Um dia após suspensão da Coronavac, Bolsonaro tuíta sobre suas ações contra covid
Bolsonaro fez uma extensa publicação nas redes sociais sobre quais ações o governo federal tem realizado para enfrentar a pandemia de covid-19
- Data: 10/11/2020 11:11
- Alterado: 10/11/2020 11:11
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Presidente Jair Bolsonaro disse que "ganhou" após Anvisa suspender vacina contra Covid-19
Crédito:Marcos Corrêa/PR
A publicação foi feita menos de 12 horas após a Anvisa suspender os testes com a vacina Coronavac, que está em desenvolvimento pelo Instituto Butantan.
Em sua live dessa segunda-feira,9, Bolsonaro afirmou que , o governo federal vai comprar e disponibilizar qualquer vacina contra a covid-19 que passar pelo aval do Ministério da Saúde e for certificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Passando pela [Ministério da] Saúde e sendo certificada pela Anvisa, o governo federal vai comprar e disponibilizar, mas não vai ser obrigatória de jeito nenhum”.
No final da mesma noite, houve uma nota à Imprensa “O Governo de São Paulo, através do Instituto Butantan, lamenta ter sido informado pela imprensa e não diretamente pela Anvisa, como normalmente ocorre em procedimentos clínicos desta natureza, sobre a interrupção dos testes da vacina Coronavac.”
O Butantan aguarda informações mais detalhadas do corpo clínico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária sobre os reais motivos que determinaram a paralisação.,
Pelo twitter, Bolsonaro elenca as medidas do governo federal como a realização de testes clínicos para verificar se a vacina BCG – que protege contra formas graves da tuberculose – é “uma maneira preventiva da covid-19, reforçando o sistema imunológico” e outros 15 protocolos de vacinas nacionais em desenvolvimento para o vírus.
Bolsonaro também mencionou, como um dos esforços promovidos pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, estudos sobre a nitazoxanida no tratamento precoce da covid-19. O medicamento é um vermífugo que “reduz a carga viral“, diz o tuíte do presidente, mas que não evita complicações da covid-19, segundo pesquisas médicas. Nas postagens, o presidente reforçou o caráter nacional das medidas implantadas e defendeu que o País ganhou independência de importações como, por exemplo, a de ventiladores pulmonares.
“O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, e o presidente Jair Bolsonaro trabalham, desde fevereiro, ao lado da ciência, no combate à covid-19”, escreveu Bolsonaro.
Suspensão dos testes
Logo que foi anunciada a suspensão dos testes da Coronavac, um dos imunizantes contra o coronavírus em fase mais avançada de testes, o Instituto Butantan se disse surpreso com a decisão da Anvisa os testes e lamentou não ter sido informado diretamente. Até a noite desta segunda-feira, o governo de São Paulo, responsável pelo Instituto Butantan, afirmou que ainda aguardava informações sobre “os reais motivos que determinaram a paralisação”. O órgão regulador disse que a suspensão acontece pelo registro de um efeito adverso grave em um dos voluntários, mas não forneceu detalhes.
De acordo com especialistas, o registro de eventos adversos é comum nesta etapa (fase3) de pesquisas de imunizantes, mas sempre precisam ser investigados para se determinar a origem do problema. A pesquisa da vacina da Universidade de Oxford, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, também teve os testes interrompidos pelo menos duas vezes por causa de efeitos adversos graves, mas os estudos foram retomados após análises de comitê independente de cientistas.
A vacina de Oxford é a principal aposta do governo federal na busca por um imunizante. O acordo firmado entre a Fiocruz e a farmacêutica britânica AstraZeneca prevê a transferência de tecnologia da vacina de Oxford, com início da produção em janeiro do ano que vem. Ou seja, o Brasil terá acesso à tecnologia e autonomia para continuar produzindo o imunizante. O órgão de pesquisa prevê fabricar 210 milhões de doses em 2021.
Disputa política
A vacina Coronavac, em desenvolvimento pelo Butantan, tem sido objeto de disputa política entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o presidente da República. Bolsonaro disse não que planeja adquirir o imunizante, contrariando, inclusive, manifestações dadas pelo ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Apesar da disputa entre o presidente e o governador, Doria tem reforçado a confiança no trabalho “republicano” e “correto” do ministro Pazuello.
Nesta segunda, o governador paulista também havia anunciado o início das obras da nova fábrica do instituto para produção de vacinas, em especial, de imunizantes contra o coronavírus.