Bolsonaro e Faria desautorizam Mourão a falar sobre 5G
Presidente disse que só aceita que falem sobre esse assunto se a pessoa, quem quer que seja, esteja acompanhada do ministro das Comunicações;
- Data: 08/12/2020 18:12
- Alterado: 08/12/2020 18:12
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Bolsonaro diz que assunto 5G será tratado entre ele e Fabio Faria
Crédito:Alan Santos/PR
Ontem, Mourão disse que o banimento da chinesa Huawei encareceria os serviços
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, escanteou o vice-presidente Hamilton Mourão das discussões a respeito do 5G no Brasil. “Iremos tratar esse tema no Ministério das Comunicações e na Presidência da República”, disse, após receber representantes das cinco principais operadoras do País – Vivo, Claro, Oi, TIM e Algar Telecom.
Mais tarde, em evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro também desautorizou seu vice. O presidente disse mais de uma vez que o assunto só pode ser debatido com ele se antes passar pelo ministros das Comunicações, Fábio Faria.
“Ninguém vem falar (sobre) 5G comigo – e não está aberta a agenda para quem quer que seja a pessoa – a não ser que ela venha acompanhado do ministro Fábio Faria, das Comunicações”, disse Bolsonaro. Ele reforçou o recado para Mourão uma outra vez durante seu discurso: “Repito, 5G ninguém fala comigo sem antes conversar com Fábio Faria”, disse.
Mourão disse na segunda, 7, que os equipamentos da Huawei estão em 40% das redes de 3G e 4G no País e que o eventual banimento da companhia no 5G vai encarecer os serviços para os consumidores.
Questionado sobre o posicionamento de Mourão, Faria disse que o vice-presidente tem prerrogativa para falar sobre qualquer assunto e que tem liberdade de expressão. “Mas até hoje, nunca recebi pedido de audiência ou convite para falar sobre isso com Mourão”, disse.
“Esse tema será tratado entre mim e o presidente da República, até porque Mourão está com o Conselho da Amazônia, que demanda muita atenção e muito trabalho. Acho que ele não vai ter tempo para tratar também do tema do 5G, que está sendo bem tratado pelo ministério”, disse o ministro.
A fala de Mourão recebeu apoio explícito do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). O agronegócio também é contra o banimento da China e teme retaliações ao setor. Já as alas militar e ideológica defendem a imposição de restrições para banir a fornecedora do País, que tem sido o principal alvo de pressão do governo norte-americano no mundo.
O leilão do 5G está previsto para o fim do primeiro semestre de 2021. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) deve publicar o edital da licitação até o fim de fevereiro, mas não tem poder para banir a Huawei – uma decisão que depende de decreto presidencial.