Deputado defende investigação sobre ajuda do governo à Igreja Universal
Ivan Valente (PSOL-SP) aciona PGR para apurar crime de improbidade administrativa na viagem de Mourão a Angola para tentar resolver problemas da igreja à Igreja Universal do Reino de Deus
- Data: 21/07/2021 09:07
- Alterado: 21/07/2021 09:07
- Autor: Redação ABCdoABC
- Fonte: Estadão Conteúdo
Vice-presidente Hamilton Mourão em Angola
Crédito:Reprodução/IURD
O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) afirmou ontem que vai entrar com uma representação na Procuradoria-Geral da República e na Procuradoria da República no Distrito Federal para apurar possível crime de improbidade administrativa na viagem que o vice-presidente Hamilton Mourão fez a Angola, onde tentou interceder para auxiliar a Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd). O crime de improbidade administrativa ocorre quando o agente público age, no exercício do cargo, contra o interesse público.
A ação vai questionar o uso de dinheiro público para atender a interesses privados e solicitar informações sobre os custos dos voos da Força Aérea Brasileira (FAB) e como as hospedagens foram bancadas em Angola. A reportagem mostrou ontem que o presidente Jair Bolsonaro agiu para que o vice tentasse resolver um conflito do grupo religioso no país africano.
Na semana passada, Mourão viajou a Angola para participar de reunião da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP). O general disse ao Estadão que, a pedido de Bolsonaro, conversou com o presidente angolano, José Lourenço, para tentar ajudar a Universal.
Integrantes da Universal em Angola se rebelaram contra a direção brasileira da igreja – fundada e liderada pelo bispo Edir Macedo – e divulgaram um manifesto que acusa o comando geral de lavagem de dinheiro, sonegação de impostos e racismo. A Universal nega as acusações. Pastores e bispos brasileiros estão sendo deportados do país africano. Antes da viagem de Mourão, bispos da Universal no Brasil chegaram a se queixar da falta de apoio do Itamaraty.
“O patrocínio que eles estão fazendo não é só trânsito diplomático. O que é atribuído à Universal são crimes de evasão de divisas, sonegação de impostos e racismo“, disse Valente. Ele acusa o governo brasileiro de “interferir em outro Estado para defender interesses privados”. “Fora que o Estado (brasileiro) é laico, não pode tratar de questões privadas e ideológicas em outro país.”