Luana critica imunidade de rebanho e desaconselha Copa América: ‘risco desnecessário’
A médica infectologista Luana Araújo, em depoimento à CPI da Covid, hoje (2), fez críticas a políticas de saúde que são objeto de investigação pela comissão
- Data: 02/06/2021 17:06
- Alterado: 22/08/2023 22:08
- Autor: Redação
Imunidade de rebanho sem vacina é 'impossível de se atingir'
Crédito:Reprodução
Luana Araújo explicou o porquê que a estratégia da imunidade de rebanho, defendida em diversas ocasiões por membros do governo federal e pelo presidente Jair Bolsonaro, não é possível naturalmente na crise da pandemia da covid-19. ‘Não posso imputar sofrimento e morte com imunidade de rebanho’
A tese que aponta para a proteção gerada pelo máximo de pessoas contagiadas pela doença, o que geraria uma “imunidade natural” é impossível de ser atingida, diferente da eficiência imunológica gerada pela vacinação. “Pra mim, é muito estranho que a gente esteja discutindo esse tipo de coisa. Não tem lógica!”, disse.
Segundo Luana, a única maneira de conseguir que o vírus pare de circular é a vacinação, e em um curto período de tempo
A infectologista ainda apontou para problemas de governança e articulação entre as esferas federal, estaduais e municipais. Governança essa que seria articulada pela secretaria que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, pretendia lhe indicar como titular.
“A coordenação entre esferas de governo é absolutamente fundamental, porque é possível ter uma mensagem única, uma estratégia única”, frisou a médica. “É uma questão até de bom senso. Precisamos todos nos unir para ter forças suficientes para combater essa situação que a gente vive hoje”.
Segundo Luana, o fato de ter aceitado fazer parte desse governo era no sentido de corrigir essas estratégias. “Eu aceitei, até aquele momento, fazer parte dessa solução”.
A médica, que passou a ser atacada nas redes sociais, supostamente por apoiadores do governo, disse ter “deixado de lado” os seus perfis na época para focar apenas no trabalho que iria desempenhar, até que sua nomeação foi cancelada.
Copa América
Questionada sobre a realização da Copa América no Brasil, Luana Araújo foi categórica em desaconselhar a competição neste momento. “O uso de protocolos rígidos ameniza riscos, mas não os anula. Quando se toma uma decisão como essa, precisa pesar os prós e contras. Eu não acho que é um momento oportuno. Existem protocolos, mas esse é um risco desnecessário de ser corrido nesse momento”, afirmou.