Do Escambo ao Digital – “Bolsos vazios e memorias cheias”

Artigo de Eber Oliveira aborda sobre o quanto evoluímos em tecnologia de pagamentos

  • Data: 29/12/2020 09:12
  • Alterado: 29/12/2020 09:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Eber de Oliveira Santos
Do Escambo ao Digital – “Bolsos vazios e memorias cheias”

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Datar de quando o comercio passou a existir é quase impossível, há textos e citações que essa prática começou com as trocas de mercadorias que ocorriam em épocas remotas. Estima-se que por volta de 10 mil AC as pessoas utilizavam o gado e outros animais como moeda para definir o valor e assim prosseguir com a troca. Essa era uma prática pouco usual estando o comercio em si baseado estritamente sob o escambo. Entendendo o processo de comercio vemos que nossos ancestrais definiram muito bem esse conceito com seu modelo pois, de fato, o comercio da forma que vemos hoje, não passa de uma troca que é formalizada com papel (dinheiro). Ainda falando como funcionava antigamente, os processos de troca eram bastante regionalizados, pessoas perto de outras realizavam essas trocas e de certo modo, não havia acesso a variedades de produtos pois não havia expansão. Os animais além de ser moeda de troca, eram valiosos e quem os tinha em demasia detinha riqueza. Na questão de variedade, as famílias possuíam aptidão para cultivar ou produzir algo diferente umas das outras, umas para a pesca, outra para a pecuária, ou talvez agricultura, percebeu-se então a necessidade de integrar essas produções e todos terem acesso a diversidade que cada família produzia. Como usar animais como moeda trazia grandes prejuízos e algumas dificuldades (transporte, variação de peso e idade) em 3000 AC na Mesopotâmia criou-se outra medida com o uso de grãos. A China passou a usar conchas, e mais tarde os continentes começaram a adotar outras medidas e materiais para definir o valor.

Criação da Moeda

Com a expansão e necessidade de aumento de variedade impulsionado pelas grandes navegações o mundo, até então conhecido, precisava padronizar os processos para haver uma dinâmica mais simples e inteligível a todos os envolvidos. Como dito anteriormente, usavam animais, depois conchas, até que se definiu usar o sal como padrão de moeda, daí a palavra salário, diga-se de passagem. Por volta de 1000 AC surge novamente na China as primeiras moedas de bronze que se tem notícia. Em 610 AC surgem as primeiras moedas feitas de metal precioso como ouro e prata na região da atual Turquia. Já prevendo uma extinção de matéria prima, os Chineses já tinham inventado papel moeda na dinastia Tang (618-907 DC). No século 13, Marco Polo já havia levado o conceito para a Europa. Em 1657, na Suécia, o banco Stockholms se torna o primeiro a imprimir cédulas em escala.

O padrão Ouro

Os ingleses, seguidos por Alemães e Americanos, adotaram o ouro como padrão monetário. Com isso evitou-se processos inflacionários. Foi um sistema monetário internacional até a primeira guerra mundial, 1914. Na época em que o sistema vigorou, pessoas que possuíam ouro, o depositavam num banco e então era emitido um certificado informando que determinada quantidade de ouro tinha sido depositada e que aquele certificado poderia ser usado como moeda de troca.

Os Charge Cards

Com um mundo experimentando mudanças e outras tecnologias durante a revolução industrial, a forma como lidar com dinheiro não ficou atrás. Nos EUA já se praticava em meados de 1920 as promessas de pagamento. Os cheques circulavam em larga escala e era um dos únicos meios de se garantir uma compra quando não se tinha o valor em espécie. Porem por causa de um esquecimento, viu-se a necessidade de criar o cartão de crédito basicamente como o conhecemos hoje. Sabe o que houve?

1950

Num jantar de executivos em Nova York, Frank MacNamara, ao pagar a conta percebeu que estava sem dinheiro e talão de cheques. Obvio que por conhecer o dono do estabelecimento resolveu seu impasse de outra forma, mas percebeu ali uma oportunidade de criar junto a este mesmo restaurante uma forma de os principais clientes se tornarem membros de um seleto clube sendo portadores de um cartão com o nome impresso e que poderiam pagar sua conta depois. Surgia ali o cartão de crédito Diners Club, que era um papel cartão impresso e que era aceito em apenas 27 dos mais importantes restaurantes de Nova York e somente celebridades o portavam. Calcula-se que apenas 200 pessoas possuíam o tal cartão. Dois anos depois a ideia se difundiu rapidamente e foi ganhando novos adeptos. Com esse crescimento e oportunidades aumentando, foi criado o primeiro cartão de plástico em 1955 e neste mesmo ano o primeiro cartão internacional. Em 1958 a American Express criou o seu cartão porem com pouca aceitação. Mas em 1966 o Bank American Service Corporation criou o Bank Americard com muito sucesso pois era aceito em 12 milhões de estabelecimentos, pouco tempo depois mudou de nome para o que conhecemos até hoje como VISA. No mesmo ano foi criado a Master Charge que depois originaria a atual MasterCard.

