fotografados por nossa equipe. O motivo? Quem já estava empregado tinha receio de como essa exposição poderia repercutir em seus ambientes de trabalho.

“Eu entendo a importância da visibilidade, que ajuda a nossa causa, mas para ajudar os outros eu preciso me ajudar também. E, nesse momento, no meio em que vivo e trabalho, é complicado aparecer como homem trans,” desabafou um dos participantes que optou por não se identificar.

“Essa questão é uma constante em nossas vivências trans e até por isso mesmo que estamos aqui hoje,” resumiu Eloy Brito, psicólogo do Ambulatório DiaTrans e responsável pelo grupo. “Há bastante preconceito. Pra ir em uma entrevista, quem é trans já fica mais ansioso, já esperando uma rejeição. E isso é muito prejudicial a esta população.”

A conversa contou com 9 participantes, que tinham de 18 a 40 anos. Eles se dividiram em 3 grupos de 3 e passaram a estudar casos específicos, muito semelhantes a casos reais e situações que eles mesmo já enfrentaram. Em um dos casos, um jovem sem experiência profissional, mas com diversas habilidades e competências buscava o primeiro emprego. Em outro exemplo, um empregado trans lutava para ter seu nome social reconhecido pela empresa.

“Já aconteceu comigo,” relatou outro participante. “Comecei a trabalhar e, mesmo tendo conversado antes sobre minha transexualidade, o crachá veio com meu nome morto (o nome de registro). Falei com minha chefia e com o RH, mas ninguém quis ouvir. Comecei a levar advertência verbal e escrita por não estar identificado. Resolvi falando com meus colegas um por um e pedindo para me chamarem apenas com o nome com o qual me identifico, até que todos passaram a me chamar corretamente. Isso chegou na gerência local e na gerência geral e só aí mudaram minha identificação oficialmente.”

Os participantes, ao discutir o caso, sugeriram outras formas de abordar a situação, como levar ao trabalho a lei que permite o uso do nome social em qualquer situação ou procurar apoio jurídico da coordenadoria, do Ministério Público e até mesmo da polícia. “Pois transfobia é crime!”/

A oficina foi mediada por Marisa de Moura e Rosângela Gomes de Souza, da coordenadoria pedagógica da Fundação Florestan, especialistas em formação profissional. “Por isso é importante a gente discutir desde o primeiro momento, o currículo, a entrevista, até a cultura organizacional, a postura profissional, ou seja, o dia a dia do mundo do trabalho,” explicou Rosângela. “Trouxemos esse estudo de casos, em um primeiro momento, e estamos à disposição do grupo caso queiram retornar ao tema.”

Os meninos passaram cerca de duas horas debatendo, socializando e verbalizando suas experiências. Para o coordenador Eloy, foi um encontro bem positivo. “Na verdade, a avaliação de um trabalhador deveria ser sobre sua capacitação profissional e não sobre sua orientação sexual ou identidade de gênero, que nada têm a ver com o trabalho a ser realizado. Mas a gente sabe como é que funciona na sociedade,” concluiu.

Nas próximas semanas a conversa se repetirá, desta vez com mulheres trans e travestis. “O preconceito que elas sofrem é ainda maior,” afirmou o psicólogo.

O Ambulatório DiaTrans organiza regularmente grupos de homens trans, de mulheres trans e travestis e de familiares de pessoas trans. Interessados podem procurar o serviço por meio do telefone: (11) 4043-8093

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  • Data: 02/05/2024 05:05
  • Alterado:02/05/2024 17:05
  • Autor: Redação
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