Agenda Positiva de Governança: as boas práticas que precisam ser incluídas na sua empresa
Por Marcus Vinicios de Carvalho Ribeiro, advogado empresarial do escritório Flávio Pinheiro Neto Advogados
- Data: 14/12/2020 17:12
- Alterado: 14/12/2020 17:12
- Autor: Redação
- Fonte: Flávio Pinheiro Neto Advogados
Crédito:Pedro Waldrich
As mudanças pelas quais as organizações passaram em 2020 vão deixar uma marca permanente na economia. Pela primeira vez na história recente, nos deparamos com iniciativas que foram impostas como medida de segurança em todo o mundo, impactando a forma como trabalhamos, nos locomovemos, buscamos conhecimento e nos relacionamos.
Empresas de diferentes áreas precisaram, às pressas, criar novos modelos de atuação, com a ascensão do home office e o uso de medidas emergenciais para manutenção do emprego e renda. É neste cenário também que se evidenciam as boas práticas de governança corporativa. Para muitas organizações, a estruturação baseada em pilares formados de boas práticas e preparo foi o que garantiu a continuidade dos negócios.
E este novo mercado, forjado por desafios múltiplos e crises de saúde, políticas e econômicas, fomentou a criação de uma Agenda Positiva de Governança. O projeto do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa pode se tornar um aliado de gestores e líderes em todo o país e traça em seis pilares as iniciativas que precisam entrar para o radar das organizações. Há muito o que se discutir em cada um deles, mas é fundamental entendermos que a criação de uma gestão eficiente não ocorre sem passar por estas questões. Destaco abaixo o que julgo essencial nestes pilares:
1 – Ética e integridade: mais do que uma frase correspondente à missão ou propósito da empresa, a integridade precisa gerir o modus operandi do negócio. Trata-se de instituir no dia a dia uma relação transparente com o mercado, baseada em práticas de compliance. Para se ter uma ideia, o Brasil ocupa hoje o 108º lugar no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) criado pela ONG Transparência Internacional, que avalia 180 nações. O dado deixa claro que há um longo caminho a percorrer, a começar pela mudança de cultura nos negócios. Para se estabelecer boas práticas que gerem confiança é preciso atuar com apoio profissional desde o início do negócio, revisando estratégias e contando com orientação jurídica muito antes de um eventual problema surgir.
2 – Diversidade e inclusão: inúmeros pesquisas já comprovam que ambientes que fomentam a diversidade são mais criativos e produtivos. Abrir as portas para a inclusão é ouvir as diferenças e necessidades variadas de um mercado em ebulição, adaptar a cultura organizacional para tornar uma marca empregadora ainda mais confiável, socialmente responsável e culturalmente respeitada.
3 – Ambiental e social: líderes que buscam alta performance precisam estar alinhados às mudanças de mercado e isso inclui a busca de iniciativas sustentáveis do ponto de vista ambiental e social. Essa boa prática, aliás, impacta diretamente na atratividade para investidores, que levam em conta cada vez mais os critérios de ESG – Environmental, Social and Governance.
4 – Inovação e transformação: impossível destacarmos as mudanças globais na economia sem citar a transformação digital. Investimentos nesta área seguem crescendo e precisam estar alinhados às boas práticas de gestão e proteção de dados. Há ainda fatores para garantir a manutenção das atividades em modelos híbridos de trabalho e a inovação deve ser uma decisão coerente e estruturada.
5 – Transparência e prestação de contas: assim como investidores buscam critérios de ESG, a transparência e prestação de contas é um pilar essencial do compliance. Devem ser embasadas em orientação jurídica eficiente e levar em consideração todos os stakeholders da organização, do consumidor final ao funcionário, passando por sócios, investidores e fornecedores.
6 – Conselhos do futuro: por fim, uma visão de futuro precisa estar na agenda da governança corporativa dos negócios. É fundamental contar com um time de profissionais conselheiros para a formação de novos líderes, porque são eles que irão ditar a adaptação da organização aos novos desafios e serão peças fundamentais para a perenidade do negócio.
Mais do que boas práticas, a governança corporativa é um catalizador da continuidade e sucesso do negócio. Baseia-se na adequação de práticas assertivas, alinhadas com a legislação e com o movimento de mercado e é, em suma, essencial para qualquer empresa que tenha em seu propósito a criação de um negócio duradouro e economicamente sustentável.