Mulher defende mulher, eis a mudança
Mesmo com tantas campanhas de conscientização e ações na política e na justiça, 84% dos brasileiros têm algum tipo de preconceito contra a mulher
- Data: 07/07/2023 13:07
- Alterado: 31/08/2023 21:08
- Autor: Redação
- Fonte: Magali Selva Pinto
Crédito:Divulgação
Recente pesquisa da ONU (Organizações das Nações Unidas) escancarou, em números, o que a população feminina sente na pele todos os dias no Brasil. Mesmo com tantas campanhas de conscientização e ações na política e na justiça, 84% dos brasileiros têm algum tipo de preconceito contra a mulher. Os dados foram divulgados no mês passado e são similares à média mundial. O mais estarrecedor é a quantidade de mulheres com sentimentos de rejeição e intolerância contra as próprias mulheres. Só o machismo estrutural pode explicar esse comportamento.
Como mudar isso? Sabemos que transformações dessa magnitude na sociedade levam tempo, e elas vêm ocorrendo lentamente. Muito lentamente, na minha opinião. É inadmissível nos depararmos com essa estatística: 75% da população diz acreditar que há justificativa para os homens baterem nas mulheres. A verdade é que não há nenhuma justificativa para tal. Não podemos achar que a violência doméstica seja algo normal, e aqui vem o grito de mudança: Mulher defende mulher.
Uma não pode jamais dar as costas para a dor da outra. Quanto mais vozes femininas se levantarem, mais próximas estaremos da transformação real e, quem sabe, definitiva. Acredito primordialmente na educação – de crianças, jovens, adultas e idosas -, na propagação dos direitos da mulher e de sua capacidade e merecimento para estar em todos os setores da comunidade.
Vejamos a política. A mesma pesquisa da ONU mostra que quase 40% dos brasileiros dizem que as mulheres não são tão boas políticas quanto os homens e, por isso, merecem menos espaço. O número evidencia o preconceito, mas como revertê-lo se nem a oportunidade dão às mulheres? Basta observar as configurações do legislativo, em qualquer esfera, e certificar-se da absoluta maioria masculina. Se estamos falando em mudanças, precisamos eleger mulheres no poder.
Mulher não apenas precisa defender mulher, também precisa votar nelas. O olhar feminino para as questões políticas, sociais, econômicas e em todas as dimensões dará um novo direcionamento para o desenvolvimento das cidades e do país. Será a nossa visão. As próximas eleições estão relativamente longe, a mais de um ano, porém o pensamento de se enxergar outras perspectivas pode se iniciar a qualquer momento, desde sempre.
Empoderar é uma ação, é uma atitude prática. Os avanços de fato virão apenas quando tivermos mais mulheres na política, nos governos, no topo das empresas e instituições, equiparando-se à quantidade de homens. Uma mulher empoderada é uma ação transformadora. Várias são a mudança real.