Com a posição do Dr. Bolsonaro, Nelson Teich pede demissão; general assume
Médico entrou em choque com Jair Bolsonaro, não concordando com a ordem de mudança do protocolo quanto ao uso da cloroquina, e pediu exoneração do cargo
- Data: 15/05/2020 12:05
- Alterado: 15/05/2020 12:05
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
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Menos de um mês após assumir o cargo, o ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu demissão nesta sexta-feira após entrar em choque com o presidente Jair Bolsonaro. A informação foi confirmada em nota pela pasta. O secretário executivo, general Eduardo Pazuello, assume interinamente.
“O ministro da Saúde, Nelson Teich, pediu exoneração nesta manhã. Uma coletiva de imprensa será marcada nesta tarde”, informou o ministério, em nota.
A saída se dá após pressão do presidente Jair Bolsonaro para que ele altere protocolos do Ministério da Saúde envolvendo o uso de cloroquina em pacientes da covid-19. Atualmente, a recomendação da pasta é a utilização apenas em casos graves e de internação.
Bolsonaro, porém, tem defendido a prescrição ampla da substância, que não tem o efeito contra a doença comprovada.
Pela manhã, ao deixar o Palácio da Alvorada, Bolsonaro chegou a afirmar que a pasta mudaria ainda hoje o protocolo de uso da cloroquina adotado no sistema de saúde. Nos últimos dias, o presidente já havia comentado sobre a mudança. A declaração foi dada após apoiadores questionarem o presidente sobre o assunto no Palácio da Alvorada.
O chefe do Executivo argumenta que “é direito do paciente” decidir sobre o seu tratamento. O Conselho Federal de Medicina publicou nota técnica permitindo a prescrição do medicamento mesmo em casos leves da doença, com as ressalvas dos riscos.
“O protocolo deve ser mudado hoje porque o Conselho Federal de Medicina diz que pode usar desde o começo”, afirmou. “O médico na ponta da linha é escravo do protocolo. Se ele usa algo diferente do que está ali e o paciente tem alguma complicação, ele pode ser processado”, afirmou o presidente.
Após a divulgação da demissão de Teich, foram registrados panelaços em bairros de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.