Debates, show e cinema incrementam a sexta edição de Mekukradjá

Com curadoria da antropóloga e cineasta Júnia Torres e do educador Daniel Munduruku, a programação on-line e ao vivo reúne 18 lideranças, acadêmicos, cineastas e escritores indígenas

  • Data: 26/07/2021 16:07
  • Alterado: 26/07/2021 16:07
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural
Debates, show e cinema incrementam a sexta edição de Mekukradjá

Ziel Karapotó

Crédito:Divulgação/Tássio Tavares

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De 28 a 30 de julho (quarta-feira a sexta-feira), o Itaú Cultural transmite em seu site e na página do Youtube, a sexta edição do Mekukradjá – Circulo de Saberes, com encontros dedicados às tradições, resistência, renovações e outros aspectos do universo dos povos indígenas no Brasil contemporâneo. Com curadoria da antropóloga e documentarista Júnia Torres e do escritor e educador Daniel Munduruku, esta edição tem como tema O futuro está na memória e reúne 18 indígenas entre lideranças, acadêmicos, cineastas, músicos, escritores, produtores musicais, estilistas, artistas visuais e de artes cênicas de comunidades do Acre, Alagoas, Bahia, Roraima, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo.

Em três dias de programação on-line e ao vivo, o evento traz círculos de trocas de saberes para abordar assuntos relacionados à tradição, renovação e cultura dos povos originários. A representatividade indígena no mundo virtual, bem como as suas iniciativas empreendedoras, participações ativas em produções culturais e a manutenção das práticas ambientais coletivas, estão nos temas em conversa.

Entre os participantes convidados, Mekrukadjá conta com Dário Kopenawa Yanomami vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami; Cristian Wari’u, apresentador do podcast Copiô, Parente; Julie Dorrico, escritora e curadora de literatura indígena; Ziel Karapotó, cineasta, artista multimídia, ativista, e produtor cultural, e o estilista e bailarino clássico, Edenilson Dias Delgado (confira todos os perfis mais abaixo).

Sempre com duas mesas de debate por dia, às 10h e às 16h, o evento exibe, ainda, O verbo se fez carne (2019), primeiro curta-metragem do diretor Ziel Karapotó, que será transmitido após a fala do cineasta. Vencedor de 20 prêmios no circuito de cinema nacional, o filme fala sobre as cicatrizes deixadas pela invasão dos europeus em Abya Yala, que, na língua do povo Kuna, significa terra madura, terra viva ou terra em florescimento e é sinônimo de América. Na produção audiovisual, Karapotó utiliza seu corpo para denunciar a imposição da língua do colonizador aos povos indígenas, uma face do projeto colonialista.

Também está programada uma apresentação musical do Brô MC’s, primeiro grupo de rap indígena do Brasil. É formado por Bruno Veron, Clemersom Batista, Kelvin Peixoto e Charlie Peixoto, jovens das etnias Guarani e Kaiowa, das aldeias Jaguapirú e Bororó, que ficam na cidade de Dourados, no oeste do Mato Grosso do Sul. Eles misturam português e guarani para falar de seu cotidiano em suas músicas de letras marcantes que abordam temas como a luta pela terra, a questão da identidade indígena, problemas como o consumo de drogas e álcool e os altos índices de suicídio nas aldeias. Os quatro mesclam a esse conjunto, cantos tradicionais e extrapolam fronteiras físicas e imateriais, construindo pontes por meio do rap e das culturas indígena e do hip hop.

As mesas

Paulo Pankararu, advogado de povos e organizações indígenas do Brasil; Dário Kopenawa Yanomami, que também é filho do grande líder Davi Kopenawa Yanomami; Kanatyo Pataxoop, cacique e professor graduado pelo Curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas FAE/UFMG, e Dona Liça Pataxoop, liderança das mulheres e professora pertencente ao povo Pataxó, abrem as conversas na mesa de 28 de julho, quarta-feira, às 10h: O que se pode aprender com o passado? Memória como instrumento de luta e de construção do futuro. Ela trata da memória como instrumento de luta e de construção do futuro. Aqui, o grupo recorre aos ensinamentos ancestrais segundo os quais o passado deve ser visto como um método pedagógico que permite se atualizar para fazer sentido no presente. Daniel Munduruku, escritor e professor, faz a moderação.

