Com doses limitadas, vacina contra dengue será aplicada antes em crianças e adolescentes
Entenda a priorização de aplicação da Qdenga: vacina contra dengue será destinada, no primeiro momento, a pessoas na faixa de 6 a 16 anos
- Data: 17/01/2024 16:01
- Alterado: 17/01/2024 16:01
- Autor: Rodilei Morais
- Fonte: Folhapress
Crédito:Divulgação/Takeda
Com o anúncio do Ministério da Saúde de que a vacina contra dengue será aplicada primeiro na população de 6 a 16 anos, especialistas consideram a estratégia de imunização a mais adequada no cenário brasileiro. As 5 milhões de doses disponíveis permitem o atendimento a 2,5 milhões de pessoas, o que ainda está longe de cobrir mesmo toda a população infantil no país.
A decisão pela faixa etária foi tomada pela Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização (CTAI), seguindo recomendações do grupo de assessoramento da OMS (Organização Mundial da Saúde), o Sage. O presidente do Departamento de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) Renato Kfouri — que é membro do CTAI — explica que o Sage orientou a aplicação desta forma baseada na eficácia clínica da vacina Qdenga em crianças e adolescentes de 4 a 16 anos.
Esta não é a população mais afligida por casos graves de dengue ou a que mais morre pela doença — crianças e adolescentes são cerca de 1,8% das vítimas. O intervalo de 60 a 69 anos de idade, por outro lado, responde por 6,4% dos óbitos, porém o imunizante ainda não recebeu a liberação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a aplicação em idosos.
Priorização da vacina contra dengue
Diante deste cenário, Kfouri avalia que a decisão mais acertada é a de distribuir as doses disponíveis à população infantil. “Dependendo da região, as taxas de hospitalização são até maiores em crianças de 5 a 9, por exemplo, ou de 10 a 11 do que em adultos e idosos,” conta o médico. “A escolha pelas crianças e adolescentes é baseada nessa epidemiologia de hospitalizações, que aqui no Brasil se concentra muito na faixa pediátrica, e também nos estudos da vacina,” declara.
O infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor da Unesp e coordenador científico da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) afirma que, em um cenário ideal, a indicação seria a imunização de toda a população de 4 a 60, como consta na bula da Qdenga. Mas estamos com um cobertor muito curto. Vamos ter que escolher uma porção da população de 6 a 16 anos e ainda regionalizar para situações mais epidêmicas.”
As 5 milhões de vacinas — a serem entregues até novembro deste ano pela farmacêutica Takeda — devem ser administradas em duas doses, o que faz com que apenas 2,5 milhões de pessoas tenham acesso ao esquema vacinal completo neste período. A totalidade da população na faixa de 6 a 16 anos está na casa dos 30,5 milhões no país, de acordo com números do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)
Em Davos, na Suíça, a ministra da Saúde, Nísia Trindade confirmou hoje (17) que o programa vai seguir uma regionalização, mas sem dar detalhes de que locais serão priorizados. “Ainda não está fechado como vai ser a vacinação. Depende da faixa etária, mas também do estado ou município mais afetado,” declarou.