Setembro Amarelo: FMABC alerta para cuidados com saúde mental de profissionais de saúde
Um estudo publicado em 2022 apontou que quase 70% dos médicos brasileiros já apresentaram sinais de depressão
- Data: 29/09/2023 13:09
- Alterado: 29/09/2023 13:09
- Autor: Redação
- Fonte: FMABC
Projeto “Médico saudável = paciente seguro”,
Crédito:Divulgação
O mês de setembro conta com diversas campanhas promovendo os cuidados que devem ser tomados com a saúde mental. Mas nem sempre se destaca o fato de que os próprios profissionais responsáveis pela saúde da população também enfrentam questões psicológicas no dia a dia, e precisam ser alertados para não negligenciar os cuidados com si mesmos.
Um estudo publicado em 2022 apontou que quase 70% dos médicos brasileiros já apresentaram sinais de depressão em algum momento de suas de carreiras. A pesquisa indicou ainda que 80% dos profissionais apresentam sintomas de ansiedade, e que 62% já tiveram sinais de síndrome de burnout, ou seja, esgotamento físico e mental.
Os números acendem um sinal de alerta na comunidade médica, já que um profissional sob altas condições de estresse e ansiedade pode ter mais dificuldade para cuidar da população. No Centro Universitário FMABC, em Santo André (SP), foi criado em 2010 um projeto chamado “Médico saudável = paciente seguro”, que visa prevenir problemas dessa natureza e promover o autocuidado com a saúde mental para a alunos do último ano do curso de medicina.
O projeto tem como alicerce o conceito do “Big Four”, quatro hábitos que indicam como cada indivíduo está cuidando de sua saúde mental. Os hábitos são alimentar-se de forma saudável, praticar atividade física de maneira regular, utilizar ferramentas para cuidar do estresse e se manter com uma boa qualidade do sono.
Um dos líderes do projeto, o médico Sérgio Baldassin, professor de psiquiatria e psicologia da FMABC, explica que é comum ver médicos que subestimam os cuidados com a própria saúde, e que por isso é importante valorizar esses pontos desde o início da graduação.
“Temos que estimular o autocuidado não apenas pensando no efeito imediato da própria saúde, mas também pensando no impacto que isso pode ter na vida pessoal e familiar, além da repercussão profissional na saúde pública. médicos menos saudáveis e desequilibrados emocionalmente em geral atendem pior e podem causar atendimento menos seguros aos pacientes ou fazê-los rodar nos sistemas de saúde mais tempo até acharem o tratamento correto”, afirma.
Segundo o psiquiatra, hoje há um esforço maior das instituições para ampliar as discussões e estudar o tema, principalmente após a pandemia, que trouxe à tona mais crises. “Temos muitos casos de transtornos mentais incapacitantes não-comunicáveis depressivos e ansiosos. Alguns deles são desprezados por não serem fatais, mas atingem muitos médicos”, explica.
Baldassin conta ainda que por volta dos 40 anos muitos profissionais sofrem crises porque se deparam diariamente com grandes dramas da saúde e tendem a se fechar como um mecanismo de defesa contra dor e tristeza. “Nosso desafio é promover formação e treinamento para alertar sobre esses pontos cegos, para que possamos diminuir os sintomas de ansiedade e depressão”, completa.