A mesa seguinte, às 16h, é O futuro que se chama hoje e vislumbra as redes sociais como militância política para o porvir indígena, por meio de sua juventude. Esses jovens têm forte envolvimento com o mundo virtual e experimentam estéticas a favor de uma nova consciência e da partilha entre as poéticas contemporâneas e tradicionais. O círculo de conversa conta com as participações de Alana Manchineri, responsável pela rede de jovens comunicadores indígenas da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB); Cristian Wariu, dos podcasts Copiô Parente e Voz Indígena; e o cineasta Ziel Karapotó.

Quem faz a mediação desta mesa é a jornalista Renata Tupinambá, co-fundadora da Rádio Yandê, produtora, poeta, consultora, curadora, roteirista e artista visual. Ela também criou o podcast Originárias, primeiro no Brasil de entrevistas com artistas e músicos indígenas, que íntegra a central de podcasts PodSim.

Durante esta roda de conversas é exibido O verbo se fez carne (2019), com duração de sete minutos e classificação indicativa de 12 anos. A apresentação dos Brô MC’s, encerra a programação do dia, a partir das 17h.

O dia seguinte, 29, quinta-feira, volta a começar às 10h com a mesa A memória como instrumento de luta. Luta, direito, história. Tomam a palavra, Cacique Babau, grande liderança indígena reconhecida no Brasil e no exterior pela sua atuação na denúncia das violações de direitos dos índios; a líder Alessandra Korap, que atua em defesa da demarcação do território indígena e da proteção dessa terra, denunciando a exploração e atividades ilegais do garimpo, mineração e da indústria madeireira. Ainda, Eloy Terena, advogado e coordenador jurídico das Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).

Nesta mesa, o assunto é a luta incansável dos povos indígenas para proteger os direitos históricos que conquistaram na Constituição brasileira. O propósito é trazer a memória destas conquistas e debater o resultado das lutas indígenas no presente momento. A mediação é de José Ribamar Bessa Freire, doutor em literatura comparada, professor do Programa de Pós-graduação em Memória Social da UNIRIO, coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas da UERJ e docente em programas interculturais de educação indígena e autor de livros e artigos sobre história e línguas indígenas.

Somos aqueles por quem esperamos. O futuro da mãe Terra, é o tema da mesa das 16h.Os convidados são Benki Piãko, um dos principais líderes do povo Ashaninka, do rio Amônia, no Acre; Oreme Ikpeng, ativista ambiental da rede de sementes Mulheres Yarang do Xingu, e Jerá Guarani liderança indígena da aldeia Tenonde Porã e Kalipety.

A conversa gira em torno do que fazer para que exista um futuro possível. Por exemplo, a urgência de um novo comportamento ambiental pautado por efetivas mudanças no consumismo desenfreado e na valorização de uma ecologia de saberes que passa pela defesa dos conhecimentos tradicionais e da manutenção das práticas ambientais coletivas. Wellington Cançado, faz a mediação. Ele é editor da revista Piseagrama, professor da Escola de Arquitetura e Design da UFMG, onde integra o grupo Cosmópolis, e faz pesquisas e escreve sobre as metamorfoses urbanas e os cinemas indígenas.

Mekrukadjá encerra na sexta-feira, 30, com mais duas mesas. A das 10h, Histórias que mudam a história. A literatura dos mundos possíveis, reúne Julie Dorrico, do povo Macuxi e idealizadora do canal no Youtube Literatura Indígena Contemporânea; Kawany Fulkaxó, pedagoga, contadora de histórias e mestranda em povos africanos, povos indígenas e culturas negras com o tema paradidático Narrativas da memória, história, interculturalidade do povo indígena Kariri-Xocó/al (UNEB/BA); e Marcelo Manhuari, escritor indígena, autor do livro Cidade das Águas Profundas,

Com mediação de Rita Carelli, atriz, diretora, escritora e ilustradora que colabora para a ONG Vídeo nas Aldeias, aqui o debate gira em torno de uma pergunta: uma vez que contar uma história é também desconstruir estereótipos e moldar novas realidades, como a literatura está se tornando um vetor de transformação na sociedade brasileira?

