Após recorde de mortes, Bolsonaro diz esperar que STF mantenha igrejas abertas
Após o País registrar, pela primeira vez, mais de 4 mil mortes pela covid-19 em 24 horas, o Bolsonaro afirmou que espera que o STF libere a realização de cultos e missas durante a pandemia
- Data: 07/04/2021 13:04
- Alterado: 07/04/2021 13:04
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Bolsonaro espera que STF mantenha liminar que permite cultos e missas presenciais
Crédito:Adriano Machado/Reuters
A Corte julga na tarde desta quarta-feira uma liminar do ministro Kassio Nunes Marques que liberou os templos a realizar cerimônias religiosas presencialmente, o que costuma causar aglomerações. Segundo especialistas, a reunião de pessoas em ambientes fechados é uma das principais formas de proliferação da doença.
“Espero que ao STF julgar liminar de Kassio Nunes (Marques), que a liminar seja mantida ou que alguém peça vista para discutir mais“, disse Bolsonaro. “Qual é o último local que uma pessoa procura antes de cometer um suicídio? A igreja. Quem não é cristão, que não vá”, completou o presidente, ao discursar em Chapecó (SC).
Bolsonaro visitou Chapecó, cidade catarinense que ele aponta como como “exemplo” no combate à covid-19. A viagem foi marcada de última hora, após o prefeito da cidade, João Rodrigues (PSD), celebrar, em um vídeo nas redes sociais, a queda de internações e a desativação de uma unidade de terapia semi-intensiva. Mesmo assim, a ocupação de leitos ainda é alta. De acordo com dados da própria prefeitura, atingiu 93% na rede pública e 100% na privada nesta terça-feira, 6.
O município acumula ainda mais mortes por 100 mil habitantes do que o País e Santa Catarina. A cidade enfrentou colapso de saúde em fevereiro, precisou transferir pacientes, adotar restrições de circulação e ampliar o número de leitos. Chapecó tem 541 mortos pela pandemia, sendo que mais de 410 foram registrados neste ano.
Bolsonaro disse na segunda-feira, 5, que Chapecó faz um “trabalho excepcional” contra a pandemia e deu “liberdade” a médicos para prescreverem o “tratamento precoce“, ou seja, medicamentos sem eficácia para a covid-19, como a hidroxicloroquina. “Não sei como salvar vidas, não sou médico, mas não posso tolher liberdade do médico”, afirmou o presidente no discurso desta quarta.
Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem defendido a prescrição de medicamentos como hidroxicloroquina, ivermectina e azitromicina contra a doença. Centenas de estudos científicos realizados até agora nunca comprovaram a eficácia das drogas para combater a covid-19 e, em alguns casos, como da ivermectina mostraram que não há qualquer efeito positivo. O aumento no consumo desses remédios também tem causado reações em pacientes e, como revelou o Estadão, alguns morreram em decorrência de complicações.