The Cure: entenda fatores que influenciam preço de ingressos para shows
Vocalista da banda pressionou empresa a reduzi valor de ingressos da sua turnê e atitude levantou discussões
- Data: 20/03/2023 18:03
- Alterado: 20/03/2023 18:03
- Autor: Be Nogueira
- Fonte: ABCdoABC
A banda The Cure
Crédito:Divulgação/Lollapalooza
Com turnê marca na América do Norte, o vocalista da banda The Cure, Robert Smith, usou as redes sociais para demonstrar seu descontentamento com o preço cobrado por ingressos de sua turnê. Apesar de não ter apresentações marcadas no Brasil, a atitude do cantor repercutiu. O tema já vinha sendo tratado por fãs, que notam o aumento significativo no preço de shows e festivais.
A Ticketmaster, empresa responsável pela venda de ingressos online das apresentações da banda, ofereceu reembolso de US$5 a US$10 por ingresso, a todas as transações feitas.
Em solo brasileiro, a inflação sobre serviços de shows, em janeiro, foi maior do que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A extensa lista de shows nacionais e internacionais, marcados ao longo deste ano, descreve a retomada do mercado de entretenimento aos níveis pré-pandêmicos. Mas se o mercado está aquecido, por que o aumento no valor dos ingressos?
A lógica por trás do cálculo envolve fatores econômicos e emocionais. No caso de shows internacionais, ou de artistas que retornam de um hiato, o saudosismo dos fãs impulsiona a lei da oferta e demanda: quando a demanda é maior que a oferta, os preços tendem a aumentar.
Mas, na soma inclui-se também o lucro do contratante, as taxas de serviço das compra on-line, taxa das transações com cartões e uma série de políticas econômicas e tributárias.
Para fazer um show no Brasil é preciso pagar tributos à prefeitura onde o show será sediado, custear gastos com alvará, vistorias técnicas por engenheiros e arquitetos, seguros para acidentes e tráfego da Polícia Militar – no caso de grandes apresentações.
E não menos importante, é preciso pagar a equipe envolvida, os serviços de logística dos equipamentos e o cache do próprio artista. Tudo isso somado a alta do dólar, principal moeda dos shows internacionais, que nos últimos anos não tem ficado abaixo de R$5.
Em um artigo publicado no site Música Inspira, o produtor de eventos Mike Sousa enfatiza outro ponto: a mudança no comportamento da indústria musical. No passado, a margem de lucro das gravadoras era extraída da venda de álbuns, sendo as turnês apenas um recuso de divulgação. No presente, a chegada dos streamings constrói uma lógica inversa. E toda a produção por trás do artista precisa lucrar também com os shows.
É importante enfatizar que há fatores individuais de cada artista que podem encarecem o espetáculo. As informações acima são apenas uma base para ilustrar o investimento.