Fechando as rodas de conversa desses três dias, a mesa A arte para além dos tempos. Formas de expressão o além de nós, às 16h, observa o quanto os indígenas estão ocupando importantes espaços na atual sociedade. Eles são curadores de mostras de arte, empreendedores, estilistas, cineastas e produtores culturais revelando uma nova forma de olhar a realidade brasileira.

Mediada por Naine Terena, artista e educadora, a mesa reúne o cineasta, premiado nacional e internacionalmente, Takumã Kuikuro; a produtora cultural Olinda Muniz Tupinambá e Pataxó Hã-Hã-Hãe, que também é jornalista, cineasta e ativista ambiental; e Edenilson Dias, da etnia terena, acadêmico de artes cênicas, bailarino clássico e estilista do Ateliê Terena. A conversa apresenta de que modo a dinâmica de pertencimento pode ajudar a modificar os olhares da sociedade nacional sobre os povos indígenas.

PROGRAMAÇÃO E PERFIS DOS PARTICIPANTES

Dia 28 de julho, quata-feira

Das 10h às 11h

Mesa 1 – O que se pode aprender com o passado? Memória como instrumento de luta e de construção do futuro

Com

Paulo Pankararu: advogado de diversos povos e organizações indígenas do Brasil.

Dário Kopenawa Yanomami: filho mais velho de Davi Kopenawa Yanomami, líder conhecido em todo o mundo pela defesa dos direitos do povo Yanomami.

Kanatyo Pataxó, cacique e professor graduado pelo Curso de Formação Intercultural para Educadores Indígenas na Universidade Federal de Minas Gerais (FAE/UFMG)

Dona Liça Pataxó, liderança das mulheres e professora pertencente ao povo Pataxoop.

A mediação é de Daniel Munduruku, escritor e professor indígena Munduruku.

Das 16h às 17h

Mesa 2 – O futuro que se chama hoje. Redes sociais como militância política e futurismo indígena

Com

Alana Manchineri: responsável pela rede de jovens comunicadores indígenas da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).

Cristian Wariu – Guerreiro Digital: comunicador que desmistifica ideias preconceituosas e estereotipadas sobre os povos indígenas por meio dos podcasts Copiô Parente e Voz Indígena.

Ziel Karapotó: artista multimídia, ativista, produtor cultural e cineasta, pertencente à nação indígena Karapotó.

A mediação é de Renata Tupinamba, co-fundadora da Rádio indígena Yandê, jornalista, produtora, poeta, consultora, curadora, roteirista e artista visual e criadora do podcast Originárias, primeiro no Brasil de entrevistas com artistas e músicos indígenas, que íntegra a central de Podcasts femininos PodSim.

Na sequência, é exibido O verbo se fez carne (2019), filme Ziel Karapotó, com duração de sete minutos e classificação indicativa de 12 anos.

Às 17h

Show

Após a conclusão da segunda mesa de debate do dia, é transmitida a apresentação musical ao vivo do Brô MC’s, primeiro grupo de rap indígena do Brasil.

29 de julho

Das 10h às 11h

Mesa 3 – A memória como instrumento de luta. Luta, direito, história.

Com

Cacique Babau: um dos maiores nomes de lideranças indígenas, a nível nacional e internacional, pela sua atuação na denúncia das violações de direitos dos índios.

Alessandra Korap Munduruku: líder Munduruku, ele atua em defesa pela demarcação do território indígena e a proteção dessa terra, denunciando a exploração e atividades ilegais do garimpo, mineração e da indústria madeireira.

Eloy Terena: advogado indígena Terena, defensor dos direitos humanos dos povos indígenas.