A popularidade do plástico. As ATM’s

Percebeu-se rapidamente as várias possibilidades que um cartão de plástico possuía, foi a vez dos bancos venderem valor e comodidade com eles. Por que não inventar algo prático em que as pessoas não precisem pegar filas e resolver seus problemas rapidamente? Foi com essa ideia que o Barclays Bank encomendou da empresa britânica De La Rue em 1967, o primeiro caixa eletrônico do mundo. Ele foi instalado num bairro da Grande Londres em 27 de Junho daquele ano. A invenção foi atribuída a John Sheperd-Barron. Os primeiros caixas não aceitavam cartão e sim uma espécie de cupom emitido por um funcionário do banco. O portador inseria esse cupom no leitor e tinha acesso a algumas poucas funções. A ideia de registrar um número de identificação único e imprimi-lo num plástico foi de um engenheiro britânico, James Goodfellow em 1965. Foi então, que com essa invenção, vários outros serviços bancários foram implementados aos ATM’s. Graças ao cartão de crédito.

1970

Era uma evolução você poder pagar por algo sem de fato ter o dinheiro ali no momento, mas ainda era uma transação demorada e de forma analógica. Com o aumento de portadores de cartões e a quantidade de estabelecimentos que já o aceitavam criou-se neste ano a tarja magnética que reduziu substancialmente o tempo de uma transação e aumentou a segurança delas. A primeira transação realizada em um POS (Point of Sale) data de 1980. Foi a primeira vez em que se fundiram 2 tecnologias em uma única ação.

“Chipados”

É isso mesmo! Os cartões também receberam chip. Em 1990 após o enorme sucesso dos cartões de tarja percebeu-se em igual proporção o aumento de fraudes envolvendo transações com cartão. Neste ano implantou-se os cartões com chip com a principal funcionalidade de tornar as transações mais seguras e poder aumentar o volume de informações armazenadas no cartão. As transações passaram a ser criptografadas e com maior velocidade de comunicação entre o POS e a instituição financeira.

O Comercio Eletrônico – E-commerce

Se você perguntar para uma criança de 10 anos como seria seu mundo sem internet ela absolutamente não saberá responder pois seu mundo está “plugado” com a Web. Já para alguém que nasceu na década de 70 e 80, estes te darão um cenário ao avesso do que é hoje. O que conhecemos como ambiente web e suas aplicações é um negócio muito novo. Para ser exato há 2 décadas atrás quando um cara chamado Tim Berners-Lee em 1990, criou o primeiro servidor de Web com navegação. Antes disso se tem notícia que a internet já existia nos EUA mas somente para fins militares. 1 ano depois a internet foi habilitada para uso comercial, em 1994 o primeiro banco online foi criado e a Pizza Hut abriu sua 1ª loja online no mesmo ano. Entre 1994 e 1996 muitas mudanças ocorreram, desde o surgimento de encriptação de dados para aumento de segurança até o surgimento de gigantes como a Amazon em 1995 e o eBay em 1996.É fato consumado que a tendência de tudo o que fazemos no mundo físico migre para o digital. Nos EUA, grandes redes varejistas estão perdendo espaço para compras virtuais tornando o negócio não lucrativo devido a quantidade de funcionários e espaço físico para se manter lojas convencionais. A soluções e-commerce vem trabalhando muito em melhorias na experiencia de compra bem como no aumento da segurança em suas transações. A fim de aumentar o portfólio de aceitação de meios de pagamento, sites que já aceitavam cartão de crédito, débito, emitiam boletos, aceitavam transferências, agora estão incorporando as moedas virtuais como forma de pagamento.

Digital Wallet

Tudo em prol da segurança e conveniência.”

Você já deve ter tido em algum momento de sua vida a charmosa, funcional e fashion “pochete”, não se acanhe, pode confessar. Esqueça as carteiras, porta cartão, porta cheque, porta o que for! As Digital Wallet vieram com bons predicados para você abortar aquela velha companheira de bolso.

