Especialistas tentam desencalhar meganavio que ficou atravessado no Canal de Suez_x000D_

A navegação no Canal de Suez foi suspensa temporariamente hoje 25, até que as autoridades consigam retirar o gigantesco navio porta-contêiners Ever Given, que encalhou ontem, 24

  • Data: 25/03/2021 21:03
  • Alterado: 22/08/2023 22:08
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Especialistas tentam desencalhar meganavio que ficou atravessado no Canal de Suez_x000D_

imagem do satélite BlackSky mostra o meganavio de contêineres Ever Given

Crédito:BlackSky via Reuters

Você está em:


A embarcação – que mede, em comprimento, o mesmo que o Empire State Building tem de altura – bloqueia a passagem de qualquer navio em uma das rotas comerciais mais importantes do mundo, que liga Europa e Ásia.

“As autoridades marítimas indicaram que 13 navios do comboio norte (procedentes do Mar Mediterrâneo) , que deveriam passar, estão atracados em áreas de trânsito até que a operação de retirada seja concluída”, afirmou o porta-voz da Autoridade do Canal de Suez (SCA, na sigla em inglês), George Safwat.

Ao mesmo tempo, a empresa japonesa Shoei Kisen Kaisha, proprietária do gigantesco porta-contêiner “Ever Given”, admitiu que enfrenta uma “dificuldade extrema” para desencalhar o navio.

Equipes de resgate da Holanda e do Japão foram contratadas para traçar um plano para fazer o navio voltar a flutuar e sair do local. A Evergreen Marine Corp, de Taiwan – que opera a embarcação – disse que a empresa holandesa Smit Salvage e a japonesa Nippon Salvage foram indicadas pelo armador do navio. Elas vão trabalhar ao lado de seu capitão e SCA.

A operação, no entanto, pode demorar até semanas, segundo Peter Berdowski, diretor executivo da Royal Boskalis – controladora da empresa holandesa contratada. “É realmente uma baleia muito pesada na praia, por assim dizer”, afirmou Berdowski em um programa de TV na Holanda, na noite de quarta-feira. E completou: “não quero especular sobre isso, mas pode levar dias ou semanas.”

Ainda de acordo com o diretor executivo do grupo holandês, uma série de fatores precisarão ser avaliados para definir a estratégia de desencalhe, considerando o tamanho do navio e o peso de sua carga. “Vamos examinar a quantidade de petróleo que ele leva, a quantidade de água. São cálculos complexos”, disse.

“A Evergreen Line continuará a coordenar com o armador e a Autoridade do Canal de Suez para lidar com a situação com a maior urgência, garantindo a retomada da viagem o mais rápido possível e para mitigar os efeitos do incidente”, disse a empresa em um comunicado.

Prejuízo econômico

Local do encalhe, o canal de Suez é uma das principais rotas de comércio marítimo do mundo, ligando Europa e Ásia, sem a necessidade de contornar o continente africano – o que representa 6.000 km a menos entre Cingapura e Roterdã. Quase 19.000 embarcações usaram o Canal de Suez ano passado, segundo a SCA.

Um incidente como o desta semana tem grandes consequências, porque 10% do comércio marítimo internacional passa por esta via segundo os especialistas. O bloqueio do canal provocou um aumento de quase 6% no preço do petróleo na quarta-feira, motivado pelos temores sobre o abastecimento. “As consequências sobre os preços dependerão da duração do bloqueio”, afirmou Bjornar Tonhaugen, da consultoria Rystad.

“Nunca vimos nada como isto antes, mas é provável que o congestionamento tome vários dias ou semanas, para ser reabsorvido, pois deve ter um efeito cascata sobre os outros comboios, horários e mercados mundiais”, afirma Ranjith Raja, diretora de pesquisas sobre o petróleo do Oriente Médio e o Mar na empresa Refinitiv, que compila dados financeiros e outras informações.

Quanto aos custos de desencalhar o navio, a Evergreen informou que, como a embarcação é fretada, todas as responsabilidades “pelas despesas incorridas na operação de recuperação, responsabilidade de terceiros e o custo do reparo (se houver) é do proprietário”, que é o grupo japonês Shoei Kisen.

O encalhe

O Ever Given, um navio de mais de 220.000 toneladas que seguia para Roterdã procedente da Ásia, encalhou na madrugada de terça-feira para quarta-feira e ficou atravessado, bloqueado na ala sul do Canal de Suez. Os especialistas citam os ventos fortes como uma das causas do incidente com o cargueiro de 60 metros de altura. A SCA também mencionou uma tempestade de areia um fenômeno comum no Egito nesta época do ano, que reduz a visibilidade e provocou o desvio do navio.

A empresa Bernhard Schulte Shipmanagement (BSM), que tem sede em Cingapura e é responsável pela gestão técnica do Ever Given, informou que os 25 membros da tripulação estão a salvo. Não há contaminação nem danos na carga do navio, que tem capacidade para mais de 20.000 contêineres.

POSICIONAMENTO CENTRONAVE
O CENTRONAVE – Centro Nacional de Navegação Transatlântica informa o que se segue, no que diz respeito ao incidente envolvendo um navio cargueiro de 400 metros de comprimento e 200 mil toneladas de porte bruto, ocorrido na última terça-feira, 23 de março, no Canal de Suez, Egito.
Segundo dados da autoridade local, devido a uma tempestade de areia e ventos muito fortes, o navio encalhou diagonalmente no Canal, impedindo o fluxo de navios e o transporte marítimo naquela passagem. Com 195 km de extensão, o Canal de Suez é responsável por conectar o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho e representa a rota mais curta do comércio marítimo internacional entre a Ásia e a Europa.
O incidente afeta diretamente os mercados europeu e asiático, e há a possibilidade de algum “efeito cascata” no comércio mundial, já que 12% de tais fluxos transitam pelo Canal de Suez, notadamente cargas de petróleo. No entanto, qualquer previsão neste momento, no que se refere a seu impacto real na cadeia global de suprimento e do comércio exterior brasileiro, é muito prematura e incompleta. Trata-se ainda de uma conjectura, sem motivos para alarmismo, uma vez que dependerá principal, mas não unicamente, de quanto tempo a rota pelo Canal permanecerá interrompida, o que hoje não é conhecido.
É importante esclarecer que as principais rotas marítimas que ligam o Brasil a seus parceiros comerciais são diretas e não transitam pelo Canal de Suez.
No momento, estão sendo feitos, em alto nível técnico, todos os esforços para a reflutuação do navio. Os Associados do CENTRONAVE acompanham de perto as operações em andamento. Também estão analisando, onde necessário, todas as alternativas possíveis para minimizar quaisquer possíveis impactos a seus clientes globais, incluindo o redirecionamento de navios, se cabível e necessário, para rotas mais longas como a do Cabo da Boa Esperança, pelo sul da África.
Atualmente, cerca de 200 navios de várias bandeiras, tamanhos e tipos aguardam a reabertura da passagem, representando aproximadamente 10% da frota que transita no canal por mês.
O CENTRONAVE é uma entidade associativa com 114 anos de existência, que reúne as 19 maiores empresas de navegação de longo curso atuando no Brasil. Na próxima terça-feira, ou assim que surgirem novas atualizações relevantes, a entidade voltará a divulgar um posicionamento atualizado.

Claudio Loureiro de Souza
Diretor Executivo do Centronave

Compartilhar:
1
Crédito:BlackSky via Reuters imagem do satélite BlackSky mostra o meganavio de contêineres Ever Given










Copyright © 2024 - Portal ABC do ABC - Todos os direitos reservados