Flávio Bolsonaro muda estratégia e quer depor no inquérito das rachadinhas
Orientado pelos novos advogados, Luciana Pires e Rodrigo Roca, que atuaram na defesa de diversos militares da ditadura, senador pode “prestar esclarecimentos” no Ministério Público do Rio
- Data: 24/06/2020 08:06
- Alterado: 24/06/2020 08:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
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Os novos advogados de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) entraram nesta segunda-feira, 22, com um pedido para que o senador seja ouvido sobre o suposto esquema de “rachadinhas” em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Luciana Pires e Rodrigo Roca informaram que protocolaram o pedido junto ao Ministério Público do Rio de Janeiro para que Flávio possa “prestar esclarecimentos” sobre os fatos.
Com a saída de Frederick Wassef do caso, após a prisão do ex-assessor Fabrício Queiroz em sua casa em Atibaia, no interior de São Paulo, a dupla assumiu a defesa do senador na investigação sobre os supostos desvios de salários de funcionários da Alerj.
Luciana Pires que já atuava para o senador e Rodrigo Roca, antigo sócio de Luciana que atuaram na defesa de diversos oficiais processados pelo MPF, informaram que protocolaram o pedido junto ao Ministério Público do Rio de Janeiro para que Flávio possa “prestar esclarecimentos” sobre os fatos.
A iniciativa indica uma mudança na estratégia adotada pela defesa até aqui. Antes disso, em dezembro de 2018, o Ministério Público já havia convocado Flávio a depor, mas o senador não se apresentou diante dos promotores e passou a entrar com uma série de recursos questionando a investigação e pedindo o arquivamento do caso.
O primeiro foi apresentado ao Supremo Tribunal Federal e defendia o direito ao foro junto ao STF, uma vez que Flávio havia sido eleito ao Senado. O recurso acabou negado pelo ministro Marco Aurélio Mello.
Depois disso, a defesa de Flávio passou a apontar irregularidades, segundo os advogados, nos relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) que identificaram movimentações atípicas de R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz e arrastaram o então deputado para o centro da investigação criminal. O recurso também acabou negado pelo STF no final do ano passado.
Na próxima quinta-feira, 25, a Justiça do Rio vai julgar um pedido de habeas corpus apresentado pela defesa do senador em março. Caso a maioria dos cinco desembargadores da 3ª Câmara Criminal concorde com os argumentos dos advogados, todas as medidas cautelares adotadas no caso da “rachadinha” (prática ilegal de devolução de salários de assessores na Assembleia Legislativa do Rio), incluindo as quebras de sigilo e a prisão de Fabrício Queiroz, podem ser anuladas.
Dobradinha
Na última sexta, 19, um dia após a prisão de Queiroz, o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro intimou o senador a prestar depoimento em uma segunda investigação relacionada ao caso das “rachadinhas”. Os promotores querem ouvir Flávio sobre supostos vazamentos da Polícia Federal na Operação Furna da Onça.
A investigação faz parte do procedimento aberto para apurar declarações feitas pelo ex-aliado do governo, o empresário e pré-candidato à prefeitura do Rio, Paulo Marinho (PSDB), de que o filho mais velho do presidente foi previamente avisado da operação que trouxe à tona as movimentações atípicas nas contas de Queiroz.