O conceito é claro e em tradução livre significa “Carteira Digital” ou seja, todos os seus cartões, e dados bancários ficam armazenados em um servidor. Ao comprar tanto no meio físico como no digital, você não usa o cartão físico, basta “encostar” seu celular num POS ou leitor no checkout da loja, o sistema reconhece seu cartão, você digita sua senha e pronto! Compra concluída. Não precisamos nem dizer aqui os benefícios dessa tecnologia certo? A evolução das Digital Wallets já chegou aos Smart Watches e Bands que armazenam de igual forma os dados do cartão e você pode utilizar em qualquer estabelecimento que aceite a tecnologia. Já se estuda a possibilidade de que tudo o que você carrega na carteira, além de cartões, possa ser digitalizado, como documentos pessoais e do seu veículo por exemplo. Já temos em testes aqui no Brasil a possibilidade de você pagar o transporte público usando apps no seu celular ou o seu relógio. Grandes corporações já difundem suas soluções de DW, Apple Pay, Samsung Pay, Android Pay, Google Checkout são alguns dos exemplos.

Acquire no Brasil

A evolução da captura de cartões no Brasil está acontecendo de forma acelerada, seja por conta do aumento do público “bancarizado” e assim ter acesso a um cartão, ou pelo surgimento de novas empresas ligadas ao setor. Sabemos que esse mercado até 2010 era um duopólio. Cielo que detinha por volta de 60% do Market share de transações dominava até então o setor, seguida pela Redecard com aproximadamente 40% do mercado fechava o cenário. Cielo detinha todas as transações da Visa com captura exclusiva e Redecard com a exclusividade da bandeira Master. Era um mercado bastante enxuto e por sua vez com políticas de preço descoladas do praticado no resto do mundo. Foi então que neste mesmo ano, o BACEN, CADE e um conjunto de outros órgãos ligados ao setor, ordenaram a “abertura de mercado” ou seja, ambas as maquinas deviam aceitar todos os cartões e os que surgissem a partir de então. Decisão histórica para o setor e que acendeu as esperanças de empresas já consolidadas fora do País e até para empreendedores do setor se aventurarem no mercado de pagamentos brasileiro, até então inexplorado por causa de questões e interesses privados.

Quem já desembarcou

Sendo considerada como “aventureira de mercado” por alguns CEOs na época e, após análises financeiras dos “gigantes”, estar fadada ao insucesso, a GETNET com viés de preço baixo e serviço prestado ótimo, chacoalhou o mercado em 2011. Tendo um modelo de abordagem “plugado” ao Banco Santander, seu proprietário, e um custo muito baixo, a Getnet avançou em Market share chegando em 11% de volume transacionado em seus terminais. Estratégia mais tarde adotada pela Rede (antiga Redecard) junto ao Itaú, seu dono desde 2012.Tivemos de 2012 até o momento diversas empresas, startups, Joint-ventures ligadas ao meio, implantando e iniciando suas operações no Brasil. Em 2012 a Elavon, 2ª maior empresa dos EUA chega ao Brasil, tivemos também a BIN subsidiaria da First Data, líder americana no setor. Funciona em 70 países e transaciona quase $2tri por ano em captura de vendas com cartão. Pagseguro, empresa do grupo UOL vem trazendo soluções baratas e simples para o varejo. Foi considerada o melhor meio de pagamento em 2015. Global Payments, opera no Brasil desde 2013 através de uma Joint Venture com BRB – Banco de Brasília e em plataformas online vinculada 100% com a Vindi. Stone, no mercado desde 2013, conta com parceiros como Banco Pan, Banco BTG e ARPEX Capital. Tem soluções de mobile, e-commerce, TEF, entre outros. Ainda temos algumas outras empresas que estão iniciando suas operações, são elas: Vero, criada pelo Banrisul, Adyen – holandesa voltada para o e-commerce, Safrapay é uma máquina criada pelo banco Safra e possui muitas ofertas para seus correntistas, WorldPay tem uma parceria estratégica com o Banco Rendimento e pretende expandir operações no Brasil, Adiq do Banco Bonsucesso ainda não opera mas está prestes a iniciar a oferta de tecnologia de captura de vendas, IZettle, sueca fundada em 2011, carrega o título de ser a primeira empresa a fornecer leitura de cartão plugada a um smartphone através de um gadget. Temos também a Sumup, alemã fundada em 2012, está entre as líderes na Europa e traz soluções simples e inovadoras para o varejo brasileiro. E por último, numa parceria entre Itaú e Credicard, temos a POP, oferta custos baixos, soluções simples para o varejo e com apelo de ter o maior banco da América Latina por trás das operações.

