Queiroz pagou escola de filhas de Flávio Bolsonaro, afirmam promotores
Promotores afirmam que Queiroz seria uma espécie de operador financeiro do “filho 01”. Além da escola eles investigam pagamento de 116 outros boletos com despesas pessoais do senador
- Data: 19/06/2020 08:06
- Alterado: 19/06/2020 08:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
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O Ministério Público Rio de Janeiro afirma que o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz custeou despesas pessoais do chefe e então deputado na Assembleia Legislativa do Rio, Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). O ex-policial militar é tido pelos promotores como uma espécie de operador financeiro do “filho 01” do presidente.
De acordo com as investigações, Queiroz transferia parte dos recursos para o “patrimônio familiar” de Flávio através de depósitos fracionados e do pagamento de despesas pessoais do ex-deputado e de sua família.
Os investigadores detectaram pelo menos 116 boletos bancários referentes ao custeio do plano de saúde e das mensalidades escolares das filhas de Flávio e da esposa, Fernanda Bolsonaro, com dinheiro em espécie “não proveniente” das contas do casal. Para os promotores, as despesas no valor total de R$162 mil podem ter sido quitadas por Queiroz.
Um vídeo obtido na investigação mostra o ex-assessor fazendo pagamentos no caixa de um banco. Cruzando horário, data, valores e movimentações bancárias, os promotores chegaram à conclusão de que ele foi o responsável por quitar as mensalidades escolares de outubro de 2018 das filhas de Flávio.
PRISÃO
Fabrício Queiroz foi preso, na manhã desta quinta-feira, 18, em uma casa em Atibaia, no interior de São Paulo, que pertence ao advogado de Flávio, Frederick Wassef.
Policial militar da reserva, Queiroz é suspeito de operar um esquema de desvio de salários, a chamada “rachadinha”, no gabinete de Flávio durante seu mandato como deputado estadual no Rio de Janeiro. O ex-assessor foi o pivô que arrastou o filho mais velho do presidente Jair Bolsonaro para o centro de uma investigação criminal quando, em dezembro de 2018, foi citado em um relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf) por movimentar R$ 1,2 milhão em sua conta de maneira “atípica”. O dinheiro teria sido lavado por meio da compra e da venda de ao menos 19 imóveis no Rio.
MILÍCIA
O Ministério Público fluminense também desconfia de suposto envolvimento do ex-assessor com milicianos do Rio de Janeiro, incluindo o capitão Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro e apontado como líder do chamado “Escritório do Crime”.
No caso da rachadinha, Adriano está ligado a Flávio por meio da mãe, Raimunda Veras Magalhães, e da ex-mulher, Danielle da Nóbrega. As duas também eram funcionárias do gabinete do então deputado.
Já Queiroz teria “influência” sobre grupos paramilitares do Estado. Em mensagens trocadas com mulher, Márcia Aguiar, o ex-assessor parlamentar se compromete a “interceder pessoalmente” junto a milicianos em favor de um homem que pede sua ajuda após receber ameaças no Itanhangá, zona oeste carioca.
Os investigadores também tiveram acesso a um áudio no qual Queiroz afirma que poderia intermediar o contato com a “cúpula de cima”.