Mutirão de oftalmologista de Santo André atendeu a 8 mil pessoas
Ação zerou as filas oftalmológicas do SUS, e no sábado, crianças de zero a 20 anos foram atendidas, alguns casos aguardavam por tratamento desde o início da pandemia
- Data: 03/07/2023 12:07
- Alterado: 31/08/2023 22:08
- Autor: Be Nogueira
- Fonte: ABCdoABC
Crédito:Fotos: Eduardo Merlino/PSA
Durante o mês de junho e começo de julho, a prefeitura de Santo André, junto com a Faculdade de Medicina do ABC (FMABC) tem realizado uma série de atendimentos para zerar as filas oftalmológicas do SUS da cidade. Neste sábado (1), foi realizado o atendimento de crianças e adolescentes, de zero a 20 anos. E para esse público em especial, os atendimentos tiveram como plano de fundo as festividades juninas, com a distribuição gratuita de pipoca e algodão doce.
As consultas realizadas eram todas pré-agendadas, a partir do encaminhamento médico e da fila de espera ocasionada pela pandemia. Os atendimentos anteriores receberam adultos e idosos.
“São consultas previamente agendadas, na qual nós dividimos os atendimentos por faixa etária. Então já tivemos a oportunidade de receber, em uma primeira data, os idosos. Em uma segunda data os adultos. E hoje temos a felicidade em fazer o atendimento das crianças. Então especificamente para esse público a gente tornou o ambiente um pouco mais lúdico e agradável. Nossa ideia foi ambientar o tema festa junina”. Conta o professor titular de oftalmologia da FMABC, Vagner Loduca.
“Os atendimentos hoje têm o objetivo de serem resolutivos. Então se a necessidade é de um óculos, esse óculos é prescrito hoje. Obviamente que atendimentos desse tipo, desde óculos vamos acabar identificando uma série de outras doenças muito importantes e silenciosas. Então estamos tendo a oportunidade de fazer esses tipos de diagnósticos e essas crianças vão continuar o atendimento aqui na faculdade”, completa Loduca.
A cooperação que efetiva o mutirão realizado no sábado faz parte de um contrato extra entre a faculdade e a prefeitura, que foi firmado justamente para eliminar a fila de espera, que em alguns casos perdura há dois anos. Mas os pacientes que precisarem seguir em tratamento ou acompanhamento, serão atendidos pela faculdade, dentro do contrato de parceria já existente.
“A gente tem uma fila reprimida desde a pandemia, com mais de 8 mil pessoas. E durante esse mês, atendemos todos esses pacientes. Hoje é o último dia desse mutirão da fila reprimida, são 1300 crianças que passaram na UBS, e com encaminhamento para as especialidades foi direcionada para a FMABC”, explica o secretário de Saúde, Gilvan Junior.
Valdineia de Paula, é uma das mães que esperam por atendimento de sua filha desde que a pandemia começou interrompendo o acompanhamento. “Essa é segunda nossa segunda vez, porque na primeira vez não conseguimos passar no estrabismo, acho que por conta da pandemia. Estamos aqui na expectativa que ela prossiga logo esse tratamento”.
Durante o dia de atendimento outras especialidades marcaram presença. Aproveitando o público jovem, a faculdade disponibilizou a hebiatria, especialidade voltada para o atendimento de pessoas de 10 a 20 anos. Assim como a pediatria é especializada em crianças, e a geriatria em idosos, a hebiatria vem para observar o desenvolvimento da pré-adolescência a jovens adultos.
“É uma área que tem pouco espaço nos serviços de saúde. Embora exista uma recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) e do Ministério da Saúde. Então esse serviço é um serviço de referência para a região do ABC, onde a gente atende só a pacientes do SUS, onde eu tenho uma equipe médica especialista nessa faixa etária, com psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e ginecologista”, esclarece a professora titular de pediatria, Ligia de Fatima Nobrega Reato.
Outra área que estava presente foi a de vacinação, e quem nos conta um pouco mais sobre essa ação é a chefe do departamento de pediatria, Denise de Oliveira Shoeps.
“Embora a gente não esteja fazendo a vacinação nós aproveitamos esse evento para tirar as dúvidas dos pais, acompanhantes, ou representantes dessas crianças, sobre vacinação. Como temos acompanhado que a cobertura vacinal no Brasil está muito baixa, nós estamos aproveitando para entrevistar os pais e saber se a carteira de vacinação das crianças está em dia. Ou se estão atrasadas, qual seria o motivo”.
Denise relembra que a vacinação é fundamental para a saúde e longevidade das crianças, e por conta do covid-19 movimentos contra a vacina surgiram. Ela entende que como muitas doenças foram quase erradicadas as pessoas acreditam que não é necessário vacinar, mas alerta “elas (doenças) só foram quase erradicadas por conta da vacinação”.
Henrique Augusto de Souza, é um dos médicos residentes atuantes no mutirão, e conta que participar da ação o ajuda muito a colocar em prática o que se aprende nas aulas.
“Você coloca em prática o que se vê na realidade, como o volume de pacientes e o cuidado que você tem que ter, então você puxa a responsabilidade (do atendimento) para você e tem que assumir esse cargo”.
O Secretário de Saúde também afirma que dentro da gestão de Paulo Serra foram realizados mais de 1000 mil atendimentos e promete ainda zerar as filas de todas as demais especialidades.