Os números no Brasil – (fonte ABECS)

Mesmo em anos em que o PIB se mostrou desfavorável e neste momento em que a economia está em recuperação, o mercado de meios de pagamento está crescendo tanto em volume transacionado como em participação no consumo das famílias. Em 2017, o incremento foi de 12,6% em relação 2016, com R$ 1,36 trilhão de movimento. A marca é ainda mais relevante porque este valor de compras com cartão superou o de saques em dinheiro (R$ 1,31 trilhão) e o de cheques compensados (R$ 751 bilhões) o que reflete a mudança de hábitos do brasileiro. De Janeiro a Dezembro de 2017 houve o equivalente a R$ 508 bi em transações com cartão de debito (12,6% a mais que 2016) e R$ 842,6 bi em transações com cartão de credito (12,4% de aumento frente a 2016) e R$ 6,6 bi em transações com cartões pré-pagos (aumento de 68,8%) Compras com cartão hoje já representam 32,6% como meio predominante de pagamentos nas famílias brasileiras, número que em 2016 era de 30%.

O que vem por aí?

A evolução no modo como lidamos com o dinheiro está longe de atingir o ápice. Especialmente no Brasil existe muito espaço para se crescer e este tem sido um bom motivo para que empresas com inovações tecnológicas venham para cá. Mundialmente temos vários exemplos de que a evolução não para, temos pulseiras que serão utilizadas para pagamento de pedágio, solução desenvolvida pela Mastercard em parceria com a Stone e que será implantada na Ecorodovias. A solução já está em teste e permitirá que motociclistas tenham acesso á essa funcionalidade e não precisarão mais parar nos pedágios. A Mastercard também está encabeçando o desenvolvimento de pagamento por aproximação no transporte público. A tecnologia é a NFC. Já está em testes em SP e RJ. A Visa em parceria com a Honda, está desenvolvendo um carro inteligente que pode pagar pelo abastecimento e estacionamento de forma autônoma. Para o abastecimento, o sistema lê o quanto ainda o carro possui de combustível, indica o posto mais próximo, calcula o quanto será gasto e realiza o pagamento de forma virtual sem necessidade de transação com cartões. A mesma lógica acontece no estacionamento, com base na hora de entrada e saída ele calcula o preço e debita do cartão cadastrado. A solução não tem data de chegada ao Brasil. “Digite” sua selfie – Este é o conceito do banco Neon para todos os seus clientes portadores de cartões VISA. É possível realizar compras sem digitar senha, apenas enviando uma foto ao sistema do banco. Transferências via WhatsApp – Itaú e Banco do Brasil já disponibilizam essa funcionalidade. A ideia é que não seja necessário você mudar de aplicativo enquanto está numa conversa ou fechando algum negócio pelo app de mensagens. Ainda na onda da inovação e na virtualização do dinheiro, tivemos no Brasil em meados de 2016 as criptomoedas. Afinal, o que são elas? Em termos práticos são ativos virtuais que existem somente no meio digital, não podem ser materializados. É de fato para poucos pois além de não poder tocar elas são caras. A mais conhecida delas, o bitcoin por exemplo valia no final de 2017 R$ 48,2 mil/unidade. É um mercado muito volátil, para pessoas arrojadas e sem nenhuma regulação de órgãos governamentais. Por conta de ser um ambiente altamente especulativo as moedas virtuais sofrem com a variação de valor. Investidores que tinham bitcoins entre os anos de 2017 e final de 2018 registraram perdas de 75%. De fato, é um mercado bastante restrito dadas as circunstancias, porem vale a máxima do mundo financeiro: “grandes riscos, ótimos ganhos” e o inverso é tão verdadeiro quanto. E para que o estado se reafirme enquanto regulador, recentemente o governo brasileiro criou o PIX. A mais nova maneira de transferir recursos de modo online 24h por dia, 7 dias por semana. Legal não? Poder pagar o rateio do bar em dia não útil agora é possível! Porem vivemos num mercado em que os bancos legislam muitas vezes em causa própria. A princípio o PIX preocupou os bancos pois estes não mais teriam as receitas oriundas das cobranças do DOC e TED, mas… deu-se um jeito, os bancos são emissores de chaves PIX e isso faz com que os valores continuem circulando dentro dos bancos, acha que o laranjinha, o vermelhinho entre outros perderiam essa? Por outro lado as adquirencias estão preocupadas, e devem. Tudo porque um belo montante de transações que antes aconteciam “no débito” nas maquininhas de cartão agora serão via PIX e o logo as máquinas não serão mais necessárias.

