João Pereira, o carioca que brilha no futebol do Catar
Com cinquenta e quatro anos o preparador físico carioca vive há doze anos no Catar, onde presta serviços para o Al Arabi e não pensa em voltar ao Brasil
- Data: 21/12/2022 12:12
- Alterado: 15/08/2023 13:08
- Autor: Luciano Luiz
- Fonte: ABCdoABC
João Pereira
Crédito:Divulgação
Mais um brasileiro talentoso que recebeu uma oportunidade profissional e soube aproveitar para mudar sua vida e de sua família. Esse é João Pereira, aquele cara gente boa de fala tranquila e coração aberto para trabalhar e fazer sempre o bem para o próximo. Evangélico ele segue sua religião sem nenhum problema com cultos semanais em uma nação onde predomina o islamismo, porém a espaços para que todos sigam suas convicções religiosas com absoluto respeito.
João além de preparador físico também é massagista e consegue utilizar suas atribuições profissionais em um nível excelente dentro do futebol local. Hoje vive tranquilo em sua casa ao lado da esposa e três filhos, um de vinte e oito anos e dois gêmeos de dezoito. Os três jogam futebol e estão em franca evolução em suas carreiras, inclusive com grande chance de defenderem a seleção local em um futuro próximo por conta do processo natural de renovação que a Associação de futebol do Catar irá implantar a partir do próximo ano.
Encontrei com ele para um descontraído bate papo onde falou sobre a sua chegada e estada no país, a evolução e funcionamento do futebol e sus perspectivas para o futuro.
Luciano Luiz: Fale sobre a sua chegada no Catar.
João Pereira: Cheguei aqui no Catar em 2010 com dois amigos, Leandro e Luizinho, onde fomos para a comissão técnica do Al Shamal, fiquei até 2018 e depois fui para a seleção do Catar onde trabalhei com a olímpica e a sub 17 e 2019 fui transferido para o Al Arabi , onde estou até hoje.
LL: Como é trabalhar com os atletas do Catar em relação comparativa aos brasileiros onde estava acostumado a trabalhar?
JP: É bem diferente trabalhar aqui, pois os jogadores locais não tem uma educação alimentar na base e no momento da transferência da mudança para o profissional eles enfrentam sérios problemas físicos, pois a musculatura é fragilizada e a dinâmica muscular é bem mais intensa e isso gera muitas lesões.
LL: Jogador tradicionalmente não é muito fã de atividade física no Brasil e no Catar como é o comportamento deles em relação as atividades que você passa?
JP: Aqui não é diferente, os atletas locais principalmente jogam por diversão, pois já tem o trabalho deles e uma vida pessoal tranquila. Não é como no Brasil que o jogador busca o caminho do futebol para ajudar a família. Mas tem alguns que por verem os estrangeiros trabalhando buscam algo específico com um personal em academias e tentam um melhor rendimento técnico e físico. Antes era bem pior, mas ainda é um pouco diferente do que temos no Brasil.
LL: O que você pode falar sobre o nível do futebol interno do Catar?
JP: Olha Luciano, o nível de competitividade já foi muito pior no passado, mas eles cresceram demais na parte técnica e na parte tática, além da estrutural que é muito boa. Estão em uma evolução grande, mesmo estando abaixo do que existe no Brasil e na Europa. Temos um resultado importante que foi o título da Copa da Ásia em 2019, uma consequência de um trabalho muito grande desenvolvido na academia de futebol da seleção que envolve a união entre todas as categorias.
LL: O quanto a realização da Copa do Mundo no país vai impactar na evolução do futebol no Catar?
JP: Eu acredito muito nisso, pois eles investiram demais em infraestrutura, desde os estádios que são maravilhosos, mas também ao transporte público local e toda a cidade que cresceu também. E com esse término da Copa do Mundo agora eles poderão passar a investir mais no futebol local também.
LL: Como morador do país, o que viu da Copa e qual foi sua impressão de tudo?
JP: Olha Luciano, eu anteriormente conversando com amigos e família, nós tínhamos uma certa resistência que seria uma Copa do Mundo de sucesso, pois o país é muito pequeno e achávamos que o metrô não ia suportar a demanda, mas o que vimos foi um absoluto sucesso. Uma Copa muito organizada onde não tivemos trânsito nas vias, o metrô funcionou de uma forma excepcional para todo mundo.
LL: Me fale do orgulho que você tem em morar no país e a satisfação dos seus doze anos no Catar.
JP: É um país muito bom que recebeu eu e minha família muito bem. Todos nós sabemos que o início é difícil em qualquer lugar que você vai morar fora de casa, mas aqui sempre forneceu toda a estrutura para que minha família vivesse com total tranquilidade. Eu estou muito feliz aqui e não penso em sair mais daqui, pois minha esposa e meus três filhos também estão bem satisfeitos no Catar.
LL: Existe a possibilidade de vermos os seus filhos no futuro defendendo a seleção do Catar?
JP: Eu acredito que sim, pois o período grande que aguardamos não foi por falta de técnica ou qualidade, mas sim por conta da lei local para estrangeiros e agora com essa condição que foi dada aos três eles poderão ter mais liberdade para trabalharem e evoluírem ainda mais. Sei que pai é sempre suspeito para falar, mas os três são bastante elogiados há anos por seus treinadores. O mais velho é lateral esquerdo e os gêmeos são um atacante e outro volante. Tenho certeza que a partir de agora o futebol deles irá crescer ainda mais.
Este é João Pereira, mais um filho do futebol brasileiro, deste futebol de milhões, mas acima de tudo de realizações. Esporte que muitas vezes ilude, mas em sua plenitude abre portas para aqueles que realmente a ele se entrega
Que possamos em breve contar mais grandes histórias do João Pereira e de seus filhos.
Sucesso a Família Pereira no Catar e segue o jogo !!!