Moradores de bairros de SP buscam lar para animais abandonados

"Já ajudei a resgatar cachorros vítimas de violência, gata prenha e filhotes de cães abandonados até na beira de rio", afirma a moradora Simone Ferreira

  • Data: 27/06/2019 17:06
  • Alterado: 27/06/2019 17:06
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo
Moradores de bairros de SP buscam lar para animais abandonados

Crédito:Pixabay

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Indignados com o aumento de animais domésticos abandonados, sendo que alguns deles são vítimas de maus-tratos, moradores do Parque Residencial D’Abril, na zona leste, uniram-se para oferecer abrigo e tratamento médico. Eles fazem campanhas em busca de auxílio e de um novo lar para os animais. Muitos atuam efetivamente como protetores de animais.

“Os cachorrinhos ficam felizes só de receberem ração, água ou mesmo carinho. Já ajudei a resgatar cachorros vítimas de violência, gata prenha e filhotes de cães abandonados até na beira de rio”, afirma a moradora Simone Ferreira.

Ela explica que, após resgatar os bichos, ela e outros moradores procuram um ambiente seguro para abrigar os animais, buscam auxílio veterinário e apoio de outros moradores e organizações de defesa animal para encontrar um novo lar para o bicho.

Simone recorda duas histórias, uma delas já com final feliz. “Com a ajuda da minha prima e de sua sogra, conseguimos resgatar uma cachorrinha que, embora morasse em uma casa, não recebia cuidados médicos e nem alimentação. Os donos aceitaram doá-la. Depois de levarmos ao veterinário, a Belinha encontrou um lar amoroso, como ela merece. Está super bem e agora atende por Berlinda. Outro caso recente é da Filó. Ela apanhava do dono quando ele chegava alcoolizado. Ela foi resgatada por moradores e precisou de tratamento veterinário”, disse Simone.

“A Filó foi encontrada na rua por um menino de 14 anos, ainda filhote, só que a mãe dele não aceitou e o irmão dela pegou a Filó para cuidar, mas como ele é alcoólatra, toda vez que chegava bêbado batia nela e mal dava comida. Se ela fizesse cocô no quintal, ele batia nela. Um absurdo”, destaca texto em grupo criado no WhatsApp por moradores que tentam ajudar a cadelinha.

Ainda na zona leste da capital paulista, moradora relata que há um cachorro perdido na Rua Irmão Deodoro, 912, na Vila Princesa Isabel.

“Preciso de ajuda. Esses dias apareceu um cachorro aqui na minha porta. Ele chegou machucado. Estou dando água e comida. Não sei de onde ele veio. Já procurei o dono, mas não o encontrei. Estou cuidando dele do jeito que posso, mas se chover não tem onde ficar. Ele precisa de um lar”, disse uma jovem que está cuidando do cão.

CRIME
Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, o abuso ou maus-tratos de animais é considerado crime ambiental, conforme determina a Lei nº 9.605/98, sujeito à detenção de três meses a um ano, além de multa.

Em 2018 foram apreendidos 49.527 animais silvestres e domésticos no Estado de São Paulo e aplicadas 13.784 multas; já em 2017, foram emitidas 12.510 penalidades e 34.454 animais apreendidos.

A aposentada Marilda Araújo também lamenta os maus-tratos aos animais. Ela coloca água e ração para cães que costumam passar em frente a sua casa. “Tem uns cinco cães. Sempre coloco ração e água. Fico com pena porque muitos só querem carinho”, diz a moradora que já tem dois cachorros e mesmo assim ainda tenta ajudar outros animais.

Em pontos de táxi e postos de gasolina, geralmente há uma casinha e vasilhas ao lado dos animais “adotados” por taxistas e frentistas. “A gente toma conta deles e eles acabam fazendo companhia para a gente enquanto aguardamos a chegada de clientes”, disse o taxista Nildo Sampaio.

A reportagem visitou algumas ruas do bairro Vila Síria, na zona leste, e observou que alguns moradores costumam dar água e ração para os animais de rua. Alguns já são conhecidos do bairro, outros apenas de passagem aproveitam para fazer “uma refeição”.

“A Laila e a Menina são duas cachorrinhas do bairro. Elas têm donos, mas ficam na rua a maior parte do tempo. Elas são alimentadas pelos moradores e comerciantes da rua. Tem vezes que elas aparecem apenas para receber um pouquinho de atenção. Quem tem animal de estimação deveria entender que ele precisa de carinho e cuidados com a alimentação e a saúde. Não dá para pegar um cachorro, por exemplo, e simplesmente abandoná-lo, quando não o quiser mais”, ressalta moradora que preferiu não se identificar.

Vale lembrar que existe um serviço de defesa de cães e gatos. Os moradores de 39 municípios da Grande São Paulo e da capital paulista podem fazer denúncias pelo telefone 0800 600 6428. Antes, as denúncias eram feitas pelo telefone 190 da Polícia Militar.

Em casos de maus-tratos, o animal será acolhido pelo Resgate PET que fará os primeiros atendimentos médicos veterinários e o levará a um abrigo. Assim que conseguirem ter a saúde restabelecida e com autorização judicial, os pets poderão encontrar uma nova família por meio das feiras de adoção.

MANCHINHA
Relembre: A morte de um cachorro em dezembro gerou uma onda de protestos contra o Carrefour. Imagens de uma câmera de segurança obtida pela Delegacia de Meio Ambiente de Osasco, na Grande São Paulo, mostrou o momento em que um homem usou uma barra metálica para agredir um cãozinho do Carrefour. A pessoa, identificada como um segurança terceirizado da loja, acertou o animal com um golpe e rasgou sua coxa traseira. O ferimento fez com que o cãozinho “Manchinha”, como era conhecido, ficasse sangrando. Ele não resistiu aos ferimentos.

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  • Data: 27/06/2019 05:06
  • Alterado:27/06/2019 17:06
  • Autor: Redação ABCdoABC
  • Fonte: Estadão Conteúdo









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