Osmar Santos, o ‘pai da matéria’ mantém aos 70 anos alegria e o bom humor

Limitações físicas e na fala não diminuem carisma de um dos maiores comunicadores do esporte. Acompanhe a matéria sobre o craque da comunicação

  • Data: 28/07/2019 13:07
  • Alterado: 22/08/2023 21:08
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Osmar Santos, o ‘pai da matéria’ mantém aos 70 anos alegria e o bom humor

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Nos anos 70, o rádio não desfrutava da tecnologia atual. Mas a narração de Osmar Santos era uma cópia fiel do que acontecia nos gramados. Carismático, inteligente, popular, com dicção perfeita e uma velocidade de raciocínio impressionante, o ‘Pai da Matéria’, foi uma das vozes marcantes da história do jornalismo esportivo. Ele completa 70 anos neste domingo, logo no dia da semana visto como nobre para o esporte no radiojornalismo. Infelizmente, um acidente de carro, em dezembro de 1994, interrompeu sua carreira. Sequelas atingiram a fala, sua maior aliada.

Apesar das limitações físicas, Osmar recebeu a reportagem do Estado, na última sexta-feira, no escritório da família em São Paulo. Em 45 minutos, o “Garotinho” não economizou seu sorriso fácil, suas gargalhadas e a alegria que o tornaram uma das principais figuras da comunicação.

Com a companhia do irmão Oscar Ulisses, um dos grandes narradores da atualidade, Osmar reviveu momentos da carreira iniciada aos 14 anos em Osvaldo Cruz (SP) e com passagens marcantes pelas rádios Jovem Pan e Globo, e TVs Manchete, Record e Globo. “A Invasão Corintiana”, em 1976; o título paulista do Corinthians em 1977, o Palmeiras de Edmundo (O ‘Animal’, apelido dado por ele) e vários momentos da seleção, como as Copas de 1970 e 1982 foram lembrados, assim como a admiração por Neymar, com início de carreira no Santos, seu time de coração, os elogios a Tite e a tristeza pelo 7 a 1 na Copa de 2014, no Brasil.

 “Osmar é craque da comunicação. Voz, ritmo, velocidade, dicção, criatividade. A união do grande narrador e o grande artista. Mandava para o ar frases do dia a dia. Encaixava letras de músicas em um jogo de futebol. Criava expressões consagradas. E relatava o jogo arrepiando o ouvinte”, disse Cleber Machado, narrador da Rede Globo, que trabalhou com Osmar na Rádio Globo.

Milton Neves, apresentador da Rádio Bandeirantes, credita a Osmar a oportunidade de começar a trabalhar no esporte da Jovem Pan, em 1973. “Brinco com muita gente ao dizer que eu os tirei da sarjeta, mas quem me tirou da sarjeta foi Osmar Santos. Eu trabalhava no Detran e o Osmar foi lacrar um Corcel vinho. Ele queria a placa OS 1974. No período em que a documentação era acertada, falei umas duas horas com ele sobre futebol antigo. Naquele mesmo dia, deixei de fazer o trânsito na rádio e passei a plantão esportivo por indicação do Osmar a Fernando Vieira de Mello (chefe da Pan na época).”

Foi, ainda, na Jovem Pan onde dois ícones da locução esportiva se encontraram: Osmar e José Silvério, que aponta um traço marcante até hoje na personalidade do colega e, depois, concorrente. “Ele tinha uma aura muito simpática”, diz. “Tenho um respeito enorme por ele. Aprendi muita coisa, mesmo sendo mais velho.”

Casagrande, jogador do Corinthians nos anos 80 e comentarista da Rede Globo, também relembrou momentos marcantes com o “ídolo”. “Quando comecei a jogar no Corinthians, o Osmar estava no auge. A gente se encontrava em shows da Maria Bethânia, Djavan, Alceu Valença… Até hoje me emociono com a narração dele no meu gol contra o São Paulo na final do Paulista de 1982.”

A mais marcante presença de Osmar fora dos gramados se deu na participação nas Diretas Já, quando utilizou o seu carisma e talento com as palavras para conduzir comícios. “Ele tinha ascensão sobre a reação da massa e de conduzir as suas emoções. Os políticos adoravam”, relembra Oscar Ulisses.

Além de Oscar, outro irmão, Odinei Edson, e o primo Ulisses Costa também se tornaram narradores, seguindo os passos de Osmar. “Sou narrador esportivo por causa do Osmar. É emocionante ouvi-lo narrando”, diz seu primo.

Hoje distante do mundo esportivo, mas sem deixar de acompanhá-lo, Osmar passa até 5h por dia se dedicando à pintura, inclusive com aulas semanais. Ao mesmo tempo que lhe deu novo jeito de viver, o destino quis que Osmar perdesse a voz, seu maior tesouro. Talvez para manter intactos seus feitos, como uma obra de arte.

Bordões inesquecíveis
“Ripa na chulipa e pimba na gorduchinha”
“Um pra lá, dois pra cá, é fogo no boné do guarda”
“Parou por quê, por que parou, garotinho?”
“Ele estava curtindo amor em terra estranha”
“Sai daí que o Jacaré te abraça”
“No carocinho do abacate”
“Tiro-lirolá Tiro-lirolí”
“Eee queeee Goooooooolll”

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  • Data: 28/07/2019 01:07
  • Alterado:22/08/2023 21:08
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  • Fonte: Estadão Conteúdo









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