IPCA-15 tem variação de 0,31% em janeiro; dado ‘vaza’ antes da hora
A despeito da desaceleração do IPCA-15 acima das expectativas, o Itaú Unibanco avalia que o "qualitativo" da divulgação foi pior do que o esperado.
- Data: 27/01/2024 09:01
- Alterado: 27/01/2024 09:01
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Crédito:Reprodução
O primeiro dado de inflação de 2024 trouxe uma boa surpresa. Prévia da inflação oficial, o IPCA-15 de janeiro registrou uma variação de 0,31%, 0,9 ponto porcentual abaixo da taxa de dezembro (0,4%).
O número também ficou bem abaixo do que o mercado projetava. Segundo o Projeções Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), a expectativa era de uma aceleração em relação ao mês passado, fechando em 0,47%. Ainda de acordo com os dados divulgados ontem pelo IBGE, nos últimos 12 meses a variação do IPCA-15 está em 4,47%, abaixo dos 4,72% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2023, o IPCA-15 havia ficado em 0,55%.
A despeito da desaceleração do IPCA-15 acima das expectativas, o Itaú Unibanco avalia que o “qualitativo” da divulgação foi pior do que o esperado. O banco cita como exemplo o avanço da chamada taxa de serviços subjacentes, “com surpresa altista” neste segmento de preços. Por ora, o Itaú mantém a expectativa de alta de 3,6% para o IPCA fechado em 2024, conforme o relatório assinado por Luciana Rabelo.
Do lado de queda, a instituição menciona que foi surpreendida com as taxas em passagem aérea e transporte por aplicativo. “Os itens que repetem a variação do IPCA-15 para o IPCA fechado do mês (principalmente passagem aérea) vieram abaixo da nossa projeção”, afirma. Em contrapartida, cita que serviços pessoais vieram acima das expectativas.
Grupos
Em relação aos dados do indicador, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados sete registraram alta em janeiro, segundo a divulgação do IBGE. A maior variação (1,53%) veio do grupo Alimentação e Bebidas. O grupo Saúde e Cuidados Pessoais, com alta de 0,56%, acelerou em relação ao mês anterior (0,14%), enquanto Habitação (0,33%) registrou alta menos intensa. O grupo Transportes caiu 1,13% em janeiro, e as demais variações ficaram entre a queda de 0,03% de Comunicação e a alta 0,56% de Despesas Pessoais, segundo o IBGE.
No grupo Alimentação e Bebidas, a alimentação no domicílio subiu 2,04% em janeiro. Contribuíram para esse resultado as altas da batata-inglesa (25,95%), tomate (11,19%), arroz (5,85%), frutas (5,45%) e carnes (0,94%). Já a alimentação fora do domicílio (0 24%) desacelerou em relação a dezembro (0,53%).
No caso do grupo Saúde e Cuidados Pessoais, o resultado foi influenciado pelos planos de saúde (0,77%) e pelos itens de higiene pessoal (0,58%). De acordo com o órgão, tiveram destaque também as altas do desodorante (1,57%), do produto para pele (1 13%) e do perfume (0,65%).
Já no grupo Habitação, o resultado de energia elétrica residencial (-0,14%) foi influenciado pela incorporação de alterações nas alíquotas de ICMS em Recife (1,56%), Fortaleza (-0,18%) e Salvador (-3,89%), a partir de 1.º de janeiro.
Dança das horas
Além do resultado abaixo da previsão de mercado, a divulgação desta sexta-feira, 26, foi marcada por uma polêmica: o resultado do IPCA-15 foi publicado antes das 9h, horário previsto para a divulgação do indicador, no sistema Sidra (Sistema IBGE de Recuperação Automática). Por volta das 8h, o IBGE já havia divulgado em seu site que a variação mensal do índice para o mês de janeiro tinha o valor de 0,31%, segundo economistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast. A informação vazada circulou entre grupos de economistas no WhatsApp, e foi tirada do ar para, em seguida, ser divulgada novamente às 9h.
Em nota, o IBGE citou um problema “técnico computacional de horários” em seus equipamentos. Segundo o instituto, a área técnica do responsável irá verificar o ocorrido para tomar as “devidas providências”.