Barroso: Voto impresso é “solução desnecessária para problema que não existe!”
Presidente do TSE defendeu o sistema eleitoral atual, baseado somente na urna eletrônica. Nunca foi documentado um caso sequer de fraude; voto impresso é promessa de campanha do Bolsonaro
- Data: 09/06/2021 15:06
- Alterado: 09/06/2021 15:06
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Arthur Lira e Luiz Roberto Barroso
Crédito:Luis Macedo/Câmara dos Deputados
Em audiência na Câmara nesta quarta-feira, 9, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso defendeu o sistema eleitoral atual, baseado somente na urna eletrônica. “Nunca foi documentado um caso sequer de fraude“, disse. “A posição do TSE no tocante ao item segurança é de que a introdução do voto impresso seria uma solução desnecessária para um problema que não existe com um aumento relevante de riscos“, disse Barroso. Para ele, a “vida vai ficar bem pior” com a consequente redução da segurança das eleições, trazendo de volta fraudes e falhas humanas caso o voto impresso volte.
Como o Estadão/Broadcast mostrou nesta terça-feira, o voto impresso – promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro – deve avançar com amplo apoio na comissão especial sobre o tema na Câmara e, paradoxalmente, com adesão de parte da oposição. Levantamento feito pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, aponta que a maioria dos deputados no colegiado é a favor da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC).
Dos 34 parlamentares no colegiado, 21 se disseram a favor – para que a proposta avance, são necessários 17 votos. Só quatro são contrários e sete ainda estão indecisos. Duas vagas ainda não foram preenchidas. Se aprovado na comissão especial, o texto ainda precisará ser votado nos plenários da Câmara e do Senado, em dois turnos.
Barroso também citou o custo de R$ 2 bilhões para implementar o sistema, além dos problemas de armazenagem, transporte e segurança de urnas com votos de papel.
“Se passar, teremos de fazer uma licitação para comprar as urnas. Não é procedimento banal, não é fácil. O tribunal tem boa-fé e vai tentar cumprir, se for essa decisão, eu torço para que não venha, mas se vier vamos tentar cumprir“, disse o ministro.
“Com todo o respeito às compreensões diferentes, eu gostaria de dizer por quais razões o tribunal tem participado do debate público em sentido desfavorável à implantação do voto impresso. Sempre lembro que essa é uma decisão política, portanto, se o Congresso Nacional decidir que deve ter voto impresso e o Supremo validar, vai ter voto impresso. Mas vai piorar, a vida vai ficar bem pior. Aliás, a vida vai ficar parecida com o que era antes. Creiam em mim“, afirmou Barroso.
SIGILO
Para Barroso, além de abrir margem para fraudes, um dos principais problemas do voto impresso é a possibilidade de violação do sigilo do voto, uma vez que pelo recibo da votação seria possível saber a composição dos votos individuais, possibilitando a identificação do eleitor.