Instituto Gremar apresenta balanço de ações pelo PMP-BS em 2020

Dos 335 animais que chegaram com vida ao centro de reabilitação do Guarujá, 110 foram reintegrados à natureza. Total de ocorrências foi de 1003

  • Data: 29/12/2020 13:12
  • Alterado: 29/12/2020 13:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Instituto Gremar
Instituto Gremar apresenta balanço de ações pelo PMP-BS em 2020

Atobá-marrom

Crédito:Divulgação/Instituto Gremar

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Em um balanço das atividades realizadas pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), onde é responsável pelo Trecho 9 – que compreende as praias de Bertioga, Guarujá, Santos e São Vicente, no litoral paulista -, o Instituto Gremar registrou 1003 ocorrências com animais marinhos entre os dias 1º de janeiro e 20 de dezembro de 2020.

Esse total (1003) dividiu-se em 584 aves, 93 mamíferos e 326 répteis, sendo 506 deles encontrados pelos técnicos de campo do Instituto durante as ações diárias de monitoramento e outros 497 através de acionamento por telefone, com ida da equipe aos locais das ocorrências.

Também em relação ao total (1003), o balanço do ano aponta que 245 animais foram encontrados com vida e 758 já em óbito.

Além dos 245 citados, outros 90 animais também chegaram com vida no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos, no Guarujá (SP), mas por meio de transferências, após serem atendidos inicialmente em outras instituições vinculadas ao projeto. Destes, 78 vieram pela Unidade de Estabilização de Praia Grande (SP), 11 pelo Instituto de Pesquisas Cananeia (SP) e um pelo Instituto Argonauta, de Ubatuba (SP).

Deste total de 335 animais atendidos em 2020 (245 resgatados pelo próprio Gremar e os 90 encaminhados pelas outras instituições), 110 foram reabilitados e soltos, consolidando um índice de recuperação bem-sucedida em aproximadamente 35% dos casos. Os demais animais permanecem em tratamento ou vieram a óbito no decorrer do processo.

Com os números de 2020, o Instituto Gremar contabiliza um total de 5.599 ocorrências com animais marinhos, entre vivos (1257) e mortos (4242), desde seu ingresso no PMP-BS, em agosto de 2015.

Casos importantes: soltura de atobá marrom

No início de 2020, mais precisamente no dia 21 de janeiro, o Instituto Gremar realizou a soltura de uma ave que passou mais de quatro meses em reabilitação. Tratava-se de um atobá-marrom (Sula leucogaster), que havia sido encontrado na orla da praia de Indaiá, em Bertioga (SP).

Seu prognóstico era desfavorável, pois além de apresentar o membro anterior esquerdo pendular, também possuía um edema no olho esquerdo e ausência de membrana interdigital (tecido que une os dedos e permite a locomoção na água) em seu membro posterior esquerdo.

A reabilitação foi complexa, à base de medicamentos, soro oral e suplementos, inúmeras sessões de banhos de sol, alongamentos, fisioterapia e preening (para estimular a impermeabilização das penas). Além disso, a laserterapia foi empregada como alternativa para a retomada de sua aptidão ao voo. Felizmente a ave reagiu da melhor forma ao longo tratamento e foi reintegrada à natureza em suas melhores condições.

A temporada de pinguins-de-magalhães

A partir de junho, o Instituto Gremar registrou uma intensa temporada de encalhe de pinguins-de-magalhães no litoral brasileiro. Somente entre os dias 20 de junho e 10 de setembro, a nossa equipe realizou o resgate de 410 pinguins, sendo que 126 foram encontrados com vida e trazidos para a reabilitação.

Um dos casos mais complexos deste grupo foi o do terceiro pinguim resgatado no ano, que passou a ser chamado de Pinguim “Três” pela equipe. Ele deu entrada no Centro de Reabilitação com uma fratura consolidada na coluna, que o impedia de se manter em pé e andar. Sua recuperação foi possível graças à utilização de terapias alternativas, como a acupuntura e a terapia neural, em paralelo ao tratamento com medicamentos e suplementos.

Ao final deste período, marcante para a equipe do Instituto, que nunca havia atendido tantos animais da mesma espécie ao mesmo tempo, o saldo foi bastante positivo, com a dedicação e empenho recompensados:  em solturas realizadas nos dias 11 de setembro e 13 de novembro, 50 pinguins reencontraram seu habitat de origem no Parque Estadual Marinho da Laje de Santos.

Ação coletiva: transfusão de sangue em tartaruga-cabeçuda

Na segunda quinzena de setembro, uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) deu entrada no Centro de Reabilitação do Guarujá após receber os primeiros cuidados na Unidade dede Estabilização de Praia Grande (SP).

Em estado grave por conta de uma anemia severa, ela precisou de uma transfusão sanguínea, que foi possível graças à parceria com o Projeto Tamar – que cedeu o sangue de uma tartaruga da mesma espécie – e com o Instituto Argonauta, responsável pelo transporte. O trabalho em equipe resultou no sucesso do procedimento e a tartaruga, em breve, poderá retornar ao mar, já no início de 2021.

A ameaça do lixo e dos petrechos de pesca

Também em setembro, o Instituto Gremar recebeu, por meio da Unidade de Estabilização de Praia Grande, um pardelão-prateado (Fulmarus-glacialoides). A ave, de raríssima ocorrência na costa brasileira, infelizmente não resistiu ao quadro acentuado de anemia que apresentava e veio à óbito. No exame de necropsia, foi encontrada uma grande quantidade de resíduos sólidos em seu trato gastrointestinal, como microplásticos de coloração variada e plásticos rígidos – ou seja, restos de produtos descartados no mar. 

Meses antes, no dia 23 de abril, encalhou na Praia de Boracéia, em Bertioga (SP), um cetáceo da espécie Kogia breviceps, popularmente conhecido como cachalote-pigmeu. O animal era um macho, juvenil, com aproximadamente 2,5 metros de comprimento, e apresentava diversas lesões pelo corpo, possivelmente causadas por interações antrópicas, além de um quadro grave de exaustão.

As duas ocorrências reforçam a importância da continuidade das ações de conscientização e educação ambiental – um dos pilares do PMP-BS e do próprio Instituto Gremar -, além da necessidade de fortalecimento das medidas mitigadoras para reduzir a captura incidental de aves marinhas e a pesca ilegal predatória.

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Crédito:Divulgação/Instituto Gremar
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Crédito:Divulgação/Instituto Gremar Atobá-marrom










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