E você? Preparado para tudo isso?

De fato, eclodiu-se uma mudança, desencadeou-se uma avalanche de termos, adjetivos e pronúncias que antes eram ouvidas somente em rodas de profissionais de TI, filmes futuristas, e por aí a fora. A tecnologia já havia invadido o modo como guardávamos informações, nos comunicávamos com pessoas, controlávamos nossas contas. Agora nos é apresentado como ela mudará a forma de lidarmos com nosso dinheiro. De maneira geral podemos afirmar que tudo caminha para o prático, o rápido. Para que você (pelo menos é o que algumas companhias vendem) possa ter tempo para o que de fato é importante e de quebra, te proporcionar segurança. Trazendo nosso comentário para os meios de pagamento, vemos o quanto esse mercado evoluiu em apenas duas décadas aqui no Brasil. Tínhamos um mercado “refém” de máquinas de cartão desajeitadas com baixíssimo nível de segurança, mas que para a época entregavam tecnologia e glamour para quem tinha um “chargecard” no bolso. Se tomarmos como base os números de e-commerce e de transações com cartão, a tendência é que mais inovação chegue por aí. Do ponto de vista do investidor o Brasil ainda tem potencial de crescimento pois ainda tem espaço de penetração no modo de consumo das famílias e o volume transacional apresenta crescimento ano após ano, não é de se espantar a miscelânea de máquinas, apps e gadgets de pagamentos lançados no Brasil nos últimos anos. Vejo que essa mudança é mais uma do tipo, “adapte-se ou morra” pois logo mais (e já acontece em muitos apps e sites) o que se conhece como cartão de plástico tornar-se-á um mero ajuntamento de códigos e senhas virtuais que você poderá armazená-los em seu celular, em um relógio, em uma pulseira bem discreta e para a turma das teorias da conspiração quem sabe, até num chip implantado sob a pele. Não se espante, mas existem sistemas que “leem” os seus costumes na web, medem quantidade de cliques, páginas, assuntos, tudo o que for possível para traçar uma linha comportamental e em seguida lhe ofertar ali, diante dos seus olhos, na palma de sua mão, tudo o que você levaria algumas horas pesquisando em sites de busca, e claro, essas páginas/sites te oferecerão pagamentos muito facilitados: “Use sua Digital Wallet” “Possui Paypal? Pague aqui!” Isso pode ser muito divertido, mas cuidado use com inteligência. Hoje não só os mercados ligados a finanças, consumo e bancos se utilizam de tecnologias para virtualizar seus processos. Vemos em larga escala órgãos governamentais se apropriando de tecnologias para desburocratizar processos, diminuir filas, reduzir tempo de espera em solicitação de documentos e claro, gerar economia. Com a crescente evolução no mercado de pagamentos uma outra indústria também vem “pegando” essa onda. A de segurança de dados em ambiente virtual. Algumas instituições já criaram cartões de crédito virtuais que expiram após a compra, ou seja, ele é de propriedade exclusiva sua, porém com prazo de validade curtíssimo. Lembra daquela frase de Missão Impossível: “essa mensagem se autodestruirá em …” é mais ou menos isso. Tudo para que sua compra não deixe rastro na web e que seus dados não sejam mal utilizados. Por mais que se veja uma adesão massificada a novos meios de se comprar há de se divulgar também em igual proporção como empresas estão se blindando contra os ataques de hackers e seres virtuais mal-intencionados para que o que seria um avanço tecnológico imenso não seja uma catástrofe inversamente proporcional. Claro que ainda existem os que não abrem mão do bom e velho boleto e sua autenticação mecânica, da consulta de saldo bancário direto na agência e imprimindo o extrato. Do saque em espécie ao invés de uma transferência online, dos que compram só depois de tocar no produto e ver que o vendedor e a loja existem de fato. Para estes a mudança não chegará e as instituições terão que se virar deixando nem que for um único “ser” ali, sentado numa mesa com computador nem que seja para tomar um cafezinho com o cliente.

Mini-curriculum
Eber de Oliveira Santos, 39 anos
Formado em Ciências da Computação pela UNIESP
Mestrado em Gestão Estratégica de Vendas pela FGV
12 anos atuando com meios de pagamento, atualmente como gerente sênior da Cielo S/A.

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  • Data: 29/12/2020 09:12
  • Alterado:29/12/2020 09:12
  • Autor: Redação
  • Fonte: Eber de Oliveira Santos









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