Mediação de José Ribamar Bessa Freire, doutor em literatura comparada, professor do Programa de Pós-graduação em Memória Social da Universidade do Rio de Janeiro (UNIRIO) e coordenador do Programa de Estudos dos Povos Indígenas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Também é docente em programas interculturais de educação indígena e autor de livros e artigos sobre história e línguas indígenas.

Das 16h às 17h

Mesa 4 – Somos aqueles por quem esperamos.  O futuro da mãe Terra.

Com

Benki Piãko: um dos principais líderes do povo Ashaninka, do rio Amônia, no Acre.

Oreme Ikpeng: ativista ambiental, trabalha na rede de sementes do Xingu Mulheres Yarang

Jera Guarani: liderança indígena da aldeia Tenonde Porã (SP) e Kalipety.

Mediação de Wellington Cançado, editor da revista Piseagrama e professor da Escola de Arquitetura e Design da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde integra o grupo Cosmópolis. Ele faz pesquisas e escreve sobre as metamorfoses urbanas e os cinemas indígenas.

30 de julho, sexta-feira

Das 10h às 11h

Mesa 5 – Histórias que mudam a história. A literatura dos mundos possíveis

Com

Julie Dorrico: pertencendete do povo Macuxi, é idealizadora do canal no Youtube Literatura Indígena Contemporânea.

Denizia Fulkaxó: pedagoga, contadora de histórias, mestranda em Povos Africanos, Povos Indígenas e Culturas Negras com o tema Paradidático; Narrativas da Memória, História, Interculturalidade do Povo Indígena Kariri-Xocó/AL, pela Universidade Estadual da Bahia (UNEB/BA).

Marcelo Manhuari: escritor indígena, autor do livro Cidade das Águas Profundas,

Mediação feita por Rita Carelli, atriz, diretora, escritora e ilustradora, ela colabora para a ONG Vídeo nas Aldeias.

Das 16h às 17h

Mesa 6 – A arte para além dos tempos. Formas de expressão o além de nós

Com

Takumã Kuikuro: cineasta, membro da aldeia indígena Kuikuro, reconhecido nacional e internacionalmente pelos seus filmes, tendo sido premiado no Festival de Gramado, Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, Olhar de Cinema, Jornada Internacional de Cinema da Bahia, Festival de Filmes Documentário Etnográfico e Festival Presence Autochtone de Terres em Vue. Em 2017, recebeu o prêmio honorário Bolsista da Queen Mary University London. Foi, em 2019, o primeiro jurado indígena do Festival de Cinema Brasileiro de Brasília.

Olinda Muniz Tupinambá: indígena do povo Tupinambá e Pataxó hãhãhãe, produtora cultural, jornalista, cineasta e ativista ambiental.

Edenilson Dias/Ateliê Terena: acadêmico de artes cênicas, bailarino clássico e estilista. Filho de mãe preta e pai indígena da etnia terena.

Mediação: Naine Terena, artista, educadora e uma das organizadoras do livro Povos indígenas no Brasil: Perspectivas no fortalecimento de lutas e combate ao preconceito por meio do audiovisual, publicado em 2018 e do Dossiê Educação escolar indígena (Revista Abatirá/2020). Em 2019 foi uma das cinco finalistas do Jane Lombard Prize for Art and Social Justice, oferecido pelo Vera List Center for Art and Politics, de Nova York (EUA), e agraciada, em 2020/2021, como Mestre da Cultura de Mato Grosso.

SERVIÇO

6ª Edição do Mekukradjá – Circuito de Saberes: O futuro está na memória

28 a 30 de julho (quarta-feira a sexta-feira)

Debates às 10h e às 16h

28 de julho (quarta-feira), às 17h

Filme: O verbo se fez carne (2019), de Ziel Karapotó, com duração de sete minutos e classificação indicativa livre

Show: grupo Brô MC’s

No site www.itaucultural.org.br

No Youtube www.youtube.com/itaucultural

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  • Data: 26/07/2021 04:07
  • Alterado:26/07/2021 16:07
  • Autor: Redação
  • Fonte: Itaú Cultural









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