As sequelas da intubação em crianças
Crianças que passaram por períodos consideráveis de intubação, precisam de ajuda especializada para retomar hábitos cotidianos
- Data: 07/11/2021 12:11
- Alterado: 07/11/2021 12:11
- Autor: Redação
- Fonte: Dra. Carla Deliberato
As sequelas da intubação em crianças
Crédito:Divulgação
A intubação é considerada um procedimento salvador de vidas em muitos quadros delicados de saúde. É uma intervenção delicada que consiste na colocação de um dispositivo que permite a passagem de ar por um ventilador mecânico. Existem muitos quadros, desde o mais atual – o Covid-19, a prematuridade, má formação congênita, problemas respiratórios, entre outros que necessitam do procedimento.
É comum que a família se sinta apreensiva neste momento, por isso, a extubação, que é o processo de retirada desse dispositivo é muito esperado e festejado. Porém, o processo de intubação e extubação são responsáveis por diversas sequelas que necessitam de ajuda especializada.
Uma das sequelas comuns são os traumas nas vias aéreas porque podem comprometer o funcionamento das pregas vocais e causar sequelas relacionadas à respiração, fala, voz e deglutição.
Segundo a fonoaudióloga, Carla Deliberato, é comum que a criança necessite passar por um processo de reaprendizagem. “A região laríngea é uma das regiões mais prejudicadas. O ato de alimentar-se pode ficar totalmente comprometido e caso não seja tratado, pode criar sequelas por toda a vida”, comenta.
A mastigação, por exemplo, é um ato aprendido e sem a prática, torna-se inoperante. Durante o período de intubação, além do tubo de ventilação de “machucar” a região da oro-faringe, a prática da mastigação é extinta. As texturas dos alimentos já não são aceitas por conta da dificuldade em mastigar e deglutir o alimento. Em casos mais graves, após a extubação a criança pode ficar disfágica, apresentar engasgos recorrentes e pode ter muita dificuldade para se alimentar, desenvolvendo problemas respiratórios e nutricionais mais graves.
Neste momento é essencial o apoio e atendimento especializado, com exercícios e técnicas para o restabelecimento da região laríngea. A dra. Carla explica que assim que a criança é extubada, é recomendado iniciar o acompanhamento fonoaudiológico, ainda durante a internação. Após a alta, o trabalho deve se voltar para a re-introdução alimentar e para o re-estabelecimento da comunicação. “Um diagnóstico é feito para entender as principais dificuldades, então é iniciado um protocolo de atendimento que inclui treino terapêutico, orientações e definição das melhores estratégias a serem desenvolvidas com o paciente.” , afirma Carla.
Após a alta é o momento mais crítico em relação a alimentação e que a criança mais precisa de atenção ao seu desenvolvimento. A alimentação é responsável por sustentar o crescimento adequado, inclusive do desenvolvimento cognitivo. A falta de nutrientes pode causar dificuldades na aprendizagem, baixa imunidade, infecções, entre outros problemas.